MARIA NO EVANGELHO DE MATEUS

SINOPSE:

    Mateus (também chamado de Levi), um dos Doze apóstolos, foi sem dúvida um judeu que também era publicano romano.
    Mateus escreveu o seu evangelho por volta do ano 70 d.C. Tinha como destinatários principalmente os judeus. Este ponto de vista está confirmado pelas referencias às profecias hebraicas, cerca de sessenta, e pelas aproximadamente quarenta citações do Antigo Testamento.
Ressalta especialmente a missão de Cristo aos judeus.
    A intenção de Mateus é a de mostrar que Jesus foi o Messias prometido no Antigo Testamento através do cumprimento das promessas feitas a Abraão e a Davi, passando por todos os profetas.
    Maria é apresentada como a mãe virginal de Jesus que o concebe pela ação do Espírito Santo sem intervenção humana, mostrando a gratuidade da iniciativa divina.
    O Evangelho de Mateus amplia bastante a imagem de Maria.

Ela aparece na narrativa da origem e da infância de Jesus (Mt 1-2) e em alguns textos referentes à vida pública de Jesus (Mt 12, 46-50 e Mt 13, 53-58).

I - GENEALOGIA DE JESUS (Mt 1, 1-25)

    Primeiramente o objetivo desta genealogia é o de mostrar que Jesus descende de Abraão e Davi e que, portanto, Ele herda as promessas feitas a esses dois patriarcas de Israel. De Abraão, a promessa da numerosa descendência (Gn12); de Davi, a promessa da eterna realeza (2Sam7).
    A genealogia de uma pessoa e de uma família tinha enorme importância jurídica e trazia conseqüências para a vida social e religiosa. A pureza de uma linha genealóg
ica dava participação ao descendente nos méritos de seus antepassados.
    Mateus remonta a origem de Cristo a partir de Abraão passando por todas as gerações até chegar a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus. Esse elenco de nomes que vai de Abraão a Cristo é subdividido em três grupos e cada grupo abrange 14 gerações:

1o grupo: de Abraão a Davi
2o grupo: de Davi a Jeconias ( exílio na Babilônia)
3o grupo: de Jeconias a Cristo

A grande novidade nesta descrição genealógica que passou de geração em geração foi a intervenção da Providencia Divina através do Espírito Santo na geração de Jesus por Maria.


Se antes o encadeamento paterno era o elemento fundante na genealogia, aqui nós temos agora uma ruptura visível e explicita: apesar de pertencer a descendência de Abraão e sucessão, José não é o pai biológico de Jesus. Assim, a mensagem do relato resume-se em: o nascimento de Jesus se deve à ação do Espírito Santo em Maria. Mostra que Jesus, o Messias esperado, é fruto da intervenção divina que gratuitamente irrompe a história da humanidade e oferece o seu filho para a salvação do seu povo.

José ao receber Maria em sua casa e assumir Jesus dando-lhe o nome (de Jesus), sela definitivamente o vínculo histórico da descendência messiânica. Por outro lado revela a concepção virginal de Jesus.



Mt 2, 10-23: ADORAÇÃO DOS MAGOS E FUGA PARA O EGITO

Nas cenas (adoração dos Magos e Fuga para o Egito) se repete várias vezes "o menino e sua mãe" (v.13, v.14, v.20) . Isso reforça a real maternidade de Maria não aludindo à "paternidade real" de José.


II - MARIA NA VIDA PÚBLICA DE JESUS.

Apesar de usar a mesma fonte de Marcos quando fala de Maria e dos "irmãos de Jesus" e a cena da casa e da rejeição em Nazaré, Mateus interpreta num outro sentido.



1) Mt 12, 46-50: a família de Jesus e os seguidores

2) Mt 13, 53-58: O profeta rejeitado em sua pátria

Mateus substitui aqui o "filho de Maria" que aparece em Marcos por "filho do carpinteiro" e suprime a palavra "parentes".

Há dois motivos fundamentais nestas mudanças operadas por Mateus:


a)Tiago, que aparece como sendo "o irmão do Senhor" que na verdade é primo de Jesus, é um membro ativo na comunidade atual onde Mateus vive (composta de natureza judeu-cristã)

b)Mateus parece ter uma idéia bem clara sobre a concepção virginal de Maria

Com isso tudo, fica claro que Maria é vista como mãe virginal do Messias, por ação do Espírito Santo.

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