ESTRUTURA ECLESIAL E URGÊNCIAS PARA A
EVANGELIZAÇÃO
Por padre Zé Teixeira*
Em reuniões da Região Episcopal e noutras, se
pergunta o que a paróquia faz e se escolheu as pessoas para as urgências. Sinto
haver certa dificuldade em distinguir/conjugar estrutura (organização) eclesial
pastoral e urgências que são caminhos para a evangelização.
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Usa-se indistintamente (paralelamente) a palavra
“Articulação”: Articulação das pastorais, articulação dos ministérios, dos
movimentos, articulação das Urgências. O Conselho da Região é assim formado com
representações dessas articulações e mais ainda com os representantes dos
Conselhos paroquiais e áreas pastorais. E qual o critério para a formação da
Coordenação da Região?
Todas as articulações referidas têm o mesmo peso
e importância, ou existe alguma “hierarquia” (organograma) entre as mesmas?
Devemos criar equipes das urgências ou “direcionar”, orientar, dar uma formação
aos nossos Agentes, organizar uma pastoral orgânica de conjunto, para que todos
“se ponham a caminho” das Urgências?
Além das pastorais ativas e organizadas de forma
permanente ainda é preciso mais cinco representantes das urgências, urgências
que são “cinco caminhos apontados para que toda a Igreja realize a missão de
evangelizar”?
Evangelizar é a finalidade, a missão permanente
da Igreja. A Igreja existe para evangelizar; nasce da missão e vive para a
missão. Objetivo será o que queremos atingir ou alcançar com a evangelização em
determinado prazo, tempo e lugar. Finalidade é uma coisa, objetivo é outra
coisa.
“As Diretrizes são rumos que indicam o caminho a
seguir, abordando aspectos prioritários da ação evangelizadora, princípios
norteadores e urgências irrenunciáveis…” (DGAE 2). “Estas Diretrizes apontam
para o compromisso evangelizador da Igreja no Brasil … manifestam, através das
cinco urgências, o caminho discernido, à luz do Espírito Santo, como resposta a
este tempo de profundas transformações” (DGAE 139).
Estrutura pastoral é algo construído, organizado,
fundamental, estável, sustentação de todo o edifício ou corpo eclesial. Podemos
tirar ou alterar uma que outra parede secundária e abrir mais janelas e portas
missionárias, mas mantendo a estrutura fundamental. Mudam-se termos, linguagem –
planos, diretrizes, linhas, dimensões, prioridades, urgências… – mas é
necessário manter a “casa habitada de portas abertas para ir e vir da comunhão
para a missão e da missão para a comunhão”.
Cada “Casa” – paróquia, área ou comunidade – tem
o seu perfil ou configuração própria, mas em geral começamos a falar uma
linguagem comum: “Paróquia, comunidade de comunidades”. Entende-se assim que
haja em sua organização assembleias paroquiais, conselhos paroquiais com
representações de todas as comunidades e conselho de cada comunidade com
representações de todos os grupos, pastorais, equipes, movimentos, serviços,
etc. Estes conselhos poderão ser chamados de “conselhos de animação pastoral
missionária”. É a este conjunto organizativo – pastoral orgânica de conjunto –
que devemos formar e direcionar para os caminhos das urgências.
Desde 2006 a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus
realiza encontros de formação missionária e organiza semanas de Visitas
Missionárias; algumas vezes aconteceram 2 semanas: na semana do Pentecostes e no
mês de outubro. Formamos uma “equipe missionária”, mas durou pouco tempo. Porque
o importante era fazer toda a paróquia missionária.
Nos últimos anos existe em janeiro um Curso de
Formação geral (obrigatório) para os Agentes de Pastoral orientado para a
COMUNHÃO (relacionamento, integração, sacramentos e vivência eclesial); para a
MISSÃO (consciência, espiritualidade missionária e capacitação para as visitas
missionárias); para o COMPROMISSO sociopolítico (formação política, campanhas,
caminhadas, serviços, assistência aos necessitados). Durante o ano existem
outros eventos, encontros, cursos, semanas de aprofundamento sobre Bíblia,
Liturgia, Família, Social, etc.
Ao longo destes anos vamos mudando a consciência,
mentalidade e linguagem reorientando as respectivas atividades. Por exemplo: Não
se fala em catequese para a Eucaristia, catequese para a Crisma… mas catequese
com crianças, com jovens, com adultos (e outras pastorais) PARA A INICIAÇÃO À
VIDA CRISTÃ; estamos tentando que as celebrações de 1ª Comunhão, Crisma e outras
não coincidam com o fim de ano letivo e férias para evitar a ideia de que a
caminhada terminou.
“Não se confessa para a Crisma”. Durante a
catequese com jovens as turmas de crismandos já vão animando celebrações
eucarísticas, são incentivados a vivenciarem o sacramento da reconciliação em
sua caminhada e se procura saber de sua participação nas celebrações. E porque
se vão iniciando na vida cristã é que em determinada data “confirmam”
(celebração da Crisma) a sua vida cristã eclesial. Antes da Celebração da Crisma
alguns grupos já ficam organizados para depois continuarem como jovens da
pastoral da juventude. É claro que o resultado não é 100% mas tem um pouco de
sonho e outro tanto de realidade.
Todos os grupos, pastorais, equipes e movimentos
em forma de rodízio animam as Celebrações desde a Infância Missionária à
Pastoral Familiar. Nas catequeses com crianças, jovens e adultos é obrigatório
levar a Bíblia para os encontros. E nas reuniões normais de cada grupo ou equipe
se incentiva a sempre ter uma leitura bíblica.
As assembleias paroquiais e outros eventos
gerais, o conselho paroquial mensal, o conselho mensal de cada comunidade, as
festas dos padroeiros de cada comunidade, em que as outras comunidades
participam, estas são motivadas e direcionadas para a vivência de uma “Paróquia,
Comunidade de Ccomunidades”.
A insistência na formação sociopolítica, a semana
social, grito dos excluídos, as cestas básicas entregues na 1ª semana de cada
mês e as visitas aos lugares mais afastados são preocupações constantes pela
vida e mudança social.
Atualmente se valorizam e se multiplicam visitas
de todo o tipo: Aos domingos os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão
levam a Comunhão, mas também veem a situação da família e são incentivados a
arrumar a casa ou limpeza em outro dia de visita; na segunda-feira o Terço dos
Homens e outras pessoas de grupos de evangelização visitam; quarta-feira algumas
pessoas por iniciativa própria visitam pessoas da periferia, ocupações junto ao
trilho; no 1º domingo do mês se recolhem alimentos nas celebrações e nessa mesma
semana são levados às pessoas necessitadas previamente visitadas; as catequeses
visitam os familiares, pastoral de batismo visita, pastoral familiar visita.
Cada Comunidade está organizando e realizando um
dia por mês para visita missionária que se torna também social aonde a gente se
vai conhecendo (conhece e se dá a conhecer criando laços de partilha e
amizade).
Com certeza que as urgências estão presentes no
conjunto da caminhada. Não nos estruturamos para as urgências, mas integramos as
urgências na formação e organização eclesial pastoral missionária existente. No
passado eram prioridades, hoje são urgências, amanhã poderá ter outro nome ou
diretriz. Se tivermos uma igreja organizada, formada e ativa podemos “ir a
qualquer lado” conforme a orientação que surja.
Assim cantamos: “Unidos pela força da oração,
ungidos pelo Espírito da missão, vamos juntos construir uma igreja em ação”.
Caucaia, 5 de março de 2014.
*Pároco do Sagrado Coração de Jesus, em Nova
Metrópole – Caucaia
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