terça-feira, 30 de julho de 2013

'A viagem do Papa Francisco ao Brasil representou sua recepção pela Igreja da América Latina e Caribe'. Entrevista especial com Pedro Ribeiro de Oliveira

“Francisco pede a seus irmãos bispos que o ajudem a ser o bispo primaz de um colégio de pastores, e não um super-bispo romano com bispos auxiliares em cada diocese do mundo”, assinala o sociólogo.
Confira a entrevista.

Foto de www.diariodocentrodomundo.com.br
 
“A viagem do Papa Francisco ao Brasil representou sua recepção pela Igreja da América Latina e Caribe. Falo de recepção não só como acolhida, mas no sentido forte de uma Igreja continental que diz ‘sim’ ao Papa e se coloca a seu lado para o projeto de reformas que lhe foi pedido pelo conclave antes de sua eleição”, diz Pedro Ribeiro de Oliveira (foto abaixo) à IHU On-Line. Na avaliação dele, os gestos de Francisco em sua visita ao Brasil demonstram que ele separa "sua pessoa do exercício de suas funções como Papa", e insiste "que o lugar dos cristãos – clérigos, religiosas, leigos e leigas – é no espaço público, e não dentro dos templos e sacristias". Entretanto, ressalta, "sinto falta de uma fala mais clara sobre o que deve a Igreja fazer no mundo, mas sabemos todos o que Concílio Ecumênico de 1962-65 diz: trata-se de anunciar e construir o Reino de Deus na história humana".

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Lumen Fidei

Primeira Encíclica do Papa Francisco

 
28/07/2013: Casa Geral
Temos nas mãos a primeira Encíclica do novo Bispo de Roma, Francisco. É uma Encíclica notável onde Francisco assumiu muito do seu predecessor que lhe deixou “um trabalho precioso” (nº 7).
Quais são os grandes rasgos de LUMEN FIDEI? Vejamos apenas quatro eixos principais.
1.  A fé: dom de Deus a ser alimentado
A ideia aparece logo no início da Encíclica (cf. nº 1), mas estende-se ao longo de toda ela. Claro, o dom é Jesus Cristo que vem ao mundo como luz. Crer é aceitar o dom da fé que o nº 19 apresenta como “dom originário e radical” (cf. também nº 12). O acolhimento deste dom tem uma consequência extraordinária: transforma-nos numa criatura nova e o nosso modo de ver as coisas, o mundo e as pessoas será o modo de ver de Jesus. Esse “dom recebido” (nº 22), “dom sobrenatural” (nº 4) levado às últimas consequências, conduz-nos a uma identificação total com Jesus. Vem à nossa mente a frase paulina: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Ga 2, 20).
 
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A conversão através do olhar de um menino pobre

Retiro de Irmãos e Leigos Maristas

 
26/07/2013: Colômbia
O tema do Retiro na Colombia, 02 al 06 de julho del 2013 en Fusagasugá, (Cundinamarca),(para 54 irmãos e 16 leigos maristas), t través do olhar de um menino "A conversão através do olhar de um menino pobre". Partíamos da terceira chamada do nosso XXI Capítulo Geral: "Una presença fortemente significativa entre as crianças e os jovens pobres". A Rede de Espiritualidad Marista de América, designou para animar o retiro Carolina Vargas Godoy, leiga marista, procedente de Chile e ao Irmão Germán Chaves Alonso, procedente de Cuba.
O encontro foi muito rico em conteúdos e em experiencias de vida, de integração e de trabalho de irmãos e leigos, refletindo em torno aos documentos, y “orando a vida”, tendo as crianças no centro do nosso olhar.


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Província Brasil Centro-Sul

Conexão Marista - Projeto Vida Feliz!

 
 
Vivenciamos um encontro vocacional na Província Marista Brasil Centro-Sul chamado Conexão Marista. Em um dos temas trabalhados com os vocacionados foi dito que o Instituto Marista se comunica em quatro línguas oficiais e que está presente em 79 países. Eles, os vocacionados, escreveram uma mensagem para todos os Irmãos e Leigos do mundo Marista.
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Francisco, o ilustre filho da Inácio de Loyola

geovane150Por Padre Geovane Saraiva*.

O primeiro Papa jesuíta da história é um homem profundamente livre, que desse dom maravilhoso de Deus – a liberdade, representa uma revolução na Igreja Católica. No seu sábio projeto de bem governar à Igreja, encarnando-a e entrelaçando-a numa Igreja marcada pela ternura, humildade e simplicidade, sem, contudo esquecer sua realidade esplendorosa, transcendente e gloriosa, dentro da visão apocalíptica, quando autor sagrado nos acena para a Jerusalém celeste, que é a casa de Deus cheia de glória, no sólido ensinamento do Apóstolo Paulo, a nos dizer que o “Filho de Deus, que era rico, se fez pobre para vos enriquecer com sua pobreza“ (2Cor 8, 9).

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sábado, 27 de julho de 2013

O que o Papa Francisco trouxe até agora de novo / O Papa da liberdade de espírito e da razão cordial

Leonardo Boff
FONTE: Adital



26/07/2013
É arriscado fazer um balanço do pontificado de Francisco, pois o tempo decorrido não é suficiente para termos uma visão de conjunto. Numa espécie de leitura de cego que capta apenas os pontos relevantes, poderíamos elencar alguns pontos.
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Os silêncios do Papa Francisco

Pedro A. Ribeiro de Oliveira
Adital

O Papa Francisco visita uma casa na Favela da Varginha

Se o primeiro grande objetivo do Papa é a reforma da Cúria romana, penso que sua estratégia por enquanto é de angariar simpatia da mídia, reforçar alianças, conquistar apoios massivos e, sobretudo, não alvoroçar a oposição – que até o momento está aparentemente quieta. É como no futebol, quando o time joga a partida de ida no campo adversário: reforça o meio-campo para não levar gol. É dentro dessa estratégia que entendo –embora o lamente– sua fala cautelosa durante a visita à comunidade popular da Varginha, no Rio de Janeiro. Francisco "tocou a bola” sem avançar; mas, sem, tampouco, dar espaços aos adversários. Distribuiu sorrisos e abraços, esbanjou simpatia, fez um discurso leve; enfim, fez uma visita pastoral que deixará boas recordações naquele povo sofrido. Perdeu, porém, três ótimas oportunidades para marcar seus gols e definir a partida...

Pontífice usa a cruz para falar dos desafios sociais e dos políticos

 
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Francisco alertou para o desafio da fome. Perto do palco, manifestantes interromperam o show após a Via-Sacra
Rio de Janeiro Marcando a Igreja com seu estilo, o papa Francisco deu ontem à Via Crúcis um sentido político e social. Dos jovens, cobrou uma atitude de "coragem" para mudar o mundo e, com a cruz, desafiar os problemas vividos pela sociedade. "Você é o que lava as mãos, se faz de distraído e vira para o outro lado?", questionou o papa, aludindo à atitude de Pilatos, que lavou as mãos diante da crucificação de Cristo.

O líder da Igreja Católica cobrou dos jovens uma atitude de coragem para mudar o mundo FOTO: REUTERS

"Jesus olha agora e te diz: ´quer ajudar a levar a cruz?", completou. O pontífice levou milhares de jovens para acompanhar a encenação. Hoje, Francisco falará aos políticos brasileiros em um encontro no Theatro Municipal do Rio.

Francisco optou ontem por transformar a cruz e as imagens das estações do sofrimento de Jesus em alusões aos desafios sociais e políticos. "Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos"...

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

PAPA FRANCISCO

Papa visita Hospital São Francisco, que acolhe dependentes químicos



Rio de Janeiro (RV) – Após visitar o Santuário Nacional de Aparecida, o Papa Francisco foi de helicóptero até a Base Aérea de São José dos Campos, onde embarcou num avião até o Aeroporto Santos Dumont. De lá seguiu em carro fechado – devido à chuva - até o Hospital São Francisco, distante 16 km do aeroporto, onde chegou às 16hs20min, sendo calorosamente acolhido pelos presentes, entre eles o Secretário da Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Luiz Cortês da Silveira, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, além de autoridades civis e religiosas.

Protegido por um guarda-chuva, o Papa saudou os inúmeros fiéis que o aguardavam, envolvidos por capas e guarda-chuvas. Após, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, saudou o Pontífice, destacando esta iniciativa – que se une a outras – do Pólo de Atenção Especial à Saúde Mental, que pode receber 70 pessoas em crise de dependência. A seguir, falou o Diretor da Associação ‘São Francisco de Assis na Providência de Deus’, que apresentou a rede de trabalho com os dependentes químicos, formada pela Arquidiocese e por outras entidades e organizações. Dois jovens em recuperação deram o seu testemunho e a seguir, o franciscano coordenador do projeto, fez um efusivo pronunciamento.

O Santo Padre iniciou seu discurso saudando as autoridades civis e religiosas presentes, assim como os membros da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, médicos, enfermeiros, demais profissionais de saúde e os jovens em recuperação. Após, afirmou que “Deus quis que meus passos, depois do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, se dirigissem para um particular santuário do sofrimento humano, que é o Hospital São Francisco de Assis”. E acrescentou:

É bem conhecida a conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem Francisco abandona riquezas e comodidades do mundo para fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria, mas sim seguir a Cristo e servir aos demais; mas talvez seja menos conhecido o momento em que tudo isto se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta enc. Lumen fidei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dificuldade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo. Hoje, neste lugar de luta contra a dependência química, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês - vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também o meu”.

O Papa destacou em seguida a necessidade que todos temos de “aprender a abraçar quem passa necessidade”, citando São Francisco. E observa que no Brasil e no mundo existem tantas situações “que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta contra a dependência química”, denunciando os ‘mercadores da morte’, que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo:

A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor”.

Francisco observa porém, que somente abraçar não é suficiente, mas que “é necessário estender a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e que devemos dizer a quem vive nesta situação, de que é possível sair desta situação e que a própria pessoa é protagonista deste ato:

Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos! A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vocês. Olhem para frente com confiança; a travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias». A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança!”.
A partir daqui, o Santo Padre retoma a parábola do Bom Samaritano – objeto de sua reflexão no Angelus do domingo 14 de julho - que fala de um homem que foi atacado por assaltantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes seguem o seu caminho: não é problema delas! Somente um samaritano, um desconhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e cuida dele , e diz:

Queridos amigos, penso que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do Bom Samaritano. Aqui não há indiferença, mas solicitude. Não há desinteresse, mas amor. A Associação São Francisco e a Rede de Tratamento da Dependência Química ensinam a se debruçar sobre quem passa por dificuldades porque vêem nestas pessoas a face de Cristo, porque nelas está a carne de Cristo que sofre. Obrigado a todo pessoal do serviço médico e auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é precioso! Realizem-no sempre com amor; é um serviço feito a Cristo presente nos irmãos: «Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes» (Mt 25, 40), diz-nos Jesus”.

Ao concluir, o Papa Francisco recorda a todos que lutam contra a dependência química e aos familiares, a proximidade da Igreja na sua luta, convidando-os a confiar no amor maternal de Maria:

a Igreja não está longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acompanha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momentos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança. E confiem também no amor materno de Maria, sua Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, confiei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto, afetuosamente, a todos abençôo”.

Ao final, todos fizeram uma oração, recebendo a bênção do Papa Francisco, que deixou o local às 19hs40min. Para ouvir o pronunciamento do Santo Padre, basta clicar: RealAudioMP3

(JE)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/25/papa_visita_hospital_são_francisco,_que_acolhe_dependentes_químicos/bra-713512
do site da Rádio Vaticano

PAPA FRANCISCO E A NOVA JUVENTUDE

O Papa Francisco está aqui no Brasil para um encontro com a juventude católica na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Durante sua visita entre nós, O Papa terá a oportunidade de falar para pouco mais de dois milhões de jovens de toda parte do mundo. Essa juventude é bem diferente dos jovens que os Papas João Paulo ll e Bento XVl encontraram em suas visitas ao país. Os jovens católicos participaram ativamente nas manifestações organizadas por estudantes em junho próximo passado. O Papa está dialogando com esses jovens e indicando os caminhos que eles devem percorrer.

A juventude brasileira é marcada por uma extrema diversidade e manifesta as diferenças e as desigualdades sociais que caracterizam nossa sociedade. Segundo os Estudos da CNBB, No 93, e intitulado “Evangelização da Juventude – desafios e perspectivas pastorais”, encontramos a seguintes observação: “Dentro as várias diferenciações que recortam a juventude, estão as de classe social, cor, etnia, sexo, local de moradia (…) além das variações relativas ao gosto musical ou estilo cultural e as pertenças associativas, religiosas e políticas” (cf. op. cit. No. 27). Os jovens católicos têm preocupações materiais e dificuldades espirituais ou religiosas. Entre suas preocupações materiais encontramos: uma grande preocupação com sua família e moradia, um grande esforço por uma educação de qualidade, uma luta para encontrar emprego, uma forte condenação da violência no campo e na cidade, um desejo para ver a corrupção erradicada, uma luta contra as drogas, uma condenação da pobreza e a defesa dos direitos dos pobres, algo muito perto do coração do Papa. Os jovens esperam que o papa Francisco mencione esses fatores nos seus discursos e homilias durante sua visita.

Entre as preocupações religiosas encontramos: um desejo para se alimentar com a Palavra de Deus, um esforço para aprofundar sua vida espiritual, e em termos gerais viver corretamente sua fé. Porém, a juventude católica hoje enfrenta dificuldades com o individualismo, o consumismo, o subjetivismo, o sincretismo religioso (além de certas formas do ecumenismo), o relativismo e o imediatismo. Devido às influências da atual sociedade e a mídia, jovens católicos têm dificuldades em compreender na área da moralidade assuntos como: sexo antes do casamento, aborto em casos de estupro ou gravidez de adolescentes, uniões de pessoas do mesmo sexo, a complicada situação de pessoas em segundas uniões matrimoniais, a relativismo dos valores cristãos, a não aceitação de compromissos definitivos (casamento/vida religiosa), a proibição da pornografia na Internet etc. Muitos jovens estão esperando o Papa Francisco oferecer uma orientação segura sobre estes tópicos.

Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1

CATEQUESE JMJ

CATEQUESE JMJ (1): “Os jovens devem revigorar a esperança!”

Catequese é o nome dado aos encontros entre bispos e os jovens para uma meditação especial sobre o tema da Jornada Mundial. Nesta quarta-feira, 24 de julho, tiveram inícios as catequeses no Rio. Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém (PA), foi o catequista de uma multidão de jovens que se reuniu num dos pavilhões do Rio Centro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Os jovens devem revigorar, pela força de Deus, a esperança num mundo novo e diferente marcado pelo amor de Cristo” essa foi a síntese que Sara Varella, de Fortaleza (CE), fez da catequese dada por dom Alberto num dos espaços da Cidade da Fé, evento promovido pela CNBB e realizado no Rio Centro, no bairro de Jacarepaguá.
Sara e cerca de 50 outros jovens que participaram da catequese pertencem a entidade “Obra Lumen de evangelização”, fundada em 1989 e ligada à arquidiocese de Fortaleza. Segundo esses jovens que estiveram no encontro de catequese dessa manhã, os membros da “Obra Lumen”, buscam ser “autênticos discípulos da luz e missionários inovadores, promotores de uma revolução do amor, especialmente entre os jovens e os mais necessitados, dando sinais claros da presença de Jesus no cotidiano da vida”.
Os jovens que participaram da catequese no Rio Centro também distribuíram material no qual afirmam que é preciso “ser feliz, fazendo o outro feliz”. Nesse material, destacam que “só pode ser feliz quem é capaz de proporcionar a felicidade aos seus semelhantes”. E acrescentam: “muitas vezes, um gesto simples de solidariedade, o ato de escutar, um sorriso, uma pequena ajuda, pode se transformar em felicidade para quem recebe e, mais ainda, para quem pratica este gesto”.
 
CATEQUESE JMJ (2): “Sabedoria para bem viver a juventude”


“Busque sempre viver na sabedoria de Deus” foi com este pensamento que Dom José Palmeira Lessa, arcebispo de Aracajú (SE), iniciou sua catequese aos jovens participantes da JMJ nessa manhã de quarta-feira, no Colégio Estadual Vicente Jannuzzi, no Rio de Janeiro. De uma forma bem descontraída, o bispo ensinou à juventude presente a importância em se resgatar valores cristãos, sobretudo, quando o assunto é relacionado à vida.

Dom Lessa contou um pouco de sua história e das muitas dificuldades que enfrentou. “Existe um ditado que diz ‘a esperança é a última que morre’. Tão contando mentira ein (risos)! Para um bom cristão, a esperança nunca morre, pois ela está em Cristo Jesus. E assim sempre será enquanto peregrinarmos por esse mundo. Uma vez, me recordo que os médicos disseram que era quase certo que meu pai ira morrer. Eu era jovem e estava começando minha caminhada vocacional. Se meu pai se fosse, eu teria que voltar para minha casa pois era o filho mais velho. Mas toda a igreja, como uma grande família, rezou por mim e meu pai e como no Jesus no horto das oliveiras eu disse ‘que se faça a sua vontade Pai’. Meu pai foi curado e me tornei e sacerdote. Esta é a força da fé! Deus sempre me sustentou mesmo nas dificuldades e com vocês (jovens) também deve ser assim”, disse.

O bispo lembrou-se de um ensinamento do Papa Francisco que dizia que a verdadeira alegria nasce do fato de encontramos uma pessoa: Jesus Cristo. “Sejam alegres jovens. Vivam a fé de vocês! Não deixem que este mundo, que a tantos tem machucado, façam vocês perderem o foco. Lutem pela vida e pelos preceitos do bom cristão” aconselhou.

4 – Os olhos atentos e o sorriso no rosto mostravam o quanto os jovens estavam envolvidos no que dizia o pastor de Aracaju. O peregrino Filipe André Lopes, da Diocese de Jundiaí (SP), está no Rio de Janeiro desde domingo e se demonstrou muito animado com a oportunidade de aprender com bispos de outras dioceses brasileiras. O jovem prestou atenção em cada ensinamento de Dom Lessa durante a catequese. “Foi muito bom. Dom Lessa falou muito bem e me chamou bastante a atenção quando deu testemunho de sua juventude e nos ensinou que é preciso lutarmos para sermos diferentes nesse mundo que é materialista. Mais uma vez, percebi a voz de Deus convidando a todos nós, jovens, a ter mais responsabilidade e evangelizarmos aonde for necessário. Mesmo com todas as dificuldades, assim como Dom Lessa, devemos perseverar”, comentou o jovem Felipe. Após a catequese foi conduzido um momento de oração e, em seguida, Dom Lessa tirou algumas dúvidas dos jovens sobre os pontos abordados durante a pregação.

Fonte: CNBB

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CHANGE: Desafios e Perspectivas para o futuro

Dia 20, sábado, começou com uma oração em torno de Maria, com imagens de vários cantos do mundo, através de estandartes que representam uma imagem de Nossa Senhora venerada no país. Tudo se deu no pátio central do Colégio de São José – Rio de Janeiro. Estávamos todos ao redor. A oração continuou, depois, no ginásio.
Na manhã de sábado, a comunicação foi feito do Conselho Geral para os jovens participantes. Começou ao Ir. Emili Turu com a apresentação: "O misticismo profético e juventude". O tema foi traduzido em três palavras que começam com "s": Serviço, silêncio e sororidade. Somos chamados a viver a vocação da Igreja do serviço, a Igreja do avental. Somos chamados a dar valor ao silencia: por outras palavras olharmos para nós para não vivermos em superficialidade mas sim em profundidade. Somos também chamados a viver a sororidade e a  fraternidade  que por si são evangelizadores.
Em seguida, a H. John Klein, Conselheiro Geral apresentou os "Desafios e perspetival para o futuro." Tema que tocou vários pontos de reflexão para todos. Entre eles: Ser especialistas na evangelização e na defesa e promoção dos direitos das crianças e jovens; internacionalidade eficaz de Irmãos e Leigos Comunhão; comunidade internacional, espiritualidade, Pastoral Juvenil Marista de solidariedade com os pobres, nova eclesiologia, a nova organização do Instituto Marista e vocação marista.
Depois houve um espaço para jovens e presentes na reunião fazerem perguntas ou expressar preocupações aos membros Gerais atual governo.
Na parte da tarde, depois de um evento esportivo entre os voluntários e os jovens da reunião, diversos seminários foram apresentados aos participantes que escolheram de forma livre. Entre elas: Espiritualidade Marista, a cultura de bem-estar, sustentabilidade, juventude - Coração solidário, participação e protagonismo juvenil, pastoral da juventude: construir pontes, projeto de vida : cultivar sonhos, realidade teológica jovem ...
O dia terminou com a celebração da Missa do domingo e todos os presentes se reuniram para compartilhar durante o jantar.
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CHANGE: Jesus nos espera com os braços abertos

Vida e missão juvenil

 
No início do dia 18, quinta-feira, depois da oração da manhã o Ir. Emili Turú saudou  a todos os jovens  e outros, então presentes. Lástima não poder ter estado na própria  abertura do encontro devido a problemas de conexão aérea na viagem. Este dia  centrou-se na “Jovem comunidade”. Os grupos foram formados ao azar; assim cada grupo, misturava culturas, países e línguas. Buscou-se em primeiro lugar a identificação do grupo, para buscar depois  em que consiste o “fazer a diferença”. Algum desafio mais significativo para a juventude de hoje, no modo como vive a sua fé, foi registado. Esse desafio foi apresentado durante a oração da noite que consistiu numa celebração da “luz”, apresentando Jesus “luz” do mundo e de nossas vidas.
No dia seguinte, muito cedo,  todos acordaram para ir ao encontro de Cristo Redentor, com os braços abertos, na colina do Corcovado. E de tarde, o encontro com Jesus, através das obras sociais em favor dos pobres, alguns deles vivendo nas  “favelas”. À noite a celebração centrou-se na memória dos Mártires, a nos apelos da Juventude Marista.
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CHAMPAGNAT - Final


Doença piora

Entrementes, o estado do enfermo piorava dia a dia. Não suportava mais nada, nem mesmo os mingaus mais leves. Um fogo abrasador lhe consumia as entranhas. Os vômitos cada vez mais freqüentes causavam-lhe horríveis sofrimentos. Só expelia matérias misturadas com sangue e às vezes em forma de blocos resistentes e bastantes volumosos. Por vezes o bom Padre se perguntava: “Donde pode vir tanta coisa podre? Céus! O que teria acendido tamanho fogo no meu corpo?” E logo completava: “Meu Deus, tende piedade de mim. Ofereço-vos o que estou sofrendo; dai a vossa graça; depois disso, mandai-me quantas dores quiserdes”. Só a água gelada, que tomava por obediência, e a compressa de gelo sobre a região abdominal lhe traziam algum alívio.
Em meio às dores, ansiava receber novamente o santo Viático. Amiúde repetia: Já passou o prazo prescrito; eu poderia comungar uma segunda vez, se não fossem os vômitos”. Aparentemente estes vômitos contínuos iriam privá-lo definitivamente desse favor; mas para a fé e o amor, tudo é possível. Continuamente preocupado com o pensamento e o desejo de comungar, exclamou após profunda meditação: “Creio que serei atendido; meu santo anjo vai obter-me a graça de receber, mais uma vez, a nosso Senhor. Tragam-me uma estampa do anjo da guarda: vou pedir essa graça a esse espírito celeste”. Trazida a imagem e colocada na cortina da cama, o bondoso Padre fixou-o demoradamente. Depois de rezar durante alguns minutos com grande fervor, sentiu que fora atendido: podia comungar uma segunda vez. De fato os vômitos cessaram completamente. Readquiriu a calma e a tranqüilidade, como se não tivesse tido nenhuma doença de estômago. Depois de permanecer sossegado por mais de uma hora, disse: “Fui atendido, posso comungar, peça ao capelão para trazer-me Jesus”.
Recebeu nosso Senhor com viva fé, terna piedade e extraordinária devoção. Seu olhar, gestos, atitudes tudo anunciava profundo respeito, confiança sem limites e ardente amor. Após a recepção do Santo Viático, insistiu na observância do silêncio, absolutamente necessário para manter o espírito de recolhimento e oração na comunidade. Exortou novamente os Irmãos a evitarem a preguiça a todo custo e estarem sempre ocupados, assegurando-lhes, que, na hora da morte, sentiriam muitos remorsos se não houvessem empregado bem o tempo.
Ficou em muita paz, sem ter vômitos, por mais de uma hora. Depois a doença retomou seu curso com mais violência do que nunca. Mas, com o Pão dos Fortes recebera novas forças e nova coragem para suportá-la. Na tarde do mesmo dia, domingo, 24 de maio, o Rev. Pe. Colin, Superior Geral da Sociedade, veio a 1’Hermitage. O Pe. Mazelier, Superior dos Irmãos de Saint-Paul-Trais-Châteaux, chegou na manhã seguinte. Ao saber da chegada deles, exclamou: “Ah! como estou feliz por ser visitado e assistido por sacerdotes tão santos!” Conversou demoradamente com o Pe. Colin, recomendando-lhe os Irmãos. Ao final do encontro, com profunda humildade, pediu-lhe perdão de todas as faltas que, por acaso, tivesse cometido. O Pe. Colin, comovido e edificado, falou-lhe com muito afeto, confortando-o muito. A visita do Pe. Mazellier o alegrou, tanto pela oportunidade de interessá-lo pelas necessidades dos Irmãos, quanto pelo conforto que esperava receber das palavras e orações desse santo sacerdote. Na conversa com ele, o Pe. Champagnat disse-lhe:
- Recomendo-lhe os meus Irmãos sujeitos ao serviço militar.
- E eu, peço-lhe que não esqueça os meus, quando estiver no céu.(p.220-221).

Morre o Padre Champagnat

Enfim, na sexta-feira à noite notaram que estava chegando a hora extrema. Muitos Irmãos oravam fervorosamente no quarto e queriam passar a noite com ele, para ter a consolação e a sorte de receber sua bênção e presenciar-lhe a morte. Mas ele não quis e teve força suficiente para convidá-los ao repouso. Ficaram somente os Irmãos Hipólito e Jerônimo. Durante a noite continuou repetindo as jaculatórias Jesus! Maria! José! Por volta das duas e meia da madrugada disse aos Irmãos que estavam a seu lado:
- Irmãos, a lâmpada está se apagando.
- Desculpe, Padre, respondeu um deles, a lâmpada está bem acesa!
- Mas eu não estou vendo, traga-a para mais perto, sim?
Um dos Irmãos aproximou a lâmpada. Mas o Padre não conseguia enxergá-la. “Ah! disse então, com voz mortiça, estou entendendo, é minha vista que se vai, chegou a minha hora, Deus seja louvado!” Balbuciou ainda algumas preces e entrou em agonia que durou aproximadamente uma hora. Foi suave e tranqüila. Haviam cessado os vômitos e seu organismo achava-se totalmente exaurido. Às quatro e vinte a respiração passou a ser mais lenta, mais ofegante e por intervalos. A comunidade estava na capela para o canto da Salve Regina. Imediatamente procedeu-se à recitação da Ladainha da Ssma. Virgem. Durante a reza o piedoso Fundador adormeceu placidamente no Senhor.
Era sábado, 6 de junho, vigília de Pentecostes.
Várias vezes dissera durante a enfermidade: “Meu grande desejo é morrer num sábado, mas não mereço esta graça; assim mesmo espero-a da bondade de Maria”. Não só receber essa graça, mas também pôde expirar na hora que, por mais de trinta anos, havia consagrado à meditação e à união com Deus. Foi no momento da oração e após o canto da Salva Regina que a Mãe de misericórdia fê-lo passar de exílio à pátria celeste e mostrou-lhe Jesus, bendito fruto do seu ventre virginal.

Caridade para com os pobres

O Pe. Champagnat não limitava a caridade às obras de misericórdia espirituais. Assistia também os pobres em suas necessidades, na medida em que seus parcos e recursos lhe permitiam. O bem que lhes fazia vinha de três princípios:
1. a bondade o seu coração que não lhe permitia presenciar o sofrimento do próximo seu apiedar-se e ser levado a minorá-lo;
2. o profundo respeito e amor que consagrava a Nosso Senhor, feito pobre por nossa causa, e que se identifica com os indigentes;

3. o desejo ardente de trabalhar pela salvação das almas, desejo esses que a esmola lhe dava ocasião de satisfazer. Dirigia sempre algumas palavras de edificação quando dava esmola a quem lhe pedia.
Se fosse uma criança, indagava se conhecia os principais mistérios da fé cristã e, conforme o caso, fazia uma exortação ou curta instrução. Numa viagem que fez a Paris, apenas apeou da carruagem, várias crianças se aproximaram dele e, como de costume, pediram-lhe um dinheirinho. “Sim, disse-lhes, vou ajudá-las com prazer, se souberem o catecismo”. Começou a interrogá-las sobre os principais mistérios, e teve o desgosto de encontrar um menino de dez anos que os ignorava completamente. Dando-lhe a esmola, disse: “Meu filho, daqui a um mês voltarei e se tiver aprendido os mistérios, eu lhe darei cinco tostões. O guri prometeu aprendê-lo com ses colegas ou com outra pessoa, e cumpriu a palavra. Quanto voltou, o garoto correu-lhe ao encontro, gritando: “Seu padre, aprendi meu catecismo, me dê os cinco tostões que me prometeu!” E sabia mesmo, bem direitinho. E o Padre lhe deu a recompensa com muita alegria.

Quando coadjutor em Lavalla, encontrou certo número de pais, pobres e negligentes, que deixavam os filhos na ignorância das verdades da fé, não os enviando nem à escola nem ao catecismo. Reuniu essas crianças e trouxe-as para a casa dos Irmãos e ele mesmo se encarregou de dar-lhes comida e roupa. No primeiro ano eram doze. Nos anos seguintes o número foi crescendo e continuou recebendo-os enquanto foi possível alojá-los na casa. Sua bondade não se restringia às crianças. Todos os pobres da paróquia saíram ganhando. Nenhum deixava de ser atendido. A uns arranjava pão. A outros, roupas e agasalhos. Mandava preparar comida adequada para os doentes e designava dois Irmãos para assisti-los durante a noite.

Um dia chamaram-no para um doente. Apressa-se em visitá-lo e encontra um infeliz coberto de chagas, na maior miséria, tendo apenas alguns trapos a cobrir-lhes a nudez e as úlceras. Profundamente movido de compaixão à vista de tantas dores e tanta miséria, dirige-lhe, primeiramente, palavras de conforto. Depois, corre para casa, chama o Irmão ecônomo e ordena-lhe que leve imediatamente colchão, lençóis e cobertores ao infeliz que aqui acabava de visitar.
-Mas, Padre, não temos nenhum colchão sobrando.
-Como! Não encontra nenhum colchão na casa?
-Não, nenhum. Deve lembrar-se que dei o último faz alguns dias.
-Pois bem! Retire o colchão da minha cama e leve-o agora mesmo ao pobre do homem.
Muitas vezes aconteceu-lhe despojar-se desta forma, para assistir os indigentes ou fornecer a seus Irmãos aquilo que lhes faltava.
De outra feita, uma pessoa caridosa pediu-lhe que visitasse um infeliz que, além de aleijado, enfermo e mergulhado na mais profunda miséria, vomitava horríveis blasfêmias contra a religião e grosseiros insultos contra quem tinha a caridade de vista-lo e levar-lhe alguma ajuda. O Padre fez de tudo para tocar aquele coração empedernido. Tudo inútil. Viu-se constrangido a retirar-se para evitar mais blasfêmia.

Chegado em casa, disse ao Irmão encarregado de levar esmolas aos doentes: “Só há um jeito de conquistar aquele homem: fazer-lhe o bem e responder às injúrias com benefícios. A caridade, e somente a caridade, pode realizar sua conversão. Assim, é preciso dar-lhe todo o necessário, manter alguém constantemente ao lado dele para servi-lo, assisti-lo durante a noite, falar-lhe com extrema paciência e bondade e rezar muito. Deixar durante algum tempo de falar de religião, a fim de evitar mais blasfêmias. Deus fará o resto”. Seguiram à risca esses prudentes conselhos, que surtiram pleno efeito. Ao ver-se alvo de tantas atenções e tratado com tanta caridade, o doente comoveu-se e exclamou certo dia: “Agora sim, estou vendo que a religião é verdadeira, pois inspira tanta dedicação e tanta caridade. Somente ela foi capaz de levá-los, não só a me suportar – o que já seria muito – mas ainda a servi-me e dar-me tanta atenção, que eu não receberia nem de meus pais, nem de meus empregados se tivesse”. Solicitou a presença do Pe. Champagnat, a quem se confessou, depois de várias vezes pedir-lhe perdão por tê-lo recebido tão mal no primeiro encontro. Faleceu algum tempo depois, consolado pelos sacramentos e com plena resignação cristã.

Mais ou menos na mesma época chamaram-no à cabeceira de uma senhora doente para confessá-la. Encontrou-a na maior penúria, sem ter sequer lenha para se aquecer. Confessou-a, consolou-a, exortando-a a confiar em Deus e a oferecer-lhe seus sofrimentos e suas privações. Entretanto, compreendendo que em tais situações não bastava palavras de conforto, mandou trazer-lhe todo necessário para comida, roupa e lenha. Arranjou-lhe uma assistente para o dia e a noite e contratou um médico para examiná-la e tratá-la gratuitamente. Quando a mulher faleceu, assumiu o cuidado de um filho que ela deixara, devido à prolongada doença da mãe e de sua extrema indigência, o garoto não recebera nenhum princípio religioso e já havia contraído mais hábitos que, corrompendo-lhe o caráter e o coração, tornaram inúteis, por muito tempo, os cuidados que tiveram com ele.

Os Irmãos, a quem o Padre o confiou, não lhe deixaram faltar nada, quanto o roupa e comida. Foi matriculado na escola. Procuraram incutir-lhe princípios religiosos, corrigir-lhe os defeitos e os maus hábitos. Ele, porém, em vez de aproveitar das atenções que lhe prodigalizavam e mostrar-se agradecido, não correspondia à bondade senão malcriações, ingratidão e rebeldia. Acostumado a viver na vadiagem e a seguir sem freio as más inclinações, não agüentou enquadrar-se em regulamentos de escola, não aceitava as advertências nem os conselhos paternais dos Irmãos. Fugiu várias vezes, preferindo mendigar comida e viver vida de rua, a submeter-se à disciplina escolar. Cada vez os Irmãos iam buscá-lo de volta e usavam de todos os meios sugeridos pelo zelo para trazê-lo a melhores sentimentos, corrigi-lo e conquistar-lhe a amizade. Desanimados porém, com o pouco resultado de seus esforços, acabaram pedindo ao Pe. Champagnat que o abandonasse à própria sorte, “pois, disseram-lhe, estamos perdendo tempo com esse rapaz. Mais cedo ou mais tarde, seremos obrigados a mandá-lo embora”.

O piedoso Fundador, de zelo mais perseverante e indulgente, convidou-os, num primeiro momento, a ter mais paciência e rezar pelo malandrinho. Diante da insistência dos Irmãos em exigir a expulsão, podonderou-lhes: “Meus amigos, se o problema é simplesmente ver-se livre do pobre órfão, nada mais fácil. Mas que mérito haveria um jogá-lo na rua? Se o abandonarem, será que Deus não vai pedir-lhes conta de sua alma? Além disso, não lhes pesa na consciência desperdiçar a ocasião de exercitar a caridade e o zelo e, conseqüentemente, perder o mérito de reconduzir esse menino ao caminho da virtude? Se você o mandarem embora, Deus dará a outros o cuidado e a graça de educá-lo. E vocês vão lamentar terem perdido, por impaciência, esta glória missão, e será tarde demais. Adotamos este garoto. Não podemos mais abandoná-lo. Temos que guardá-lo conosco, embora nos incomode e não corresponda às nossas atenções. Devemos trabalhar sem desanimar, para que ele mude. Tenham coragem. Deus não vai permitir que tantos sacrifícios por amor desse órfão, tantos atos de caridade praticados para com ele, fiquem sem resultado. Rezem por esse menino e, tenho plena certeza, em breve lhes dará tanta consolação, quanto desgosto lhes tem causado”. Dito e feito. Pouco tempo depois, aquele menino impossível que, por anos a fio causava tanto desgosto aos Irmãos, mudou completamente: tornou-se calmo, dócil, ajuizado, parecia um anjo. Após a Primeira Comunhão, feita nas mais edificantes disposições, solicitou admissão ao noviciado. Foi atendido. Cheio de estima por sua vocação, veio a ser um Irmão piedoso, regular e obediente. Faleceu como um santo na idade de vinte e um anos, nos braços do Pe. Champagnat, cheios de gratidão pelo grande bem que lhe fizera.(470-473).

Formação educacional dos pobres

Não podendo providenciar aos indigentes todos os recursos corporais que desejavam pois a situação e os recursos não permitiam, procurou compensar amplamente, formando mestres para ministrar instrução primária e educação cristã às crianças pobres.

Foi sobretudo para elas que fundou o Instituto e é vontade sua que os Irmãos se considerem particularmente encarregados da instrução dessas crianças. Já nos primeiros compromissos que impôs aos Irmãos, o piedoso Fundador mencionara esse ponto e julgara-o tão importante que o colocou em primeiro lugar: Nós nos comprometemos acima de tudo, a instruir gratuitamente todos os indigentes que o sr. Pároco nos apresenta. Não bastava ensinarem o catecismo. Deviam transmitir todos os conhecimentos necessários à condição social das crianças e não fazer distinção alguma entre ricas e pobres.(p.476-477).

Conceitos de Champagnat sobre a educação das crianças.

Educar uma criança não é ensinar-lhe a ler, escrever e iniciá-la nos diversos conhecimentos do ensino primário. Essas noções bastariam, se o homem fosse feito só para este mundo. Mas outro destino o aguarda. Ele existe para o céu, para Deus. É para atingir essa finalidade que há de ser educado. Educar uma criança é, pois, desvendar-lhe tão nobre e sublime destino e oferecer-lhe os meios para atingi-lo. Numa palavra, educar uma criança é fazer dela bom cristão e virtuoso cidadão. Em conseqüência da queda origina, o homem vem ao mundo com o germe de todos os vícios, e também de todas as virtudes. É um lírio entre espinhos. Uma vinha, mas necessita de poda; o campo do pai de família, no qual foi lançada a boa semente, mas onde o inimigo semeou o joio. A finalidade da educação é arrancar os espinhos, podar a vinha, amanhara o campo e arrancar o joio.

Ao fundar o Instituto, o Pe. Champagnat não tencionava dar aos meninos apenas a instrução primária, nem apenas ensinar-lhes as verdades da fé, mas ainda dar-lhes a educação, com o sentido acima indicado. “Se fosse apenas para ensinar as ciências humanas aos jovens, não haveria necessidade de Irmãos; bastariam os demais professores. Se pretendêssemos ministrar somente a instrução religiosa, limirar-nos-íamos a ser simples catequistas, reuniríamos as crianças uma hora por dia, para transmitir-lhes as verdades cristãs. Nosso objetivo, contudo, é mais abrangente. Queremos educar as crianças, isto é, instruí-las sobre seus deveres, ensinar-lhes a praticá-los, infundir-lhes o espírito e os sentimentos do cristianismo, os hábitos religiosos, as virtudes do cristão e do bom cidadão. Para tanto, é preciso que sejamos educadores, vivamos no meio das crianças e que elas permaneçam muito tempo conosco”.
Ainda no intuito de proporcionar educação mais apurada, o piedoso Fundador autoriza os Irmãos a aceitarem alunos internos e insiste em que todo estabelecimento escolar tenha um pátio para os jogos dois alunos. “Se tivéssemos em vista apenas nosso interesse e tranqüilidade”, escrevia a um prefeito, “não lhe pediria um pátio, não lhes dá outra vantagem, a não ser a de se tornarem os jogos. É unicamente por nos empenharmos em dar-lhes bons princípios e afastá-los das más companhias que solicitamos um local de recreio”.

O Pe. Champagnat dizia muitas vezes que um dos meios mais adequados para atrair alunos è escola e formá-los à virtude, consistia em preparar bem o catecismo e tornar as instruções agradáveis. Para isso apontava os meios seguintes:
1. Decorar ou, pelo menos, ler com atenção e reflexão a lição que se vai explicar;
2. anotar os pontos mais importantes, sobre os quais será preciso chamar particularmente a atenção dos alunos;
3. prever as perguntas secundárias que poderão ser feitas sobre cada um desses pontos, entrosando-as entre si, de maneira a desenvolver a verdade e pô-la ao alcance dos menos inteligentes;
4. servir-se, com freqüência, de comparações, parábolas, exemplos, historinhas, para tornar mais sensível a verdade, confirmá-la e prender a atenção dos alunos;
5. proceder de tal modo que as perguntas secundárias de esclarecimento seja sempre breves, claras, práticas e simples;
6. fazer com que os alunos entendam perfeitamente o texto do catecismo, pois isto os ajuda muito a compreender as explicações que serão feitas e a conservá-las na memória;
7. no ensino do catecismo, visar sempre aos quatro pontos seguintes:
a) fazer conhecer e amar a Jesus Cristo;
b) mostrar os atrativos, os encantos, as vantagens da virtude e da felicidade dos que a praticam;
c) mostrar, igualmente, a fealdade e sordidez do vício, os males e castigos que provoca e inspirar extremo horror ao pecado;
d) conquistar o coração da criança, levá-la a amar a religião e a cumprir os deveres por amor;
8. durante a preparação do catecismo, fazer-se freqüentemente estas perguntas: Será que estou bem a par do que vou ensinar e explicar? Será que estou entendendo bem esta lição, esta verdade? Estou bem convencido? Como devo proceder para ser bem compreendido pelas crianças, para tornar-me agradável, educar-lhes a vontade, para fazerem o bem que esta verdade exige ou evita o mal que ela proíbe?
9. assumir e manter atitude séria, fisionomia alegre, afável e modesta que transpire o grande prazer que sentimos em falar de Deus.(p498-499).

Perseverança

Sto Tomás ensina que uma das maiores provas de nossa predestinação é perseverança nas boas resoluções, na prática das boas obras empreendidas para a glória de Deus e, sobretudo, a perseverança na vocação que abraçamos. A afirmação do Anjo da Escola fundamenta-se nas palavras de Cristo: “Quem perseverar até o fim será salvo” E nestas outras: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus”.
Uma das características mais notáveis da vida do Pe. Champagnat, foi a generosidade e a perseverança com que praticou a virtude. Mostrou-se perseverante em tudo e em toda parte, tanto nas coisas pequenas, como nas grandes. Perseverante na oração entregando-se a este santo exercício com assiduidade e fervor admiráveis, apesar dos contratempos e das ocupações de que sua vida era repleta. Perseverante na correção dos próprios defeitos, na mortificação da natureza, submetendo-a ao espírito e combatendo em si tudo aquilo que poderia opor-se ao trabalho da graça ou embaçar a pureza da alma. Perseverante em suportar, com perfeita resignação, as contradições e perseguições dos homens, as aflições, enfermidades, adversidades e todas as penas inerentes à direção de uma comunidade numerosa. Perseverante na vocação, trabalhando sem descanso para ser-lhe fiel, dedicando-se totalmente aos compromissos assumidos. Perseverante nas obras começadas para a glória de Deus e a salvação das almas, embora os meios humanos financeiros lhe faltassem com freqüência, e obstáculos sem conta surgissem para barrar-lhe o caminho.
“Mesmo que a terra inteira estivesse contra mim, eu não retrocederia”, afirmava às vezes. “Basta-me saber que Deus quer o projeto e que meus superiores o aprovam; depois disto, pouco me importam as objeções dos homens e as dificuldades. Não lhes dou a mínima importância. Se tivéssemos que parar cada vez que faltassem os meios humanos, ou porque algum obstáculo viesse obstruir a passagem, não faríamos nada. Satanás é essencialmente inimigo do bem. É impossível empreendermos uma boa obra sem ele se opor, sem ele envidar todos os esforços para levá-la ao fracasso e sem jogar todas as paixões humanas contra ela. Amedrontar-se em tal situação e desanimar perante os obstáculos seria injuriar a Deus. Seria desconhecer a nota peculiar de suas obras, que é a cruz, atraiçoar os interesses da religião e entregar covardemente a vitória ao demônio”.
A persistência e firmeza do Pe. Champagnat salvaram vários estabelecimentos que os ímpios haviam jurado liquidar. Com o objetivo de se descartarem dos Irmãos, sucedeu freqüentes vezes, em várias localidades, que os censurassem, caluniassem e perseguissem. Chegaram mesmo a suprimir-lhes os vencimentos e a empregar toda a sorte de medidas para impedir que as crianças lhes freqüentassem as aulas. Contudo, foram inúteis todos os esforços do inferno. A perseverança e a paciência do Fundador conseguira-lhe o triunfo em todas as provações. Jamais cedeu um palmo ao inimigo. Preferiu sustentar, às custas da comunidade, os Irmãos perseguidos, a abandonar as escolas. Atitude tão desinteressada conquistou-lhe a confiança das pessoas de bem e lhe valeu muitos pedidos. Prazerosamente confiavam a administração das escolas a um homem capaz de fazer tais sacrifícios para conservar as obras que a caridade punha em suas mãos.(p.506-507).

Pregação de São Marcelino Champagnat

Finalizamos esta biografia de nosso venerado Pai, analisando uma belíssima instrução aos Irmãos sobre a constância, ao comentar o Evangelho do segundo domingo do Advento:

“A constância é virtude indispensável ao cristão para salvar-se, e mais ainda, ao religioso para perseverar na vocação e adquirir a perfeição de seu estado. O comportamento de Cristo no Evangelho de hoje confirma de modo cabal esta verdade. O divino Mestre tece esplêndido elogio a S. João Batista e declara, perante todo o povo, que ele é o maior dos filhos dos homens. Ora, que é que Jesus louva de modo especial e acima de tudo, no santo Precursor? Será a maravilhosa inocência, uma vez que, durante toda a vida, provavelmente não cometeu nenhuma falta venial voluntária? De modo algum. Será a humildade, tão profunda, que se julgava indigno de desatar as correias das sandálias de Jesus Cristo? De modo algum. Jesus não fala da humildade no elogio que faz a João Batista. Será o amor à castidade, que o leva a censurar com destemor, a conduta criminosa de Herodes? Também não. Os elogios de Jesus não visam à castidade, por elevada e sublime que seja. Referem-se todos à constância do santo Precursor. Para chamar a atenção sobre a firmeza inabalável de S. João, Nosso Senhor interroga aos que o cercam: que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Não! Alma tão fraca, tão leviano caráter não teria provocado vossa curiosidade e admiração. Que fostes ver então? Fostes ver um homem perseverante no exercício das mais raras e heróicas virtudes. Um homem constantemente fiel em cumprir a missão que Deus lhe confiou. perseverante na vocação e no gênero de vida austero que abraçou. Um homem sempre fiel ao serviço de Deus, na edificação do próximo, na denúncia, na repreensão aos pecadores. Constante em sofrer, com paciência inalterável e perfeita resignação, as perseguições dos maus. Foi esse o homem que fostes ver!”
“E por que Jesus Cristo louva tanto a constância? Porque esta virtude, de certo modo, encerra todas as outras e, sem ela, as outras não servem para nada. O importante, afirma Santo Agostinho, não é começar bem; é terminar bem, pois segundo Jesus Cristo, unicamente aquele que perseverar até o fim, será salvo. Porque essa é a virtude de todos os dias e de todos os instantes. De fato, a vida do cristão, ainda mais a do religioso, é combate contínuo. Para corrigir nossos defeitos, praticar a virtude, salvar a alma, urge fazer-nos constante violência e lutar contra tudo que nos rodeia. Conseqüentemente temos que lutar:

1. Contra nós mesmos, nossas paixões, nossas más inclinações, contra nossos sentidos, para mantê-los na submissão e na sobriedade;
2. Conta o demônio, leão rugidor, sempre alerta, que ronda sem cessar em volta de nós, para nos devorar; contra o sedutor dos filhos de Deus, anjo das trevas, que se transmuda em anjo de luz para melhor disfarçar suas ciladas e para mais facilmente nos apanhar em suas redes;
3. Contra o mundo, suas vaidades, máximas e escândalos; contra os maus exemplos de nossos coirmãos, não os imitando, mas cumprindo o dever e a Regra; contra nossos pais e amigos, para não atendermos à voz da carne e do sangue e amá-los sempre em Deus e por e por Deus; contra os que se tornam nossos inimigos, pagando-lhes o mal com o bem, amontoados dessa forma, como diz o Apostilo, carvões acesso nas suas cabeças.
4. Contra todas as criaturas e as cosas que nos cercam, para não nos afeiçoarmos a elas, mas nos servimos delas como simples meios para chegarmos a Deus e realizar nossa salvação.
5. Finalmente, devemos combater e lutar contra o próprio Deus, pressionando-o santamente, por meio de fervorosas orações, suportando com paciência e resignação a aridez espiritual, os dissabores, as tentações, todas as provações que a Divina Providência quiser enviar-nos”.
“Ora, só a firmeza inabalável e a constância enérgica podem sustentar pelejar tão violenta e tão persistente. Os volúveis, os pusilânimes, os covardes não agüentam, e correm sério perigo de se perder. A eles se dirigem as terríveis palavras de Nosso Senhor: ‘Quem põe a mão no arado e olha para trás – isto é, o inconstante – não é apto para o Reino de Deus’”.
Glória, só a Deus!

Bibliografia: Furet, Jean-Baptiste. Vida de São Marcelino José Bento Champagnat - São Paulo: Loyola: SIMAR, 1999

Ide, fazei discípulos!

Cardeal Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) encerra a sua primeira etapa; a Semana Missionária foi realizada em todas as Dioceses do Brasil. Foi uma experiência nova nas JMJs e será necessário fazer uma avaliação, para ver como as coisas aconteceram. No entanto, desde logo, podemos afirmar que a experiência foi muito positiva.
Na Arquidiocese de São Paulo, houve um envolvimento positivo das organizações da Igreja e das famílias. Muitas paróquias, colégios, congregações e ordens religiosas, movimentos e associações de fiéis fizeram um bom trabalho com a juventude local e com os jovens peregrinos, vindos de 58 países diversos!  Os frutos virão, certamente.
É bem compreensível que não tenha havido a afluência de massas de peregrinos estrangeiros, como se poderia ter esperado inicialmente; o fato de fazer a Semana Missionária em todas as dioceses do Brasil, os custos de viagem e as duas semanas de peregrinação para quem veio de longe representam fatores não indiferentes e devem ser levados em consideração.
Belo foi tomar consciência de que o senso de hospitalidade ainda existe, apesar de todas as dificuldades que nossos tempos de insegurança e violência oferecem. Muitas pessoas e famílias abriram suas casas para acolher hóspedes desconhecidos, mas reconhecidos como irmãos e irmãs em Cristo. E essa capacidade de acolhida e hospitalidade surpreendeu positivamente a muitos.
Os jovens peregrinos deixaram-nos exemplos de sua fé, de sua alegria e esperança. Vieram como missionários e nos trouxeram a percepção mais clara de que somos irmãos na fé e filhos da mesma Igreja. Deixarão saudades em tantas famílias acolhedoras, que se desdobraram em atenções para com eles; espero que levem no coração algo do que viram e experimentaram da nossa cultura e vivência eclesial. Deus os abençoe. Continuem indo “a todos os povos, fazendo discípulos” (cf Mt 28,19).
Seguem agora sua peregrinação ao Rio de Janeiro e nossos jovens vão com eles. Lá viverão juntos a JMJ-2013, com tantos outros jovens do Brasil e de numerosos países. O Cristo Redentor acolhe a todos de braços abertos. Será uma nova experiência da fé cristã, vivida com emoção e intensidade, com seus sacerdotes e bispos e com o papa Francisco.
Nessas últimas semanas, assistimos a diversos tipos de manifestações. Agora é a vez da multidão dos jovens peregrinos: serão manifestação de fé e de esperança, de paz, de amor a Deus e à Igreja. É hora de dar toda atenção a eles e de não desviar o foco da Jornada.
A JMJ mostrará o rosto jovem da humanidade, que aspira a conviver em paz; é o rosto da humanidade, chamada a formar uma grande família, onde as diferenças não são barreiras, mas fatores de enriquecimento recíproco. A Igreja representa o início e o anúncio dessa única e grande família dos filhos e filhas de Deus.
A JMJ-2013, no Rio de Janeiro, será uma anúncio profético da humanidade e da Igreja do amanhã. Vão com Deus, jovens peregrinos. Vão a todos os povos, anunciem que o Reino de Deus já chegou e façam discípulos para Cristo (cf Mt 28,10)!

Revistas brasileiras analisam visita da Papa

  
capa papa cópiaAs revistas de maior circulação nacional que tratam de assuntos e de notícias de atualidade no Brasil consideram Papa Francisco uma figura pública especial e positiva, mas acentuam os problemas que ele deve enfrentar na visita que começa nesta segunda-feira, 22 de julho, como parte da JMJ 2013, no Rio de Janeiro.
 
A revista VEJA traz uma capa light em tom azulado com uma manchete de encher os olhos: “O Papa dos pobres”. A manchete faz uma advertência sobre esse período que se vive no País: “O significado de ter Francisco entre nós em um momento explosivo para a Igreja Católica e para o Brasil”. A matéria, no entanto, é mais amena. Escrito por Adriana Dias Lopes e Helena Borges, de Roma, o texto toma duas perspectivas: as mudanças que o comportamento do Papa está sugerindo para a Cúria Romana, considerando até que os membros da organização maior da Santa Sé terão uma semana “de folga” com a viagem ao Brasil e a situação já amplamente debatida da queda do número de católicos no Brasil aplicando essa situação particularmente aos jovens.
 
A matéria dá voz aos jovens católicos e traz a opinião de 42 deles. Gustavo Nunes, um jovem de 17 anos que mora em Goiânia (GO), um dos escolhidos pela revista diz que “a Jornada é uma oportunidade única para jovens católicos mostrarem ao mundo a força que ainda têm”. O desejo do Papa de ir ao encontro dos pobres, destacado por veja, tem uma ilustração: “O Papa também quis conhecer de perto uma comunidade pobre: assim, vai rezar missa na pequena capela da recém-pacificada favela da Varginha, no complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio”.
 
Parte do grupo Globo, a revista ÉPOCA preferiu ser mais didática em relação ao significado da visita e estampa numa capa onde se vê o Papa de perfil: “10 lições de vida do Papa”. E resume o momento do seguinte modo: “O Papa que chega ao Rio de Janeiro nesta segunda-feira, dia 22, é um líder capaz de fazer o país repensar. No Brasil de 2013, que saiu às ruas em protesto contra o descaso de seus governantes, é o homem certo na hora certa. Seu exemplo de humildade e dedicação aos que sofrem, associado ao desprezo por luxo, conforto e privilégio, constitui uma espécie de repreensão silenciosa aos arrogantes que, no poder, agem como se tivessem direito a tudo. O exemplo de Francisco não mudará radicalmente o Brasil e nem tocará o coração de todos os brasileiros. Mas ele é capaz de inspirar e ensinar os que estiverem prontos a ouvi-lo”.
 
Entre as 10 lições propostas pela revista como ensinamentos dessa visita do Papa está um convite para que a pessoa “Viaje pela vida”. E fundamenta: “Francisco é desapegado, e isso lhe permite, nas palavras dela, “viajar leve pela vida”. Anda a pé, pega transporte público e, quando cardeal, não tinha carro oficial nem motorista. Esse voto de pobreza, diz o teólogo Altmayer, não é algo triste, pelo contrário. ‘Quem tem pouco é mais livre, mais feliz’, diz. Talvez essa fórmula não valha para todos”. E outra lição seria de que o Papa “Dá importância aos valores”: “Em lugar do apego aos bens materiais, o papa Francisco tem valores. Desde a infância, sua biografia está repleta de elementos que demonstram isso. Ele começou a trabalhar aos 12 anos, porque seu pai considerava o trabalho essencial. Guardou isso com ele. Música e literatura também são paixões precoces que ele cultiva até hoje, como elemento essencial da existência. Da ética religiosa dos jesuítas, a ordem religiosa a que Francisco pertence, extraiu a decisão de levar uma vida modesta, dedicada aos necessitados. Ele acredita que ajudar os pobres enriquece objetivamente a vida das pessoas. Nem todos estão dispostos a viver assim, movidos pelo senso de missão e pela arte, mas o exemplo de Francisco deixa claro que um punhado de convicções, gostos e atitudes simples podem, muitas vezes, ser mais importantes que um vasto patrimônio. Ao longo da vida, somos capazes de guardar coisas mais valiosas que os nossos bens”.
 
A revista ISTOÉ, na edição de 17 de julho, não se ocupou em expor quem o Papa Francisco é, mas preferiu mostrar “quem é o novo católico que espera o Papa”. Na matéria trata da simplicidade do Papa, mas destaca que “a mensagem que o Papa divulgará durante a JMJ, acreditam religiosos e estudiosos ouvidos por ISTOÉ, deverá ser um apelo para que os jovens valorizem menos as coisas materiais e fortaleçam os laços espirituais. O jornal espanhol "El País" noticiou que Francisco vai falar sobre as manifestações que estão acontecendo em todo o Brasil e afirmará que as ‘demandas levantadas por maior justiça não contradizem o Evangelho’. O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, também presidente do Comitê Organizador Local (COL) da JMJ, disse à ISTOÉ que não sabe se os protestos estarão ou não no discurso papal, mas como a CNBB se posicionou de forma favorável às manifestações, o santo padre deverá seguir o mesmo caminho”.
 
A matéria da Istoé ainda complementa citando que “o padre Luís Correa, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio e jesuíta lembra que ‘o papa já disse em outras ocasiões que o cristão tem que se meter na política, não pode lavar suas mãos’. A proximidade entre argentinos e brasileiros também pode ser explorada. ‘Somos países de injustiças, que passaram por regimes de exceção, que querem uma Igreja voltada para o despojamento’, afirma o arcebispo de Manaus, dom Sérgio Castriani, que esteve com o papa recentemente”.
 
A revista CARTA CAPITAL, reconhecidamente dona de uma linha política mais crítica, traz uma capa positiva: “O papa renovador. Francisco vem ao Brasil e aos cem dias de pontificado já deu muitos passos à frente”. A revista analisa, com acentos bem políticos, o trabalho do Papa e entrevista Leonardo Boff que apresenta expectativa sobre a visita: “Ele (Papa) fez uma declaração corajosa em Roma, dizendo que os políticos têm que escutar os jovens na rua; que a causa dos jovens é legítima, justa e que estaria em conformidade com o evangelho. Eu acho que ele vai fazer uma convocação crítica aos políticos, para que eles não sejam mais corruptos e passem a servir mais ao povo. E vai fazer um desafio aos jovens de continuar a transformação da sociedade, mas sem violência. E aí exclui todos esses vândalos que nos últimos dias mostraram uma violência absolutamente injustificável e estúpida”.
 
FONTE: CNBB

PAPA FRANCISCO

Francisco aos jovens: "Coração cheio de alegria para celebrar com vocês a JMJ"



Cidade do Vaticano (RV) – Como programado, o Papa Francisco deixou o aeroporto de Fiumicino esta manhã, pouco depois das 8h45, a bordo de um avião da companhia Alitalia, dando início à sua primeira viagem internacional, por ocasião da 28ª Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro.

Antes de embarcar carregando pessoalmente sua bagagem de mão, o Pontífice cumprimentou as autoridades locais, entre as quais o Primeiro-Ministro italiano, Gianni Letta. Integram a comitiva papal o Secretário de Estado, Card. Tarcisio Bertone, o Cardeal brasileiro João Braz de Aviz, o Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, Card. Marc Ouellet, e o Substituto para os Assuntos Gerais da Secretaria de estado, Dom Angelo Becciu.

Viajam no mesmo avião do Santo Padre cerca de 70 jornalistas, de 15 nacionalidades. Entre os brasileiros, há oito repórteres e dois cinegrafistas. Da Argentina, apenas dois jornalistas.

A chegada ao Rio de Janeiro está prevista para as 16h locais (21h de Roma), onde será acolhido no aeroporto Tom Jobim pela Presidente do Brasil, Dilma Rousseff. A cerimônia de boas-vindas será feita uma hora depois no Palácio Guanabara – ocasião em que o Pontífice fará o primeiro dos 15 discursos em solo brasileiro. A seguir, haverá a visita de cortesia à Presidente, a troca de presentes, e dois breves encontros com o Governador do Rio, Sérgio Cabral, e o Prefeito da cidade, Eduardo Paes.

Estes dois eventos, seja a cerimônia de boas-vindas, seja a visita de cortesia, serão transmitidos ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português, a partir das 16h50 – hora local. (21h50 – horário de Roma).

O Papa deixa o Palácio Guanabara às 18h15 e segue para a Residência do Sumaré, onde ficará hospedado até o final de sua visita ao Rio, no dia 28 de julho. Terça-feira, não estão previstos eventos públicos com o Pontífice.

Aos jovens que já estão no Rio de Janeiro, Francisco tuitou: “Dentro de algumas horas chego ao Brasil, e já sinto o coração cheio de alegria por em breve estar celebrando com vocês a 28ª JMJ”.
(BF)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/22/francisco_aos_jovens:_coração_cheio_de_alegria_para_celebrar_com/bra-712489
do site da Rádio Vaticano

sábado, 20 de julho de 2013


CHAMPAGNAT - 5a PARTE

Providência Divina

O Pe. Champagnat não ignorava o que pensava e diziam dele publicamente; pouco o sensibilizavam, porém, os pareceres dos homens e jamais tomou por norma de conduta os princípios da prudência humana. Assim, muito embora tivesse sobre os ombros o encargo de uma comunidade numerosa, uma dívida de quatro mil francos e nenhum dinheiro, unicamente com sua confiança em Deus, uma confiança sem limites, empreendeu sem temor a construção de uma casa muito vasta, com uma capela, e capaz de alojar cento e cinqüenta pessoas. A aquisição do terreno e a construção constaram-lhe mais de sessenta mil francos. Era algo realmente desconcertante para a prudência humana; não devemos, portanto, estranhar que a execução do projeto trouxesse tantas contrariedades a seu autor. Para diminuir as despesas, toda a comunidade trabalhou na obra. Até mesmo os Irmãos já ocupados no ensino foram chamados a dar sua colaboração. Todos porfiaram em zelo e dedicação. Ninguém, nem mesmo os mais fracos e doentes, consentiu em ficar alheio ao trabalho. Todos queriam ter a satisfação de contribuir para edificar a casa que lhes era tão querida. Aqui, porém, não foi como em Lavalla, onde somente os Irmãos construíram a obra completa; exclusivamente os pedreiros se incumbiram desta parte, enquanto os Irmãos se ocupavam em extrair e carregar pedras, puxar areia, preparar argamassa e fazer-se de servente de pedreiros.
No início de maio de 1824, o Pe. Cholleton, vigário geral, veio benzer a pedra fundamental; a carência era extrema; nem almoço conseguiram oferecer-lhe. O Irmão cozinheiro dirigindo-se ao Pe. Champagnat, observou:
- O que é que eu faço, Padre? Não tenho absolutamente nada para oferecer ao Pe. Cholleton.
Após um instante de reflexão, o Padre respondeu:
- Vá dizer ao Senhor Basson que vou almoçar na casa dele com o vigário geral.
O senhor Basson era homem rico e muito amigo dos Irmãos; recebeu-os com grande prazer. Aliás, não era a primeira vez que o Pe. Champagnat lhe pedia semelhante serviço; agia assim todas as vezes que precisava.
Para abrigar os Irmãos, o Pe. Champagnat alugou uma casa velha à margem esquerda do Gier, defronte àquela que se estava construindo. Os Irmãos dormiam num celeiro de péssimas condições, tão apertado que amontoavam-se uns sobre os outros. A alimentação era simples e frugal: pão, queijo e alguns legumes enviados de Saint-Chamond por pessoas caridosas; às vezes, excepcionalmente, um pouco de toucinho e sempre água pura como bebida: era esse regime de vida deles. O bom Padre partilhava a casa e a comida dos Irmãos e muitas vezes tomava para si o que havia de pior. Assim, não encontrando dentro de casa um cantinho onde colocar a cama, viu-se obrigado a ajeitá-la numa espécie de sacada exposta às intempéries e protegida apenas por um beiral. Dormiu ali todo o verão; durante o inverno, desceu para o estábulo. Além disso, a casa se achava em estado tão deplorável que os Irmãos e o Padre sofreram terrivelmente pelo espaço de quase um ano em que ali ficaram.
Enquanto durou a construção, o levantar era às quatro da madrugada. O Pe. Champagnat dava o sinal e, se necessário, trazia o lume aos dormitórios. Após o levantar a comunidade se reunia no bosque, onde se erguia uma capelinha dedicada a Maria e que fora construída pelo próprio Pe. Champagnat. Uma cômoda servia de credência e de altar; para fazer de campanário, havia um carvalho, onde estava pendurado o sino. Esta capela não podia abrigar a comunidade toda; só entravam o celebrante, os dois coroinhas e os Irmãos principais; os outros ficavam de fora. Todos, ajoelhados perante a imagem da Mãe de Deus, rezavam com tanto fervor que pareciam aniquilados; não se ouvia outro ruído além do farfalhar das folhas, do murmúrio das águas da torrente que deslizava um pouco mais a baixo e do canto dos passarinhos. Cada manhã a comunidade se reunia na capela onde os Irmãos, após as preces vocais, faziam maia hora de meditação e assistiam à missa. Após o almoço lá voltavam, a fim de visitar a Santíssima Virgem. Encerrava-se o dia com a reza do terço. Quantas vezes, na estrada da montanha fronteira, os viandaantes paravam e olhavam de um lado e do outro, procurando donde vinham aquelas vozes que cantavam com tanto entusiasmo e afirmação! Eram os Irmãos que, ocultos sob as árvores e ajoelhados perante o altarzinho onde se imolava o Cordeiro imaculado, entoavam os louvores de Jesus e de Maria.
Concluída a celebração eucarística, cada qual se encaminhava para seu trabalho, a ele se entregando conforme as forças, e em silêncio. A cada hora do dia, o Irmão responsável pelo horário tocava uma sineta; suspendia-se, então, o trabalho; cada qual se concentrava, e todos, rezavam o Glória Patri, a Ave Maria e a invocação a Jesus, Maria, José. Nem precisa dizer que o Pe. Champagnat era sempre o primeiro no trabalho; organizava tudo, dava ocupação a todos, supervisionava o andamento das obras, o que não o impedia, segundo o depoimento dos próprios operários, de alcançar maior rendimento em alvenaria do que o mais eficiente dos pedreiros. Conforme já dissemos, os Irmãos não trabalhavam em alvenaria; os pedreiros admitiram apenas o Pe. Champagnat neste tipo de trabalho, porque executava-o com perfeição. Muitas vezes foi visto trabalhando sozinho, durante a sesta dos operários, ou ao entardecer, após a faina diária. Aproveitava a noite para rezar o ofício divino, acertar as contas, anotar as jornadas dos operários, as compras do material e prever os trabalhos do dia seguinte. Depois de tudo isso, podemos facilmente concluir que seu tempo de repouso era muito limitado.
Um fato digno de menção, que deve ser visto como resultado da proteção de Deus sobre a comunidade, é que, tendo o Pe. Champagnat feito construção ao longo de toda a vida e empregado sempre os Irmãos nesta atividade, nunca houve um acidente sequer, nem para os Irmãos nem para os operários. Por várias vezes acidentes graves ameaçaram a comunidade, mas sempre a divina Providência, por intercessão de Maria, deteve ou removeu as conseqüências. Eis alguns exemplos: um operário trabalhava a grande altura, do lado voltado para o rio; despencou e, na queda, iria certamente esmigalhar-se de encontro a enormes pedras que estavam embaixo; mas, ao cair junto com o material que estava no andaime, teve a sorte de agarrar-se a um galho de árvore, onde ficou dependurado até virem socorrê-lo. Não sofreu nada, nem sequer um arranhão; mas a proteção de Deus ficou mais evidente porque, sendo a árvore quebradiça e o galho muito frágil, normalmente não poderia agüentar um peso desses.
Um jovem Irmão, servente dos pedreiros do terceiro andar, pisou numa tábua meio podre que se quebrou sob seus pés e o arrastou na queda. Ao cair, recomendou-se à Santíssima Virgem e ficou suspenso por uma das mãos, com o corpo embaixo do andaime. Corria tamanho perigo que o primeiro operário que foi socorrê-lo nem se atreveu a tocá-lo. Felizmente um segundo, mais corajoso e decidido, acudiu, agarrou-lhe a mão e o retirou são e salvo, sem outra conseqüência além do susto.
Uma dezena de Irmãos, dos mais robustos, estavam carregando pedras para o segundo andar. Um deles, ao chegar ao topo da escada com uma enorme pedra aos ombros, sente-se mal com tamanho peso e amolecem-lhe as pernas e deixa cair a pedra. Na queda, a pedra derruba o Irmão que vinha logo atrás. Mesmo não esperando por essa, desvia ligeiramente a cabeça, de modo que a pedra só o atinge de raspão, causando-lhe nada mais que um esfolamento. Do alto da escada o Pe. Champagnat presenciou o acidente considerando certa a morte do Irmão, deu-lhe a absolvição. Mesmo não tendo sofrido mal maior, o susto foi tão grande que o acidentado pôs-se a correr pelo campo como um desatinado. Todos os Irmãos presentes a esta cena passaram por igual susto e sobretudo o Pe. Champagnat, que logo mandou agradecer a Deus pela proteção recebida. E, no dia seguinte, celebrou ainda uma missa em ação de graças.
Embora sobrecarregado de ocupações, o Pe. Champagant sempre encontrava alguns instantes, seja à noite, seja aos domingos, para instruir os Irmãos e formá-los à piedade. Ministrou-lhes, no decurso desse verão, sólidos ensinamentos sobre a vocação religiosa, a finalidade do Instituto e o zelo pela educação cristã das crianças. Para relembrar aos Irmãos aquilo que lhes transmitira sobre esses diversos temas, entregou-lhes um resumo escrito no qual, em poucas palavras, estavam as principais coisas que lhes havia dito. Aqui está o essencial:
“A finalidade dos Irmãos, ingressando no Instituto, foi antes de mais nada assegurar a salvação da alma e tornarem-se dignos deste imenso tesouro de glória que Deus lhes promete, e que Jesus Cristo lhes mereceu por seu sangue e sua morte na cruz.
Eis os principais meios que Deus lhes deu para adquirir a virtude, santificar-se e merecer o céu: a oração, vocal e mental, a recepção dos sacramentos, a assistência diária à missa, as visitas ao Santíssimo Sacramento, a leitura espiritual, a Regra e a correção fraterna.(p.113-117).

O Pe. Champagnat cogitava fazer novas diligências junto ao governo para obter a aprovação legal do seu Instituto. De ano para ano crescia o número de Irmãos sujeitos ao alistamento militar e, sobretudo depois da Lei de 1833 sobre o ensino fundamental, não havia possibilidade de isentá-los, se não tivesse certificado de habilitação para o ensino primário. Fez uma revisão dos estatutos, adaptando-os à nova lei, e dirigiu um requerimento ao rei, entregue a Sua Majestade por um deputado amigo do Instituto. O conselho da Universidade examinou e aprovou os estatutos. Quanto à autorização, o Sr. Guizot, ministro da Instrução Pública, respondeu em nome do rei que não podia concedê-la.(p.163).

Doença(p.195-196)

Desde sua enfermidade de 1825, nunca mais o Pe. Champagnat se restabeleceu completamente. Durante vários anos sofreu de uma pleurodinia que lhe causava dores agudas todas as vezes que fazia um trabalho penoso ou era obrigado a andar algum tempo. A esse incômodo somou-se, mais tarde, uma fraqueza de estômago que, em pouco tempo, degenerou em gastrite bem caracterizada, resultado, sem dúvida, das privações diárias e dos jejuns prolongados do bom Padre. Já observamos que, em suas freqüentes viagens não poucas vezes passava dias inteiros sem nada comer. Outras vezes, animado pelo espírito de penitência e mortificação, escolhia os alimentos mais comuns e o que havia de menos gostoso na mesa. Esse gênero de vida acabou gerando nele uma gastrite crônica, sem esperança de cura. Antes da viagem a Paris, já se repetiam os vômitos e ele não suportava mais certos alimentos. Pior ainda, qualquer espécie de comida o enfastiava. O estômago estava cheio de mucosidade esbranquiçada expelida em expectoração e vômitos quase contínuos. A extenuante correria na capital e os dissabores de toda sorte que suportou, acabaram arruinando-lhe a constituição física, minando-lhe as poucas forças que ainda lhe sobravam. Assim, ao voltar de Paris, sentiu logo que não iria longe.

Embora o Pe. Champagnat sentisse as forças diminuírem e a doença se agravar dia a dia, não conseguia poupar-se nem descansar. Assim, alguns dias depois de encerrar o retiro dos Irmãos foi para La Côte-Saint-André, com outro padre, para pregar um retiro aos alunos internos. Achava-se tão debilitado, enfermo e extenuado, que inspirava compaixão. O ar de bondade, piedade e santidade que transparecia em seu semblante impressionou de tal maneira os alunos, que a maioria quis confessar-se com ele. Não se cansava de olhá-lo, admira-lo, e diziam entre si: “Este padre é um santo”. As instruções e os conselhos do bom padre produziram copiosos frutos de salvação, e sua lembrança gravou-se por muito tempo no espírito de muitos, como um bálsamo de piedade e virtude.(p.200).

Quinta-Feira Santa

Na quinta-feira santa quis rezar a missa em Grange-Payre. Como procurassem dissuadi-lo, replicou: “Deixem-me ir. É a última vez que vou lá. Se demorar mais tempo, não poderei despedir-me daqueles santos Irmãos e dos seus alunos”. Foi a cavalo e, depois de celebrar missa, pediu para falar aos internos. “Meus filhos: Deus lhes concedeu grande favor dando-lhes mestres piedosos, virtuosos que continuamente lhes dão bons exemplos e os instruem com segurança nas verdades da religião. Aproveitem os seus ensinamentos, sigam os conselhos que lhes dão e imitem seus bons exemplos. Lembrem-se amiúde de que Cristo os amou muito, morreu por vocês e lhes prepara a felicidade eterna no céu. Não esqueçam que o pecado é o maior de todos os males e pode fazer-lhes perder esta felicidade. Temam o pecado: considerem-no seu grande inimigo e peçam diariamente a Deus que não cometam nenhum. Conseguirão esta graça e haverão de salvar suas almas se tiverem verdadeira devoção à Santíssima Virgem e se rezarem diariamente o Lembrai-vos, ou qualquer outra oração para se colocarem sob sua proteção. Sim, meus filhos, se confiarem plenamente em Maria, ela lhes obterá a graça de entrar no céu, eu lhes garanto”. Ao retornar a 1’Hermitage, disse: “Vi Grange-Payre pela derradeira vez. Estou contente por ter feito essa visita. Foi para mim real consolação ver essas criancinhas e pedir-lhes fossem sempre bem-comportadas”.
Na véspera do mês de maio, embora estivesse muito fraco, e sofrendo muito, quis pessoalmente presidir a abertura dos exercícios do mês de Maria e celebrar a bênção do Ssmo. Sacramento. Mas cansou tanto e sentiu-se tão mal que, ao voltar para o quarto, exclamou: “Estou no fim; acho que desta vez eu vou”. O Ir. Estanislau chegou naquele instante. O bom Padre, vendo-o mais alegre e mais contente que de costume, perguntou-lhe.
- De onde lhe vem esta alegria?
- É que durante os exercícios do mês de maio pensei que Maria, comovida com nossas súplicas, haverá de lhe devolver a saúde antes do fim do mês.
- Está enganado, meu Irmão, o fim do mês de Maria será penosíssimo para mim; grandes sofrimentos me aguardam. Confio, porém, na ajuda da divina Mãe para suportá-los com paciência e resignação.
Assim aconteceu: no final do mês as dores tornaram-se intoleráveis. Porém, graças à proteção de Maria, na qual depositava absoluta confiança, maior foi sua paciência e resignação.
No dia seguinte, um Irmão dos mais antigos veio visitá-lo e, após breve conversa, lhe disse:
- Padre, precisaríamos tanto que Deus o deixasse por mais tempo entre nós! Que será de nós e quem poderá nos dirigir, se o perdermos?
- Meu caro Irmão, não se preocupe com isso! Porventura Deus não achará gente para realizar sua obra? O Irmão que elegeram para me suceder fará melhor que eu. A gente é apenas um instrumento, ou melhor, não é nada. Deus é quem faz tudo. Você deveria compreender essa verdade, pois está entre os veteranos e presenciou as origens do Instituto. Acaso a Providência não cuidou sempre de nós? Não foi ela que nos congregou e nos fez triunfar de todos os obstáculos? Forneceu-nos recursos para construir esta casa, abençoou nossas escolas e lhes deu prosperidade, embora fôssemos gente sem talento. Em suma, não foi a divina Providência que tudo realizou entre nós? Ora, ela cuidou do Instituto até hoje, porque não cuidaria dele no futuro? Pensa, acaso, que ela deixará de protegê-lo, por causa de um homem a menos? Desiluda-se, repito, os homens não contam para esta obra. Deus a abençoará, não por causa dos homens que a dirigem, mas por causa da sua infinita bondade e dos desígnios de misericórdia em favor dos meninos e nós confiados.(p.204-205).
 
CONTINUA...