sexta-feira, 21 de março de 2014

[URGÊNCIAS] A Casa e os caminhos da Igreja

A CASA E OS CAMINHOS DA IGREJA
ESTRUTURA ECLESIAL E URGÊNCIAS PARA A EVANGELIZAÇÃO
Por padre Zé Teixeira*
Em reuniões da Região Episcopal e noutras, se pergunta o que a paróquia faz e se escolheu as pessoas para as urgências. Sinto haver certa dificuldade em distinguir/conjugar estrutura (organização) eclesial pastoral e urgências que são caminhos para a evangelização.

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Usa-se indistintamente (paralelamente) a palavra “Articulação”: Articulação das pastorais, articulação dos ministérios, dos movimentos, articulação das Urgências. O Conselho da Região é assim formado com representações dessas articulações e mais ainda com os representantes dos Conselhos paroquiais e áreas pastorais. E qual o critério para a formação da Coordenação da Região?
Todas as articulações referidas têm o mesmo peso e importância, ou existe alguma “hierarquia” (organograma) entre as mesmas? Devemos criar equipes das urgências ou “direcionar”, orientar, dar uma formação aos nossos Agentes, organizar uma pastoral orgânica de conjunto, para que todos “se ponham a caminho” das Urgências?
Além das pastorais ativas e organizadas de forma permanente ainda é preciso mais cinco representantes das urgências, urgências que são “cinco caminhos apontados para que toda a Igreja realize a missão de evangelizar”?
Evangelizar é a finalidade, a missão permanente da Igreja. A Igreja existe para evangelizar; nasce da missão e vive para a missão. Objetivo será o que queremos atingir ou alcançar com a evangelização em determinado prazo, tempo e lugar. Finalidade é uma coisa, objetivo é outra coisa.
“As Diretrizes são rumos que indicam o caminho a seguir, abordando aspectos prioritários da ação evangelizadora, princípios norteadores e urgências irrenunciáveis…” (DGAE 2). “Estas Diretrizes apontam para o compromisso evangelizador da Igreja no Brasil … manifestam, através das cinco urgências, o caminho discernido, à luz do Espírito Santo, como resposta a este tempo de profundas transformações” (DGAE 139).
Estrutura pastoral é algo construído, organizado, fundamental, estável, sustentação de todo o edifício ou corpo eclesial. Podemos tirar ou alterar uma que outra parede secundária e abrir mais janelas e portas missionárias, mas mantendo a estrutura fundamental. Mudam-se termos, linguagem – planos, diretrizes, linhas, dimensões, prioridades, urgências… – mas é necessário manter a “casa habitada de portas abertas para ir e vir da comunhão para a missão e da missão para a comunhão”.
Cada “Casa” – paróquia, área ou comunidade – tem o seu perfil ou configuração própria, mas em geral começamos a falar uma linguagem comum: “Paróquia, comunidade de comunidades”. Entende-se assim que haja em sua organização assembleias paroquiais, conselhos paroquiais com representações de todas as comunidades e conselho de cada comunidade com representações de todos os grupos, pastorais, equipes, movimentos, serviços, etc. Estes conselhos poderão ser chamados de “conselhos de animação pastoral missionária”. É a este conjunto organizativo – pastoral orgânica de conjunto – que devemos formar e direcionar para os caminhos das urgências.
Desde 2006 a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus realiza encontros de formação missionária e organiza semanas de Visitas Missionárias; algumas vezes aconteceram 2 semanas: na semana do Pentecostes e no mês de outubro. Formamos uma “equipe missionária”, mas durou pouco tempo. Porque o importante era fazer toda a paróquia missionária.
Nos últimos anos existe em janeiro um Curso de Formação geral (obrigatório) para os Agentes de Pastoral orientado para a COMUNHÃO (relacionamento, integração, sacramentos e vivência eclesial); para a MISSÃO (consciência, espiritualidade missionária e capacitação para as visitas missionárias); para o COMPROMISSO sociopolítico (formação política, campanhas, caminhadas, serviços, assistência aos necessitados). Durante o ano existem outros eventos, encontros, cursos, semanas de aprofundamento sobre Bíblia, Liturgia, Família, Social, etc.
Ao longo destes anos vamos mudando a consciência, mentalidade e linguagem reorientando as respectivas atividades. Por exemplo: Não se fala em catequese para a Eucaristia, catequese para a Crisma… mas catequese com crianças, com jovens, com adultos (e outras pastorais) PARA A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ; estamos tentando que as celebrações de 1ª Comunhão, Crisma e outras não coincidam com o fim de ano letivo e férias para evitar a ideia de que a caminhada terminou.
“Não se confessa para a Crisma”. Durante a catequese com jovens as turmas de crismandos já vão animando celebrações eucarísticas, são incentivados a vivenciarem o sacramento da reconciliação em sua caminhada e se procura saber de sua participação nas celebrações. E porque se vão iniciando na vida cristã é que em determinada data “confirmam” (celebração da Crisma) a sua vida cristã eclesial. Antes da Celebração da Crisma alguns grupos já ficam organizados para depois continuarem como jovens da pastoral da juventude. É claro que o resultado não é 100% mas tem um pouco de sonho e outro tanto de realidade.
Todos os grupos, pastorais, equipes e movimentos em forma de rodízio animam as Celebrações desde a Infância Missionária à Pastoral Familiar. Nas catequeses com crianças, jovens e adultos é obrigatório levar a Bíblia para os encontros. E nas reuniões normais de cada grupo ou equipe se incentiva a sempre ter uma leitura bíblica.
As assembleias paroquiais e outros eventos gerais, o conselho paroquial mensal, o conselho mensal de cada comunidade, as festas dos padroeiros de cada comunidade, em que as outras comunidades participam, estas são motivadas e direcionadas para a vivência de uma “Paróquia, Comunidade de Ccomunidades”.
A insistência na formação sociopolítica, a semana social, grito dos excluídos, as cestas básicas entregues na 1ª semana de cada mês e as visitas aos lugares mais afastados são preocupações constantes pela vida e mudança social.
Atualmente se valorizam e se multiplicam visitas de todo o tipo: Aos domingos os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão levam a Comunhão, mas também veem a situação da família e são incentivados a arrumar a casa ou limpeza em outro dia de visita; na segunda-feira o Terço dos Homens e outras pessoas de grupos de evangelização visitam; quarta-feira algumas pessoas por iniciativa própria visitam pessoas da periferia, ocupações junto ao trilho; no 1º domingo do mês se recolhem alimentos nas celebrações e nessa mesma semana são levados às pessoas necessitadas previamente visitadas; as catequeses visitam os familiares, pastoral de batismo visita, pastoral familiar visita.
Cada Comunidade está organizando e realizando um dia por mês para visita missionária que se torna também social aonde a gente se vai conhecendo (conhece e se dá a conhecer criando laços de partilha e amizade).
Com certeza que as urgências estão presentes no conjunto da caminhada. Não nos estruturamos para as urgências, mas integramos as urgências na formação e organização eclesial pastoral missionária existente. No passado eram prioridades, hoje são urgências, amanhã poderá ter outro nome ou diretriz. Se tivermos uma igreja organizada, formada e ativa podemos “ir a qualquer lado” conforme a orientação que surja.
Assim cantamos: “Unidos pela força da oração, ungidos pelo Espírito da missão, vamos juntos construir uma igreja em ação”.
Caucaia, 5 de março de 2014.
*Pároco do Sagrado Coração de Jesus, em Nova Metrópole – Caucaia

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