Assunto: Artigo
As recentes greves da polícia militar na Bahia com comércios sendo invadidos e saqueados por criminosos e a greve dos motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo deixando um milhão de pessoas sem transporte exigem uma reflexão a respeito da moralidade das greves. Ninguém nega o direito dos policiais e motoristas e cobradores de ônibus de exigir melhorias salariais. O direito do trabalhador de parar seu trabalho é hoje um assunto pacífico e aceito por todos que, muitas vezes, esquecemos que há uma importante diferença entre uma greve justa e eticamente correta e uma greve injusta e moralmente condenável.
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Uma
greve deve ser em última análise, uma maneira de ameaçar e infligir prejuízo ao
governo, uma firma ou uma pessoa que está nos injustiçando, com a finalidade de
pressioná-lo a remediar ou acabar com a injustiça. No passado, o prejuízo
causado por uma greve era em grande parte limitado ao empregador. Hoje, porém,
por causa da interdependência dos diferentes grupos na sociedade, o dano é
sofrido, não somente pelo empregador, mas também por muitas outras pessoas.
Antes de iniciar uma greve todos nela envolvidas devem responder quatro
perguntas básicas: (i) Há certeza absoluta da existência de uma real injustiça?
(ii) Será que esta injustiça é suficientemente grave para justificar a perda ou
prejuízo que provavelmente será causada pela greve? (iii) Há uma adequada
proporção entre a perda próxima a ser infligida e a finalidade legítima
procurada? (iv) Será que todos os esforços para chegar a um acordo através de
negociação foram feitos? Uma pessoa tentando decidir se deve ou não fazer greve
tem que responder a estas perguntas afirmativamente, antes de poder afirmar que
“esta greve é moralmente justificável”. Nunca podemos esquecer que uma greve é
uma arma a ser usado somente como último recurso, nada pode justificar seu uso
como primeiro passo numa disputa para ganhar melhores salários. Obviamente, a
administração pública e administradores de empresas não devem esperar que a
inquietação ou agitação se instalasse antes de conceder razoáveis melhoramentos
em salários e condições de trabalho. A demora em agir rapidamente frequentemente
traz consequências lamentáveis. Greves potenciais são evitadas quando sensíveis
administradores de departamentos governamentais e lideranças sindicais
responsáveis sentam-se à mesa para negociar num ambiente de respeito mútuo. É
realmente deplorável que a experiência torne plausível para os trabalhadores e
membros de organizações profissionais que “somente uma greve consegue
resultados”, e nada mais funcione.
Por padre Dr. Brendan Coleman Mc Donald –
Redentorista.
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