quinta-feira, 15 de maio de 2014

PAPA FRANCISCO

Para construir a paz, urgente enfrentar o comércio das armas e as imigrações forçadas: Papa a sete novos Embaixadores




Nesta quinta-feira de manhã, o Santo Padre recebeu, em audiência conjunta, sete novos Embaixadores junto da Santa Sé, para a apresentação das Cartas Credenciais. Trata-se dos Representantes da Etiópia, Índia, Jamaica, Libéria, República Sul Africana, Sudão e Suíça. No importante discurso que pronunciou nesta circunstância, o Papa Francisco falou da construção da paz, detendo-se em duas questões, bem atuais, ligadas entre si, porque ligadas aos conflitos em curso: o comércio das armas e as migrações forçadas. O Papa assegurou “a firme vontade” de Santa Sé de continuar a colaborar para se dêem passos em frente nestas duas frentes e em todos os caminhos que conduzam à justiça e à paz, tendo como base os direitos humanos universalmente reconhecidos”. “Que nenhum ser humano seja violado na sua dignidade!”
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O Papa Francisco recebeu também o Governador Geral da Nova Zelândia, com a esposa e séquito.
Finalmente, foram hoje recebidos pelo Santo Padre mais 18 bispos mexicanos, que se encontram em Roma para a visita “ad limina Apostolorum”. Eram eles: - o cardeal Norberto Rivera Carrera, arcebispo de Cidade do México, com os sete bispos auxiliares; - D. Rogelio Cabrera López, arcebispo de Monterrey, com o espectivo Auxiliar; e – outros sete Bispos titulares de dioceses sufragâneas.
Mas voltemos ao encontro do Papa com os novos Embaixadores extraordinários e plenipotenciários junto da Santa Sé. Começando por recordar que a missão da diplomacia é “fazer crescer na família humana a paz no desenvolvimento e na justiça”, Papa Francisco considerou “urgente” enfrentar especialmente alguns desafios do nosso tempo, a começar pela questão do comércio das armas e as migrações forçadas.
“O comércio das armas tem o efeito de complicar e afastar a solução dos conflitos, por maioria de razão pelo facto de se desenvolver e realizar em grande parte fora da legalidade”.
O Papa propôs que se conjuguem esforços “unindo as nossas vozes” para “que a comunidade internacional dê lugar a uma nova época de empenho concertado e corajoso contra o crescimento dos armamentos e a favor da sua redução”.
Sobre o desafio das migrações forçadas, que – sublinhou – “em certas regiões e em dados momentos assume o carácter de autêntica tragédia humana”, embora reconhecendo que se trata de um fenómeno muito complexo e em que se têm realizado esforços notáveis, o Papa insistiu contudo estes “não se podem limitar a enfrentar as emergências”:

“O fenómeno manifestou-se já em toda a sua amplidão e no seu carácter, digamos assim epocal
. Chegou o momento de o enfrentar com um olhar político sério e responsável, que envolva todos os níveis: global, continental, de macro-regiões , de relações entre as nações, até ao nível nacional e local”
O Santo Padre observou que se notam, neste campo, duas experiências opostas: por um lado, casos admiráveis de humanidade, encontro, acolhimento, com pessoas e famílias que conseguiram sair de realidades desumanas e reencontrar a dignidade, a liberdade, a segurança. Mas noutros tantos casos, a vontade de sobreviver não consegue superar os obstáculos:

“Infelizmente há muitas histórias que nos fazem chorar e envergonhar: seres humanos, nossos irmãos e irmãs, filhos de Deus, que, levados pela vontade de viver e trabalhar em paz, enfrentam viagens massacrantes e são vítimas de chantagem, torturas e abusos de todo o género para acabarem por morrer no deserto ou no fundo do mar”.

O Papa lembrou que o fenómeno das migrações forçadas está estreitamente ligado aos conflitos e guerras e portanto ao comércio das armas.

“São feridas de um mundo que é o nosso mundo, no qual Deus nos colocou a viver hoje em dia e nos chama a sermos responsáveis dos nossos irmãos e irmãs, para que nenhum ser humano seja violado na sua dignidade.

O Papa acrescentou ainda que seria uma “contradição absurda” falar de paz, negociar a paz e ao mesmo tempo promover ou permitir o comércio dos armamentos. Como também seria cinismo proclamar os direitos humanos ao mesmo tempo que se ignoram ou abandonam a si mesmos homens e mulheres que, obrigados a deixarem as suas terras, morrem nessa tentativa, sem serem acolhidos pela solidariedade internacional.



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