O primeiro Papa jesuíta da história é um homem
profundamente livre, que desse dom maravilhoso de Deus – a liberdade, representa
uma revolução na Igreja Católica. No seu sábio projeto de bem governar à Igreja,
encarnando-a e entrelaçando-a numa Igreja marcada pela ternura, humildade e
simplicidade, sem, contudo esquecer sua realidade esplendorosa, transcendente e
gloriosa, dentro da visão apocalíptica, quando autor sagrado nos acena para a
Jerusalém celeste, que é a casa de Deus cheia de glória, no sólido ensinamento
do Apóstolo Paulo, a nos dizer que o “Filho de Deus, que era rico, se fez pobre
para vos enriquecer com sua pobreza“ (2Cor 8, 9).
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A palavra de Deus nos ensina a descobrir o
sentido da vida, em tudo aquilo de que necessitamos para viver, colocando dentro
de nós, no nosso interior a luz Cristo, no caminho que temos que percorrer, a
exemplo daquele que é o pai espiritual do nosso querido Papa Francisco, que
neste dia 31 de julho a Igreja celebra sua entrada na glória, Santo Inácio de
Loyola (1491-1556), grande mestre da oração, fundador da Companhia de Jesus,
pregador e pastor do povo de Deus, que nos ajuda a recordar que é importante uma
fé confiante e absoluta, ensinando-nos também a compreender que a graça de Deus
nos torna pessoas livres, diante do projeto que Deus Pai, coloca em nossas mãos
como missão, para o bem do próximo, no exemplo do nosso Augusto Pontífice. E
ainda mais, que na sua condição de pai espiritual, nos mostra que a misericórdia
divina caminha ao encontro daqueles que buscam o conhecimento de Deus, na
contemplação, na oração e na meditação.
As pessoas, ávidas de querer saber o sentido do
bem e do mal, alegria e tristeza, bem estar e sofrimento, vida e morte, muitas
vezes se sentem perdidas e vazias, mesmo nos dias atuais, e não encontram uma
explicação plausível, nesta vida, tão marcada pelo inseparável dualismo. Mas o
próprio Deus, que suscitou em sua Igreja a figura de Inácio de Loyola, para
propagar a glória de seu nome, e ao mesmo tempo, ensinar combater as ciladas do
inimigo e ultrapassar os desafios, sofrimentos e dúvidas, nos ajuda a encontrar
respostas para tais interrogações.
Aqui estamos diante de homem de Deus, que entre
poucos, teve uma influência tão vasta e gigantesca no decorrer da história da
Igreja e da sociedade em geral, de maneira luminosa, colocando sua inteligência
e projeto de vida a serviço da humanidade, Santo Inácio de Loyola. Ele que
nasceu na Espanha e viveu de (1491-1556), primeiramente na corte e no seguimento
da carreira militar. Depois, enquanto se restabelecia dos sofrimentos de uma
batalha, dedicou-se à leitura da vida do Filho de Deus, que o seduziu, a ponto
de tomar a decisão de consagrar-se, viver totalmente para ele, escolhendo como
lema e projeto de vida: – Ad maiorem Dei gloriam – “Tudo para a maior glória de
Deus” (1Cr 10, 31).
Foi por ocasião de uma peregrinação à terra
santa, viagem profundamente abençoada, num clima a lhe favorecer a penitência,
que ao voltar à Espanha, sua terra natal, percebeu sua utilidade na construção
do Reino de Deus. Já com trinta anos, entregou-se aos estudos das línguas, da
Filosofia e da Teologia, primeiro em sua própria pátria. E em seguida, foi ao
maior centro cultural de seu tempo, a França, estudar na Universidade de
Paris.
O jovem Inácio de Loyola voltou-se para Deus, na
meditação dos mistérios divinos, também na solidão, privações, angústias e,
consequentemente, no sofrimento, procurou traçar as linhas gerais de seu livro
de oração, os “Exercícios Espirituais”, tornando-o depois, o código de ascese e
de austeridade dos cristãos em todo mundo.
Em Paris reuniu os seis primeiros companheiros e
mais tarde, em 1534, fundou a Companhia de Jesus (padres jesuítas), para a maior
glória de Deus e o serviço da Igreja, em obediência ao Sucessor de Pedro.
Promoveu a catequese e o apostolado missionário e teve entre seus primeiros
seguidores São Francisco Xavier, apóstolo do Oriente e padroeiro das missões.
Aqui o Brasil contou, no início de sua história, com a maestria do
Bem-aventurado José de Anchieta, sem jamais esquecer o grande apóstolo e maior
literato XVII, Padre Antônio Vieira, o qual já se comemorou o seu quarto século
de existência (1608-2008), entre outros. Hoje a Igreja Católica louva,
agradecida ao bom Deus, pelo seu chefe supremo, o Papa Francisco, o filho mais
ilustre de Inácio Loyola, santa criatura, a encantar o mundo inteiro, ao mesmo
tempo em procura dar-lhe resposta para os desafios do mesmo, marcado
profundamente pelo egoísmo e todos os seus frutos.
A companhia de Jesus, fiel ao Evangelho e acima
de tudo, movida pela ação do Espírito Santo, com aquela força, mística e energia
divina, floresceu e sua influência foi grandiosa na caminhada da Igreja e no
processo histórico da civilização humana, dentro do ideal e do espírito de seu
fundador, Santo Inácio de Loyola, marcando a nossa história, seja pelos seus
escritos ou pela sua intensa atividade apostólica, muito contribuindo na
instauração do Reino de Deus, na Reforma da Igreja.
Inácio de Loyola abriu novos caminhos, levando a
boa notícia da Salvação por toda extensão da terra, procurando ser fiel ao
apóstolo dos gentios: “Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e
abaixo da terra, e toda língua proclame bem alto, para glória de Deus Pai, que
Jesus Cristo é o Senhor” (Fl 2, 10-11). O Brasil começou a colher os frutos do
seu trabalho, através dos missionários jesuítas, com ele ainda vivo, na
catequese e do apostolado missionário.
A Companhia de Jesus, no seu compromisso de
fidelidade a Jesus Cristo, no anúncio do Evangelho, passou por perseguições no
século XVII, culminando, por razões ideológicas e políticas, com a decisão de
Marquês de Pombal, no ano de 1759, ao decretar a expulsão dos Jesuítas de todos
os territórios portugueses, mas apesar de tudo, superou as adversidades. Eles
foram e continuam sendo um grupo de homens corajosos e determinados na fé –
religiosos e apóstolos, filhos de Santo Inácio, que se encantaram no serviço do
Reino, como Deus Nosso Senhor mesmo disse: “Vim trazer fogo à terra; só desejo
que se acenda” (Lc 12, 49). O grande sonho e desejo de Inácio de Loyola se
concretizou, no maravilhoso e belo trabalho, de levar a boa nova da salvação as
mais longínquas regiões do planeta, a partir do seu lema: “Tudo para maior
glória de Deus”.
Eis um “projeto”, diferenciado dos nossos
projetos. Não raras vezes, nossas decisões e projetos, simplesmente, estão
acompanhados de egoísmo, com a finalidade de enaltecer a nossa própria
autossuficiência e vaidade. Para vivermos bem a vida e motivados, no seguimento
de Jesus de Nazaré, há sim, renúncias e exigências que nascem de Deus e do seu
projeto de amor para conosco e aqui temos como figura exemplar Inácio de Loyola.
Que Deus seja louvado pelo edificante trabalho dos Jesuítas, presença que marcou
profundamente o povo brasileiro e que agora se fortalece nos gestos de
humildade, simplicidade e amor ao próximo, através do Papa Francisco, que acaba
de realizar sua visita missionária ao Brasil, na ocasião da JMJ/2013. Bendito
seja Deus nas suas santas criaturas!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com.
FONTE: http://www.arquidiocesedefortaleza.org.br/atualidades/artigos/francisco-o-ilustre-filho-da-inacio-de-loyola/
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