Por padre Geovane Saraiva*
O contexto do Evangelho apresenta Jesus
já cansado do caminho, desejando um momento de parada, sentando-se junto
ao poço de Jacó. Logo chega uma mulher para buscar água, pertencente a
uma população inclinada ao paganismo, estigmatizada pelo desprezo dos
judeus. O Mestre de Nazaré inicia um espontâneo, rico e inigualável
diálogo com a mulher samaritana, marcado de grande e profunda ternura!
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A samaritana representa a humanidade
sedenta, que em meio aos apelos de expressão e liberdade, encontra um
poço para que dele possa tirar água; que possa romper barreiras, as
quais impedem as pessoas de se relacionarem e conviverem em todos os
campos da vida humana, em toda sua plenitude. Aprendamos da samaritana,
ao fazer uma opção pelo dom da vida em Deus. De um “Deus que nunca cansa
de perdoar, somos nós que nos cansamos de pedir perdão”, na afirmação
do Papa Francisco.
Na estrada exigente da vida, diversas
são as circunstâncias, nas quais se nos apresentam as forças do mal. Mas
a fé é o indicador a nos dizer que temos que vencê-las, de que
necessitamos de novo vigor, de modo especial na celebração da
eucaristia, Jesus se revelando água viva a saciar nossa sede, a renovar
toda nossa existência.
Somos chamados a dar graças ao bom Deus
pelas maravilhas do seu amor misericordioso e infinito, em favor da
humanidade, ao nos colocar em estreita comunhão com ele, irmãos e irmãs,
conscientes que somos filhos do mesmo Pai que está nos céus. A sede e a
fome de Deus no seu projeto de amor fazem-nos filhos desejosos em
buscar água viva e o alimento que permanecem, ao realizar a vontade do
Pai, no dizer de Dom Helder Câmara: Angelorum esca nutrivisti populum
tuum – teu povo se alimenta do pão do céu.
Que a nossa fé ajude-nos a pensar bem,
no sentido de darmos a devida importância, na sua grandeza
incomensurável, em perseguir sempre e cada vez mais, a necessidade de se
saciar na fonte da verdadeira água: Jesus de Nazaré. Água é vida, a
água mata a nossa sede e, além de representar a vida, tira nossa sujeira
do corpo. Jesus desceu do céu e veio habitar entre nós, com a missão de
cumprir o projeto que de seu Pai recebeu, andando de lugar em lugar
fazendo o bem a todos. Eis um exemplo concreto, no encontro com a
samaritana.
Jesus ao pedir à samaritana que lhe
desse de beber, de acordo com o Evangelho de João, retribui-lhe com
presente mais elevado, inexprimível e indivisível, o dom da fé e de
crer. Matando-lhe a sede de fé e de esperança e acrescentando ainda
mais, a mística do fogo do amor (cf. Jo 5-45), com a energia para
atravessar mares e desertos inerentes à própria existência.
Oxalá, saibamos ouvir a voz de Deus, de
não fechar o nosso coração, para que, a exemplo da samaritana, nosso
diálogo com o Filho de Deus seja sempre mais estreito e profundo. Ele,
fonte da vida, oferecendo-nos como presente o alimento da vida eterna,
dom maravilhoso da fé e da esperança, quer de nós aquele belo e sincero
vínculo, pelo qual sorvemos deste âmbito bíblico: de adorá-lo em
espírito e verdade. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza,
escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado
Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de
Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com
FONTE: ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA
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