25 de Maio de 2014 - Ano A
AS PROMESSAS DE CRISTO - José Salviano
Neste Evangelho Jesus nos faz várias promessas. Porém, com uma condição: Que guardemos e pratiquemos os seus ensinamentos, o seu Evangelho. Leia mais
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“... E EU ROGAREI AO PAI, E ELE VOS DARÁ UM NOVO DEFENSOR...”- Olívia Coutinho
6º DOMINGO DA PÁSCOA
Dia 25 de Maio de 2014
Evangelho de Jo 14,15-21
A todo instante Jesus nos chama a fazer a diferença no mundo, a dar um sentido novo à nossa existência, sendo protagonistas de uma historia de amor que nunca terá fim!
É amando Jesus, que faremos a diferença no mundo, pois amando-o, nós iremos cumprir os seus mandamentos, e assim realizar a vontade de Deus.
Com os seus mandamentos, Jesus nos oferece diretrizes precisas e importantes para a nossa caminhada rumo à eternidade!
É abrindo a porta do nosso coração para Jesus entrar, que damos o primeiro passo para uma vida voltada para o amor, uma vida de comunhão com Deus e com os irmãos.
Sem conhecer Jesus, sem mergulhar na profundidade de suas palavras, ficamos na superficialidade da fé, gostando de Jesus, mas sem nos comprometer com o seu projeto de vida nova!
É sob a luz do Espírito Santo, que vamos entendendo as várias formas que Jesus usa para nos falar, Ele nos fala por meio da palavra, dos acontecimentos, da natureza... Muitas vezes não entendemos a sua mensagem, porque analisamos as suas palavras sob a ótica humana.
Não tivemos a alegria de conviver fisicamente com Jesus como os primeiros discípulos, mas temos a alegria de conviver com Ele, por meio do Espírito Santo! Esta relação de amor, nos transforma, mina as forças do mal que as vezes insiste em nos cegar, tentando nos impedir de enxergarmos a verdade que liberta!
No evangelho de hoje, Jesus, preparando os discípulos, para que eles não se dispersassem após a sua volta para o Pai, chama-os a vivencia do amor, começando pelo o amor a Ele! É o amor a Jesus, que nos leva a observância de seus mandamentos e é no cumprimento destes mandamentos, que recebemos o Espírito Santo, a fonte de luz, que clareia o nosso entendimento, que nos faz enxergar além do que os olhos humanos alcançam! “Se me amais guardareis os meus mandamentos, e eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor..."
O sentido dos mandamentos de Jesus, é destacar a importância do amor na vida de cada um de nós, o que não se trata de uma recomendação e muito menos de uma lei imposta por Ele, mas sim, de uma condição para que Ele possa estar em nós e nós Nele. O mandamento do amor supera todos os outros mandamentos, ou seja, quem ama, pratica a justiça, portanto, cumpre os demais mandamentos.
“Daqui a pouco vocês não me verão, mas, porém, mais um pouco, e vocês me tornarão a ver”. Estas palavras de Jesus, certamente não foram compreendidas pelos discípulos, que ainda não estavam revestidos da presença iluminadora do Espírito Santo! Só mais tarde, é que o Espírito Santo os faria recordar o sentido destas palavras de Jesus.
É o Espírito Santo, que nos faz compreender as palavras de Jesus, que nos impulsiona a participar da construção e reconstrução do Reino de Deus aqui na terra.
A alegria de quem se deixa guiar pelo Espírito Santo de Deus, é uma alegria duradoura, consistente, diferente da alegria superficial proporcionada pelo mundo. A alegria de origem divina é permanente, é a certeza da presença contínua de Jesus em nossa vida, essa alegria, ninguém consegue arrancá-la de nós!
Num coração que se abre à luz do Espírito Santo, não existe espaço para as tristezas, para as incertezas, pois é um coração tomado pelo amor.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! Olívia
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Evangelhos Dominicais Comentados
25/maio/2014 – 6o Domingo da Páscoa
Evangelho: (Jo 14, 15-21)
A princípio, parece triste o evangelho de hoje. O momento da despedida é sempre muito difícil e os discípulos de Jesus estão entristecidos, porque o Mestre está prestes a deixá-los.
Na verdade Jesus está se despedindo, pois se aproxima o momento de sua paixão e morte. Seus discípulos estão inconformados e se perguntam como será possível permanecerem unidos e continuar amando o Mestre, se ele vai embora. Não entendiam como amar Jesus à distância.
Mas Jesus tenta consolá-los e fala de paz e de alegria. Garante que não os deixará órfãos. Por isso mesmo, vai enviar o Espírito Santo para todos que o amam e observam seus mandamentos.
Jesus promete enviar o Espírito da Verdade, que vai dar continuidade à sua obra de libertação e de vida. Só o Espírito é capaz de manter viva a chama do amor na comunidade.
O Espírito Santo age na vida do cristão. Jesus o proclamou Espírito da verdade, porque nos leva a reconhecer que Deus é Pai, Misericórdia, Bondade e Amor. O Espírito Santo liberta. A sua presença traz serenidade, alegria e esperança. O Espírito traz autenticidade ao cristão.
O verdadeiro cristão tem tudo para ser alegre. Na Igreja não há lugar para tristeza, cansaço, medo e desânimo. A comunidade unida pelo Espírito não se deixa abater pela perseguição, desavenças e dificuldades diárias. A alegria da ressurreição é bem maior do que tudo isso.
Eu vos enviarei o Paráclito, disse Jesus. Paráclito quer dizer “advogado, o intercessor que está sempre ao lado do necessitado, é aquele que consola e que defende”. De fato, o Espírito Santo é aquele que intercede por nós, é o próprio Deus agindo em nossos corações.
A missão do Espírito é a de consolar e santificar os cristãos, como também, perdoar os pecados, iluminar e guiar na difícil caminhada da fé. A proximidade do Espírito Santo clareia o caminho, fortalece os nossos passos vacilantes, conforta e refaz o coração e a vida.
Animados pelo Espírito, os apóstolos transformaram-se e partiram em missão. O medo deu lugar à coragem, o desânimo transformou-se em dinamismo e alegria. Guiados, deixaram-se levar e, pelos caminhos da fé, gritaram com todas as suas forças a Boa Nova da Salvação.
O seguidor do Mestre deve imitar esses homens, assumir a evangelização e viver a presença do Espírito Santo. É ele quem nos consola, anima, orienta e nos ajuda a viver a verdadeira fé em Jesus.
Humildemente vamos invocar sua presença em nossas vidas através desta súplica:
Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho!
Inspirai-me sempre sobre o que devo pensar, como devo dizer...
o que devo calar, o que devo escrever...
como devo agir e o que devo fazer para obter a vossa glória, o bem das almas e a minha própria salvação, amém!
(1223)
jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br – (25/maio/2014)
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Nestes dias pascais em honra do Ressuscitado, contemplamos e experimentamos nos santos mistérios não somente a sua ressurreição e ascensão, como também dom do seu Espírito Santo em pentecostes. Pois bem, caríssimos irmãos e irmãs, a Palavra de Deus que escutamos nesta liturgia do VI domingo da Páscoa coloca-nos precisamente neste clima. Com um coração fiel e recolhido, contemplemos o mistério que o Evangelho de hoje nos revela! Meditemos nas palavras do Senhor Jesus: “Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós! Pouco tempo ainda, e o mundo não mais me verá, mas vós me vereis, porque eu vivo e vós vivereis!” São palavras estupendas, cheias de promessa e de vitória... Mas, será que são verdadeiras? Como pode ser verdade tudo isso? Uma coisa é certa: o Senhor não mente jamais! E ele nos garante: Eu virei a vós! Eu vivo! Vós vivereis! Mas, como se dá tal experiência? Como podemos realmente experimentar tal realidade estupenda em nossa vida e na vida da Igreja? Eis a resposta, única possível: somente no Espírito Santo que o Ressuscitado nos deu ao derramá-lo sobre nós após a ressurreição. Vejamos: “Eu virei a vós!” Na potência do Santo Espírito, Cristo realmente permanece no coração de sua Igreja, primeiro pela Palavra, pregada na potência do Espírito, como Filipe, na primeira leitura, que, anunciando o Cristo, realizava curas e exorcismos e, sobretudo, tocava os corações!
Uma Palavra que realmente toca os corações e coloca os ouvintes diante do Cristo vivo e atuante. Mas, conjuntamente com a Palavra, os sacramentos, sobretudo o batismo e a eucaristia. Em cada sacramento é o próprio Espírito do Ressuscitado quem age, conformando-nos ao Cristo Jesus, unindo-nos a ele, fazendo-nos experimentar sua vida e sua força. Pelo batismo, mergulhados no Espírito do Ressuscitado, realmente nascemos para uma nova vida, como nova criatura; pela Eucaristia, seu Corpo e Sangue plenos do Espírito, entramos na comunhão mais plena que se possa ter neste mundo com o Senhor: ele em nós e nós nele, num só Espírito Santo que ele nos doa!
“Vós me vereis!” Porque o Santo Espírito do Senhor Jesus habita em nossos corações, nós experimentamos Jesus em nós como uma Presença real e atuante e, com toda a certeza, proclamamos que Jesus é o Senhor, como diz são Paulo: “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor’ a não ser no Espírito Santo” (1Cor. 12,3). Porque vivemos no Espírito, experimentamos todos os dias Jesus como Alguém vivo e presente na nossa vida, em outras palavras: vemos Jesus; vemo-lo de verdade!
“Eu vivo!” Sabemos que o Senhor está vivo: “morto na sua existência humana, recebeu nova vida pelo Espírito Santo”. Sabemos com toda a certeza da fé que Cristo é o Vivente para sempre, o Vencedor da Morte!
“Vós vivereis”. O Senhor Jesus não somente está vivo, totalmente transfigurado pela ação potente do Espírito que o Pai derramou sobre ele... Vivo na potência do Espírito, ele nos dá esse mesmo Espírito em cada sacramento. Assim, sobretudo no Batismo e na Eucaristia, tornam-se verdadeiras as palavras do Senhor: “Vós vivereis!”, isto é: recebendo meu Espírito, nele vivendo, tereis a minha vida mesma! Vivereis porque meu Espírito “permanece junto de vós e estará dentro de vós!”
Então, palavras de profunda intensidade e de profunda verdade! Num mundo da propaganda, da ilusão, dos simples sentimentalismos, essas palavras do Senhor são uma concreta e impressionante realidade. Mas, escutemos ainda o Senhor: “Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós!” É na oração, na prática piedosa dos sacramentos, na celebração ungida e piedosa da Eucaristia que experimentamos essas coisas! Aqui não é só a inteligência, aqui não basta a razão, aqui não são suficientes os nossos esforços! É na fé profunda de uma vida de união com o Senhor, na força do Espírito Santo que experimentamos isso que Jesus disse: ele está no Pai, no Espírito ele e o Pai são uma só coisa. Mas, tem mais: experimentamos que nós estamos nele, nele enxertados como os ramos na videira, nele incorporados como os membros do corpo unidos à Cabeça! Repito: é nos sacramentos que essa experiência maravilhosa torna-se realidade concreta. Um cristianismo que tivesse somente a Palavra de Deus, sem valorizar os sete sacramentos – sobretudo o Batismo e a Eucaristia -, seria um cristianismos mutilado, deficiente, anêmico, não condizente com a fé do Novo Testamento e a Tradição constante da Igreja! Irmãos e irmãs, atenção para a nossa vida sacramental!
Ora, é esta comunhão misteriosa e real com o Senhor no Espírito, que nos faz amar Jesus e viver Jesus com toda seriedade de nossa vida. É cristão de modo pleno quem experimenta o Senhor Jesus vivo e íntimo em sua vida e celebra tal união, tal cumplicidade de amor, nos sacramentos! Aí sim, as exigências do Senhor, seus mandamentos, não nos parecem pesados, não nos são pesados, não são um fardo exterior que suportamos porque é o jeito. Quem vive a experiência desse Jesus presente e doce no Espírito derramado em nós, experimenta que cumprir os preceitos do Senhor é uma exigência doce, porque é exigência de amor e, portanto, libertadora, pois nos tira de nós mesmos e nos faz respirar um ar novo, o ar do Espírito do Ressuscitado, o Homem Novo!
Mas, quem pode fazer tal experiência? Somente quem vive de modo dócil ao Espírito Consolador, que nos consola mesmo nos desafios mais duros. Somente viverá o cristianismo com um dom e não como um peso quem vive na consolação do Espírito, que é também Espírito de Verdade, pois nos faz mergulhar na gozo da Verdade que é Jesus. Ora, o mundo jamais poderá experimentar esse Espírito! Jamais poderá experimentar o Evangelho como consolação, jamais poderá experimentar e ver que Jesus está vivo e é doce e suave vida para a nossa vida! Por isso mesmo, o mundo jamais poderá compreender as exigências do Evangelho: aborto, casamento gay, assassinato de embriões com fins pseudo-científicos, assassinato de embriões anencéfalos, eutanásia... Como o mundo poderá compreender as exigências do Evangelho se não conhece o Cristo? “O mundo não mais me verá!” Nunca nos esqueçamos disso!
É essa experiência viva de Jesus no Espírito que nos dá a força cheia de entusiasmo na pregação como Filipe, na primeira leitura. Dá-nos também a coragem e o discernimento para dar ao mundo “a razão da nossa esperança”, santificando o Senhor Jesus em nossos corações, isto é, pregando Jesus primeiro com a coerência da nossa fé na vida concreta e, depois, com respeito pelos que não crêem como nós, mas com a firmeza de quem sabe no que acredita! Dá-nos, enfim, a graça de participar da cruz do Senhor, ele que “morreu uma vez por todas, por causa dos nossos pecados, o justo pelos injustos, a fim de nos conduzir a Deus”. Assim, com ele morreremos para uma vida velha e ressuscitaremos no Espírito para uma vida nova. Eis! Esta será sempre a grande novidade cristã, o centro, o núcleo de a nossa identidade e nossa força! Nunca esqueçamos disso! Vamos! Sigamos o Senhor! Abramo-nos ao seu Espírito!
dom Henrique Soares da Costa
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Jesus continua preparando seus discípulos para o momento de Sua volta para o Pai. Ele sabe de todas as perseguições que Seus seguidores vão sofrer para permanecerem fiéis aos Seus ensinamentos, e é, neste momento, então, que os tranquiliza dizendo que não ficarão sozinhos: Eu pedirei ao Pai e Ele dará outro Auxiliador, o Espírito da verdade.
O texto do Evangelho mostra a grande importância da presença do Espírito Santo na vida da comunidade primitiva, assim como o é nos dias de hoje, também.
O Espírito Santo, designado por João com o termo Paráclito, possui muitos significados: advogado, protetor, assistente e também “Animador e iluminador” no processo interno da fé, e é desta forma que Ele está presente na vida da comunidade dos que amam a Jesus e praticam seus ensinamentos, continuando a obra que Ele começou.
Assim como no Antigo Testamento Deus defendeu e protegeu seu povo, o Espírito de Jesus ressuscitado defenderá os que seguem o caminho que Ele traçou. O importante é manter a adesão ao projeto de Jesus.
Isto manterá firme a estreita relação com Ele e com o Pai. “Quem me ama, será amado por meu Pai. Eu também O amarei e me manifestarei a ele.”
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paraclito, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,15-16).
Na semana passada falamos da mútua in-existência das três Pessoas divinas entre si e da in-habitação trinitária na nossa alma em graça. Deve ficar bem claro: as relações do homem com Deus tem que ser uma imagem daquelas relações que há na intimidade de Deus entre as três Pessoas divinas. O Pai e o Filho relacionam-se no Amor, ou seja, no Espírito Santo.
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Poderíamos fazer a oração negativa, tão verdadeira quanto a afirmativa: se não me amais, não guardareis os meus mandamentos. A moral cristã não é a moral dos heróis, dos gigantes da vontade, daquelas pessoas que à força de teimar e teimar conseguem chegar à meta. Lembro-me de uma das aulas do já falecido bispo emérito da Diocese de Anápolis, D. Manoel Pestana Filho. Animando-nos a estudar muito, ele dizia que “um gênio é 5% de inspiração e 95% de transpiração”. Aquele santo bispo nos animava a ser estudiosos de verdade. Hoje eu gostaria de utilizar a frase dita pelo D. Manoel, mas mudando-a um pouquinho para servir ao meu propósito, e sem pretensões matemáticas do mistério: “um cristão é 95% graça de Deus e 5% de esforço pessoal”.
A graça de Deus e o seu amor é o que nos vai construindo a cada momento. Podemos e devemos lutar, mas – como diz o Salmo – “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (126,1). Com o passar do tempo, a experiência nos vai mostrando a importância de confiar mais na graça de Deus que nas nossas próprias forças. Os nossos propósitos, por mais firmes que sejam; a nossa luta, por mais heróica que venha a ser; os meios humanos dos quais dispomos, por mais seguros que nos pareçam… Tudo isso estaria destinado ao fracasso, dentro de pouco ou muito tempo, se não fosse a ajuda de Deus. Essa ação de Deus criou em nós, no momento em que fomos batizados, um dinamismo novo que nos capacitou para viver a nova vida em Cristo.
É possível cultivar o amor? Em primeiro lugar, a caridade inicial ninguém a merece, a recebemos no momento do nosso Batismo sem mérito algum da nossa parte. Depois de batizados, podemos atrair mais o amor de Deus para nós.
Todos os anos em Barcelona, na Espanha, no dia de S. Jorge, o namorado ou o esposo tem que dar uma rosa à sua namorada ou esposa. A sua vez, a namorada ou esposa tem que presentear o seu namorado ou esposo com um livro. Eu, pessoalmente, acho que o homem sai ganhando porque o livro se conserva durante anos, enquanto a rosa… Mas tudo bem.
Passeando pelas ruas daquela grande cidade, quem não conhece essa tradição poderia ficar um pouco espantado ao perceber que a cada 10 minutos algum comerciante oferece em plena rua uma rosa para ser comprada e, posteriormente, presenteada. Graças a Deus, existem aqueles casais anciãos aos quais não dá vergonha perguntar o porquê de tudo aquilo sem temor a passar por ignorante. Futuramente, se pode descobrir a raiz mais profunda desse costume. É nesse momento que passamos para o campo da lenda, da estória. Conta-se que num reino muito distante e há muitos séculos atrás existia um dragão muito, mas muito mau, e que comia as donzelas da região. Um dia, o dragão malíssimo queria tragar a princesa. Então Jorge, um soldado romano, enfrentou a fera, matou-a e do sangue do dragão brotou uma rosa que, o destemido soldado entregou reverentemente à princesa. Os homens até hoje entregam uma rosa às suas amadas.
E o livro? É simplesmente porque ao dia de são Jorge, celebrado aos 23 de abril, antecede o dia da morte de Miguel de Cervantes (22 de abril), máxima expressão da literatura espanhola. Assim os homens não fiquem sem presentinho. E que presentinho… um livro!
Quando pensamos no amor de Deus e na nossa correspondência humana, a comparação com esse costume barcelonense é válida, ainda que imperfeita. Deus nos presenteia com a sua graça, o dom mais valioso que podemos receber nesse mundo. Não se trata simplesmente de um livro, mas daquele livro do qual fala o Apocalipse: “um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos” (Ap. 5,1). Esse livro, que contém os desígnios de Deus para a história universal e para a nossa história pessoal, pode ser aberto somente por Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, a vítima de propiciação pelos nossos pecados que nos mereceu a salvação e a graça. Ele nos entrega o plano de Deus para as nossas vidas. Esse plano inclui todas as virtualidades provindas do Trono da graça e que nos ajudam na realização da vontade de Deus. E nós, o que vamos entregar a Deus? Uma flor, uma correspondência à sua graça cada vez mais leal e fiel que atraia o Coração amoroso de Deus para que continue derramando as suas graças sobre nós. A flor pode até murchar logo. Nós seguiremos sendo santamente teimosos na luta por ser melhores; daremos a Deus outra flor, outro empenho de seguir adiante, outros propósitos de uma entrega mais generosa. Não obstante, a partir de agora confiaremos mais na graça de Deus. É questão de humildade, de verdade.
padre Françoá Costa
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A Promessa de Jesus
Hoje celebramos o VI Domingo da Páscoa! A Igreja celebra nos próximos dias duas grandes festas: Ascensão e Pentecostes; convida-nos a ter os olhos postos no Céu, a Pátria definitiva a que o Senhor nos chama.
O Senhor prometera aos seus discípulos que, passado um pouco de tempo, estaria com eles para sempre. “Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, tornareis a ver-me…” (Jo 14,19-20). O Senhor cumpriu a sua promessa nos dias em que permaneceu junto dos seus após a Ressurreição, mas essa presença não terminará quando subir com o seu Corpo glorioso ao Pai, pois pela sua Paixão e Morte nos preparou um lugar na casa do Pai, “onde há muitas moradas. Voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14,2-3). Os Apóstolos, que se tinham entristecido com a predição das negações de Pedro, são confortados com a esperança do Céu. A volta a que Jesus se refere inclui a sua segunda vinda no fim do mundo e o encontro com cada alma quando se separar do corpo. A nossa morte será precisamente o encontro com Cristo, a quem procuramos servir nesta vida e que nos levará à plenitude da glória. Será o encontro com Aquele com quem falamos na nossa oração, com quem dialogamos tantas vezes ao longo do dia. Da Oração, do trato habitual com Jesus Cristo, nasce o desejo de nos encontrarmos com Ele. A fé purifica muitas das asperezas da morte. O amor ao Senhor muda completamente o sentido desse momento final que chegará para todos. O pensamento do Céu nos ajudará a superar os momentos difíceis. É muito agradável a Deus que fomentemos a virtude da esperança, que está unida à fé e ao amor, e que em muitas ocasiões nos será necessária. Ensinou São Josemaria Escrivá: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (Caminho, nº 139). Devemos fomentá-la nos momentos em que a dor e a tribulação se tornarem mais fortes, quando nos custar ser fiéis ou perseverar no trabalho ou no apostolado. O prêmio é muito grande! Está no dobrar da esquina, dentro de não muito tempo. A meditação sobre o Céu deve também estimular-nos a ser mais generosos na nossa luta diária “porque a esperança do prêmio conforta a alma para que empreenda boas obras”( S. Cirilo de Jerusalém). O pensamento desse encontro definitivo de amor a que fomos chamados nos ajudará a estar mais vigilantes nas nossas tarefas grandes e nas pequenas, realizando-as de um modo acabado, como se fossem as últimas antes de irmos para o Pai. O pensamento do Céu, agora que estamos próximos da festa da Ascensão, deve levar-nos a uma luta decidida e alegre por tirar os obstáculos que se interpõem entre nós e Cristo, deve estimular-nos a procurar sobretudo os bens que perduram e a não desejar a todo custo as consolações que acabam. Jesus promete aos discípulos o envio de um defensor (Jo 14, 16-17), de um intercessor, que irá animar a comunidade cristã e conduzi-la ao longo da sua história. Trata-se do Paráclito que é o nosso Consolador enquanto caminhamos neste mundo no meio de dificuldades e sob a tentação da tristeza. “Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados. A presença e a ação do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara” (Cristo que passa, nº 128). Invoquemos sempre o Espírito Santo! Ele é a força que nos anima e sustenta na caminhada cotidiana e nos revela a verdade do Pai.
mons. José Maria Pereira
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EPÍSTOLA (1Pd. 3,15-18)
CRISTO MODELO. Consagrai, portanto, o Senhor Cristo em vossos corações, preparados sempre para a defesa a todo aquele que vos pedir uma prova acerca de vossa esperança (15).
SANTIFICAI: o grego agiasete é o aoristo imperativo do verbo agiazö, cujo significado é fazer, declarar ou designar como sagrado, santo ou divino um lugar, uma coisa ou uma pessoa. Daí consagrar e também venerar ou no caso adorar e cultuar. Com isto quer dizer o apóstolo que devemos render culto interior a Cristo como a nosso Senhor e Deus. PREPARADOS é a tradução de etoimoi com o significado de prontos, preparados, dispostos a realizar alguma coisa. DEFESA é a tradução escolhida para o grego apologia com o significado de defesa, argumento, alegação, testemunho, prova e razão. É a palavra que emprega Paulo quando prisioneiro diz aos de Filipo que os retem no seu coração, porque foram participantes tanto de suas prisões como na defesa [apologia] e confirmação do evangelho (Fp. 1,7). PROVA em grego logos é um vocábulo que em geral significa a palavra saída da boca, mas que tem uma série de significados, como decreto, mandato, preceito, profecia, declaração, aforismo, máxima, discurso, instrução, conversa, doutrina, razão, causa, consideração, avaliação, resposta a um juízo. Conforme esta última acepção temos escolhido PROVA ou talvez razão sobre a ESPERANÇA do grego elpis com o significado cristão de alegre e confidencial expectação da eterna salvação. A esperança é uma virtude cristã própria, pois é a que nos propõe o triunfo da vida sobre a morte e da bondade sobre o pecado e a injustiça.
A CONSCIÊNCIA. Mas com mansidão e temor, tendo boa consciência, para que, no que sois caluniados, sejam confundidos os que ofendem vossa boa conduta em Cristo (15).
MANSIDÃO do grego praytës com o significado de suavidade, brandura em disposição, bondade, mansidão, humildade. Este trecho está unido ao versículo anterior em algumas traduções como a KJV. Unida ao TEMOR, fobos medo, temor, pavor e, finalmente, reverência que sentimos quando falamos com um superior a quem devemos obediência e respeito. E é neste último aspecto que devemos usar a palavra. A tradução direta de Lacueva diz em espanhol con mansedumbre e respeito. Esta é a tradução que parece mais conforme com o pensamento do autor.
CONSCIÊNCIA em grego com os significados seguintes: ser conscientes de uma coisa, como em Hb. 10,5: purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. A faculdade da alma que distingue entre o bem e o mal feito como em Rm. 9,1: Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo). No nosso caso é um impulso interior, dirigido ao bem de modo que a resposta a estímulos alheios seja para a vitória do bem. Assim, CALUNIADOS do presente do verbo katalaleö com significado de falar contra ou mal de uma pessoa; literalmente eles falam mal seguido de sejam CONFUNDIDOS do verbo kataischynö de significado desonrar, degradar, envergonhar, repulsar. Neste caso optamos por traduzir sejam envergonhados ou confundidos. E quais são eles? Pois os que OFENDEM com o significado de insultar, tratar com desprezo, acusar falsamente, ameaçar, intimidar. Podemos optar por insultar ou acusar. Insultam ou acusam da CONDUTA como conduta, modo de se comportar, procedimento. Como conclusão, temos que Pedro escreve em momentos de perseguição, quando os cristãos eram levados à frente das autoridades para serem interrogados sobre sua fé e sua conduta. As palavras gregas apologia e aitein logon eram términos legais, usados nos tribunais. Assim, ao se declarar seguidores de Cristo com a esperança posta na herança do Reino, sua conduta ratificaria de modo convincente, que não eram nem simuladores nem se serviam da mentira para própria vantagem e benefício.
ENTRE O BEM E O MAL. Pois melhor fazendo o bem padecer, se Deus quer, do que fazer o mal (17).
MELHOR com o significado de mais útil, mais vantajoso, excelente. Como falta o verbo ser, podemos deduzir que o grego é uma tradução de um texto em aramaico, como dizem foi feito por Silvano (5,12) ou Silas, companheiro de Paulo na primeira viagem (At. 15,22), do texto original, ditado por Pedro.
PADECER infinitivo do verbo paschö, com o significado de estar afetado, ter uma experiência sensível para o bem ou para o mal e, neste caso, padecer.
SE DEUS QUER, no grego ei thelei to thelëma tou Theou que em tradução direta é se quer a vontade de Deus. THELËMA. É vontade, escolha, inclinação, anseio, desejo especialmente se tratando dos propósitos de Deus com respeito à salvação. Portanto, é excelente e está no propósito de Deus, padecer [perseguição] por fazer o bem, antes do que ser castigado por fazer o mal. Tenhamos em conta que Pedro escreve aos do Ponto, Galácia, Capadócia e Ásia Menor em momentos de perseguição. As perseguições não foram extensivas a todo o Império, a não ser a de Décio (250-51) e posteriores. É possível que não fosse a perseguição em si mesma, mas o que aconteceu com Paulo em diversas cidades, agitadas e rancorosas da parte dos judeus especialmente, pois a primeira perseguição em termos de morte por edito foi a de Nero (64-68), posterior a carta de Pedro.
PARADIGMA DE CRISTO. Já que também Cristo, uma vez padeceu pelos pecados, justo pelos injustos, para nós oferecer a(o) Deus; morto certamente em carne, mas sendo vivificado em espírito (18).
Pedro apela agora ao exemplo de Cristo, predestinado nos planos do Pai como paradigma do verdadeiro cristão e não unicamente como promotor da vida e reconciliação com Ele. O também indica que Jesus não ficou alheio a essa paixão e sofrimento de que Paulo trata entre os cristãos da Ásia Menor no seu tempo.
JUSTO pelos INJUSTOS, logicamente se refere a Jesus, que foi chamado o Justo (At. 3,14) pelo mesmo Pedro, no discurso do templo, após a cura do coxo de nascença. Como tal vítima, ele se ofereceu a Deus e foi sacrificado [morto na carne], mas, foi vivifivado em espírito. Esta última frase pode ter o sentido de que foi o Espírito de Deus que ressuscitou seu corpo ou foi ele, como Deus que é espírito, quem viveu sem experimentar a morte e corrupção. Com essa frase, Pedro afirma indiretamente a ressurreição de Cristo, causa e modelo também dos que com ele, como diz Paulo, padecemos para triunfarmos com ele (Rm. 8,17).
Evangelho (Jo 14,15-21)
Este evangelho é uma parte do discurso na última ceia de Jesus com seus doze discípulos. Um discurso de despedida como se fosse um testamento em vida. No trecho de hoje, encontramos quatro partes bem diferenciadas: A promessa do Paraklétos, uma breve separação, uma presença que só os discípulos experimentarão para entender que Jesus e o Pai são uma mesma coisa [um único Deus] e uma recomendação para os que o amam de guardar os mandatos como prova do amor e para que tanto o Pai como o Filho possam se manifestar a eles. João apresenta o Parákletos como o Espírito que comunica a Verdade, que sempre acompanhará os seus discípulos. Neste sentido será o Mestre interior que supre as palavras do Mestre exterior que era Jesus.
SE ME AMAIS. Se me amais, os preceitos, os meus, guardai (15).
OS PRECEITOS: O verdadeiro amor se distingue da paixão e do interesse, porque aquele se dedica totalmente à pessoa amada, é um serviço, cumprindo, antes de tudo, os desejos da mesma. Neste caso, os entolai, traduzido ao latim por mandata, são preceitos particulares ou recomendações de Jesus. O grego distingue entre nomos [a lei geral, essencialmente de Moisés], entolê [preceito, norma ou mandato particular que podemos traduzir por ordem] e dogma [decreto de uma autoridade, promulgado publicamente]. Como preceitos especiais de Jesus são algo mais do que o mandato novo de se amarem como ele os amou (13,43). Podemos afirmar que os mandatos, aos quais Jesus agora se refere, constituem todo o conjunto que chamamos de evangelho, e especialmente os trabalhos que deviam se realizar na difusão do mesmo.
GUARDAI: O texto grego está no imperativo embora muitas traduções prefiram o futuro: Se me amais observareis meus mandamentos (Jerusalém). A tradução seria, pois: se me amais guardai meus mandatos. Mais que mandatos poderíamos traduzir por recomendações ou talvez melhor, ordens? Como resultado Jesus dirá no versículo 21: Quem se atém às minhas ordens e as cumpre, esse é que me ama. Como sabemos, as ordens entram no mundo íntimo e particular das pessoas por elas relacionadas. Ordem é algo que se faz de mim para ti, entre duas pessoas intimamente dependentes. Jesus aqui toma o lugar de Javé no AT, cujo Shemá [ouve] começava com estas palavras: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração (Dt 6, 5). Jesus exige esse amor que se tornará visível no cumprimento de suas exigências. O sentido é de que o amor é causa de que a palavra ouvida seja guardada como quem conserva, em depósito, uma fórmula sagrada.
E EU SOLICITAREI. Pois eu rogarei ao Pai e outro Parácleto vos dará a fim de que permaneça entre vós para sempre (16).
O Verbo erotao é próprio de Jesus e mais que orar significa requerer, perguntar e, por isso, temos traduzido por solicitar. O verbo pedir, orar, próprio dos discípulos, é aiteuo. Jesus exige do Pai o Parákletos, sempre que os discípulos o necessitem para cumprir as normas recomendadas por Jesus para a difusão do evangelho. No versículo seguinte explicaremos o significado da palavra Parákletos.
PARA SEMPRE: O envio do Espírito está submetido à ausência de Jesus. Mas sua permanência será eis ton aiona. In aeternum, traduz a vulgata. Para sempre. A palavra grega aion é um nome masculino derivado de aiei [sempre] e on[estando] que significa tempo, duração, vida, eternidade, século, idade, geração. Tem diversos significados, como vemos, e tanto no plural como no singular, especialmente na frase de João eis ton aiona significa para a eternidade, ou como traduzem algumas bíblias, para sempre, para não confundir eternidade com o além. Precisamente, vendo a expressão, podemos deduzir que o quarto evangelho é o trabalho de um único redator. A frase sai 9 vezes em João e unicamente uma em Lucas (1,55) sendo outra vez no plural (1,33) e com o mesmo significado. Duas vezes em Marcos (3,29 e 11,14) e só uma vez em Mateus (6,13) e num versículo provavelmente adicionado ao Pai Nosso por outra mão: teu o reino, o poder e a glória para sempre. É interessante ver que aion significa, nessas passagens de João, a eternidade ou para sempre; isto é, sem limites, sem ser condicionado pela vida dos apóstolos ou, como diz Mateus, até o término do século.
OUTRO PARÁCLITO. O Pneuma da verdade o qual o Kosmos não pode receber porque não o vê nem o conhece, mas vós o conheceis porque junto a vós permanece e em vós estará (17).
PARÁKLETOS: a palavra é própria do evangelho de João e sai 4 vezes nos capítulos 14 a 16 e uma vez em 1Jo 2,1, esta última com um significado diferente como advogado defensor, intercedendo pelos pecados do discípulo. Neste caso esse advogado é Jesus Cristo. Vejamos o significado próprio deparákletos. Derivado do substantivo paráklesis [chamado de auxílio] significa advogado defensor. Como termo evangélico tomado por João, temos sua definição nas diversas passagens dos capítulos antes citados. Estas são as passagens das quais podemos deduzir, segundo o evangelista João, as qualidades e tarefas do Parákletos: 14,26; 15,26 e 16,7. Em todas elas o latim traduz por paraclitus. Os evangélicos, seguindo a versão de Lutero, traduzem o grego original por Consolador ou Confortador. Num comentário bíblico dizem que tem o mesmo significado de MENAHEM, confortador, de 2Rs. 15, 4 nome do rei de Samaria (752 a.C. - 742 a.C.) e que este título era atribuído pelos judeus ao Messias. Também os judeus falam de Parákletos com o significado de advogado ou defensor com a seguinte frase: Quem cumpre um mandamento obtém um paráklito [sic em hebraico]; e quem transgride um mandamento, gera um acusador. Como vemos, os judeus contemporâneos de Jesus, usavam a mesma palavra de João para apontar o advogado defensor. As bíblias católicas, modernas, vernáculas, traduzem defensor [esp], protector [latino am], advogado [port], helper [ingl], protecteur[fra], e paraclito[it]. A natureza do Paráclito era ser Espírito. Logo não pode ser visto nem experimentado. Consequentemente não será visível, mas atuará no escuro e no silêncio. Aparentemente nada será percebido pelos que não são discípulos. Só pode ser notado nos seus efeitos ou atuações. E isto de duas maneiras: a mais frequente, modo humano, como dizem os teólogos místicos; neste caso, nem mesmo o possuidor do Espírito se dá conta de que sua mente e seus sentimentos proveem de uma causa superior e externa; pois parece que são próprios e encontrados por pesquisa ou por casualidade. A segunda é modo divino ou sobrenatural, em cujo caso, a intervenção do Espírito é clara a todos os presentes, como testemunhas. Tal foi o caso da xenoglossia [falar línguas estranhas] de Pentecostes (At. 2,4). Porém, neste caso, as palavras de Pedro, ditadas sem dúvida pelo Espírito, pareciam ter origem numa reflexão humana quando diz: Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Messias, esse Jesus a quem vós crucificastes (At. 2,36). Podemos dizer com Paulo que a mente e o coração [sentimento] do homem natural [psíquico] foram substituídos por uma mente e um sentimento superiores formando o homem espiritual (1Cor. 15,44). Atributos próprios: ele é Sagrado [ágios] que podemos traduzir por Divino, de natureza não criada, exatamente como o Deus de Israel (14,26). Um outro atributo é de ser Espírito da Verdade (15,26). Contrariamente ao mundo e ao seu príncipe [o diabo], ele é Espírito da Verdade e, como tal, verdadeira testemunha da principal verdade humana [ou respeito ao homem]: a verdade sobre Jesus. A VERDADE não vence, mas convence. Ela nos liberta do erro, da mentira e da morte que têm como origem e fruto o pecado, cujo pai é o diabo, aquele que disse: vossos olhos se abrirão [a uma falsa verdade] e sereis como deuses (Gn. 3,5). Por isso, Jesus dirá aos judeus que não acreditavam em suas palavras [do Logo de Deus], que tinham como pai o diabo, o pai da mentira (Jo, 8,48). A VERDADE fundamental é conhecer e reconhecer [como Senhor] que Jesus é o Filho de Deus encarnado. Este reconhecimento nos torna livres, porque seremos amigos do Filho e não escravos, já que o amigo conhece a VERDADE do Filho (Jo 15, 15). Nós, os cristãos, não somos como os judeus, filhos de Abraão e, portanto, escravos na casa do Pai comum, mas amigos e livres pois o Pai nos tornou filhos no Filho pela fé em Cristo Jesus (Gl. 3,26). Assim se tornam os que se deixam guiar pelo Espírito de Deus (Rm. 8,14) que receberam o espírito de filhos adotivos que nos faz exclamar, Abbá (Rm. 8,15). Por isso a VERDADE de Jesus se torna a nossa Verdade, a de filhos de Deus. Nos liberta do pecado em que incorreram inicialmente os judeus e que consiste em não crer em Jesus (Jo 16, 9). Foi por isso que o julgaram como blasfemo e impostor [falso Messias] e assim o entregaram à autoridade romana para que o condenasse à morte e o crucificasse (Lc. 24,20). O Espírito substitui Jesus, pois é necessária a ausência deste último para que ele o envie (16,7). É, pois um Espírito enviado tanto pelo Pai (14,16 e 26) como pelo Filho (15,26 e 16,7). Procede do Pai (15.26) porque é o Espírito do Pai que falará em vós (Mt 10,20). Ele é enviado, porque ele fala as palavras do Pai, assim como Jesus também falava, ele pode ser tanto chamado de o enviado do Pai como de o enviado do Filho. Está, pois, para o serviço dos homens, especialmente dos discípulos de Jesus. Sua atuação: Uma de suas tarefas é ensinar e recordar as coisas ensinadas por Jesus (14,26). Daí que as palavras dos discípulos tenham o selo de verdadeiras profecias, no sentido de serem palavras cuja origem é divina. Outra tarefa é ser prova testemunhal de Jesus como principal testemunha, acompanhando os testemunhos dos discípulos (15,26) que escrevem ou são relatados em cartas e escritos por eles aprovados e que constituem o NT. É o Espírito, testemunho de cargo, que estabelecerá a culpabilidade e libertará da mentira do mundo, pois este último é causa do pecado por manter a injusta mentira de ver Jesus como culpado e ter dado origem a uma demanda de seus representantes, tanto religiosos quanto civis, resultante numa condenação que não devia ter acontecido; porque a condenação foi injusta e falsa. Por isso poderá João afirmar que o mundo não o conheceu (1,10). Nos julgamentos judaicos não existia o papel de advogado defensor que era substituído pelas testemunhas de descarga favoráveis ao réu. E este foi precisamente o rol do Espírito, testemunhar em favor de Jesus como diz 16,8 estabelecendo a culpabilidade dos três grandes causadores da morte de Jesus: o mundo [inimigo do reino], o pecado [como se fosse um ser pessoal ao estilo de Paulo] e o Príncipe deste mundo, que é Satanás. O Espírito atuará como testemunha da santidade [justiça] de Jesus, como Filho do Pai, pois agora está à direita dEle.
ESPÍRITO DA VERDADE: Pode ter dois significados: verdade, como possessiva, e o significado seria essa Verdade como adjetivo ou qualidade do Espírito; sendo a sua tradução Espírito Verdadeiro contrário de espírito mentiroso. E uma segunda acepção: verdade como objeto e a tradução seria Espírito que propaga a Verdade que é a testemunha da mesma e a protege, cooperando com ela. Neste sentido, acabamos de ouvir a homilia do novo papa. Quando em 24 de março de 1977 aceitou, a pedido de seu confessor, o cargo de Arcebispo de Munique, ele tomou como moto ou lema Cooperatores Veritatis [cooperadores da Verdade]. Este lema era precisamente o escolhido por são José de Calasanz para indicar o espírito dos membros de sua Ordem, educadores dedicados às crianças nas suas escolas. A expressão é tomada da III epístola de João versículo 8. É acolhendo aos que pregam o nome de Jesus, que seremos cooperadores da Verdade, diz João. E o Papa é uma testemunha moderna das palavras de Jesus: Ele fala da Caridade da Verdade. Fazendo o bem, somos de Deus (3 Jo 11) afirma João, e assim seremos cooperadores da Verdade. O Espírito da Verdade não deve só mostrar a Verdade aos discípulos e ser testemunha da mesma perante o mundo, mas, dentro desse testemunho, entra o modo como essa Verdade é anunciada: por meio da caridade. A caridade é o amplificador que, no mundo moderno, tão surdo a outras maneiras de pregar a verdade, mostra-la-á com toda claridade, como diferente da mentira e hipocrisia que o dominam. Porém também a caridade ou o amor deve ser a lente com a qual devemos olhar os problemas do mundo e nossos problemas individuais. O aborto, a eutanásia, o relacionamento sexual julgam-se no mundo moderno partindo de bases diferentes do verdadeiro amor. Cortamos o vínculo fraterno que deve unir essas questões conosco e unicamente os julgamos do ponto de vista egoísta. Os princípios do mundo são a liberdade e a vantagem, esta última mascarada como felicidade: são os que dirigem o politicamente correto, o economicamente rentável e o socialmente desejável. Mas vemos que na convivência humana esses dois princípios [liberdade e vantagem] são insuficientes e até poderíamos dizer que constituem uma doutrina destrutiva socialmente. O amor, a entrega e o serviço são os únicos princípios válidos que unem e devem reger as mentes e governar as condutas para uma convivência pacífica. Princípios que aglutinam e não desagregam os diversos grupos humanos. Eles são a Verdade da vida. Por isso, como dizia um jovem, é hora de dizer basta já! Basta de consumismo, de dinheiro, de fama, de egoísmo; e vamos deixar passagem ao trabalho, à lealdade, ao bem comum. Vamos acreditar de novo na bondade das pessoas e viver de novo o amor. Esse amor que constitui a essência divina revelada ao homem em Jesus; porque o Pai tanto amou o mundo que entregou seu Filho (Jo 3,16). E foi esse mesmo Espírito Divino que por meio de Jesus afirma que veio não para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate (Mc. 10,45). Vida que encontraremos, perdendo-a, em proveito dos outros (Mc. 8,35).
O KOSMOS: A palavra grega na realidade significa ordem, um sistema harmônico como amostra de beleza, do qual o universo é uma imagem perfeita pela harmonia dos astros e sua beleza noturna. Daí passou a determinar a terra, centro do mesmo, e a humanidade, parte essencial desta última. No evangelho de João, o mundo em geral, é considerado como inimigo do evangelho. Evidentemente que usando os princípios do egoísmo, anteriormente enunciados, o Espírito de Amor e Verdade não pode ser recebido pelo mundo porque o Kosmos não o vê, nem o sente; já que a vista do Espírito se identifica com o sentimento que ele deixa naquele que o recebe como presença viva. O mundo não o conhece: tudo que o Espírito pede e exige é absurdo diante de um egoísmo frontal que tem sido o deus do mundo ou o espírito do mesmo. O Espírito busca a verdade em princípios opostos aos do mundo. Segundo os princípios do mundo os outros estão para me servir e o domínio exercido sobre eles é a base do próprio engrandecimento e felicidade (Mc. 10,41). Por isso o politicamente correto, o economicamente rentável e o socialmente majoritário não devem ser as metas dos discípulos de Jesus.
OS DISCÍPULOS devem reconhecer unicamente a base do amor e do serviço, como eticamente verdadeiros para lograr como fim a convivência humana. O outro, sua felicidade, seu bem-estar, serão a base de meu pensamento, de minha atuação como discípulo de Cristo, porque devemos amá-lo como a nós mesmos (Mt. 22,39). Jesus, pois, afirmará: vós, pois, conheceis o Espírito, pois entre vós permanece e dentro de vós estará. O conhecimento do Espírito deu-se em primeiro lugar quando abandonaram tudo e seguiram Jesus (Mc. 10,28). Compreenderam que nesse seguimento e discipulado tinham encontrado as palavras de Vida Eterna, palavras da Verdade, una e indivisível, pois em Jesus está a luz e a luz é a vida do homem (Jo 8,12). A fé, confirmada pelas aparições de Jesus, tornava os discípulos verdadeiros mestres da Verdade, essa Verdade que não era conhecida nem reconhecida pelo mundo, mas que espalhar-se-ia como fundamento do Reino em que Jesus era também caminho e vida.
ÓRFÃOS. Não vos deixarei órfão: estou vindo a vós (18). Ainda um pouco e o mundo não mais me vê, mas vós me vedes porque eu vivo e vós vivereis (19).
A palavra órfão significa abandonado e os apóstolos não se sentirão abandonados porque Jesus, além de voltar, lhes deixa o Confortador. O grego emprega o presente ercomai que a Vulgata traduz pelo futuro veniam, virei. Indica que a presença de Jesus é imediata, com uma ausência temporal muito breve, isto é, minha partida não será definitiva, porque me vereis em breve, embora não me manifeste ao mundo. Porque eu vivo, também vivereis vós (19). Que significa esta última frase? O emprego em presente dos verbos indica uma tradução literal de uma linguagem semítica, que devemos interpretar temporalmente. Eu vivo seria o mesmo que eu estou sempre vivo e não vou morrer definitivamente. E a minha vida é causa de que a vossa esteja também viva e a morte não possa terminar a sua obra definitiva. Jesus aponta que a sua ressurreição é a causa da ressurreição de todos os discípulos.
NAQUELE DIA. Naquele dia conhecereis que eu no meu Pai e vós em mim como eu em vós (estou).
No grego falta o verbo, que temos colocado ao fim da frase como estou e que bem podia ser sou. Precisamente esse verbo não existe no aramaico como no hebraico e assim vemos como o texto é fiel ao original. A Vulgata coloca o verbo na primeira parte da frase correspondente: sum in Patre, assim corrigindo gramaticalmente o texto original. Que significa esta afirmação de Jesus? A tradução do estou não é completa. Com um exemplo o veremos melhor. Para dizer o livro é vermelho, em hebraico diríamos o livro vermelho. O verbo que falta é o verbo copulativo ser. Podemos, pois, traduzir a frase como eu vivo [sou] no meu Pai como vós viveis em mim e eu estou vivo em vós. É uma identidade de vida ou comunhão de existência que implica unidade de espírito, manifestada em pensamento e vontade, conseguida pela entrega total, pelo amor. Daí a conclusão do versículo seguinte. Com este versículo, assim como com Rm. 8,9-11 Jesus aponta para a inhabitação trinitária.
OS PRECEITOS. Quem conserva meus preceitos e os guarda, esse é quem me ama. Quem, pois, me ama será amado por meu Pai e eu o amarei e me manifestarei a ele (21).
O evangelista será mais explícito em 14,23 onde pressupõe o amor como base dessa inhabitação: o amor, que repetirá na sua carta em 1 Jo 4, 16. Leão XIII dirá: Deus, por meio de sua graça, está na alma do justo em forma a mais íntima e inefável, como em seu templo. E disso se segue aquele mútuo amor pelo qual a alma está presente em Deus e está nele mais do que acontece entre os amigos mais fieis, e goza dEle com a mais gostosa doçura. E esta união admirável, que propriamente chamamos de inhabitação, só em condição e não em essência, se diferencia da que constitui a felicidade no céu… morada que se dá na alma amante de Deus. Vivida experimentalmente [a manifestação de que fala Jesus] constitui o último degrau da mística. Essencialmente, segundo santo Tomás, consiste:
1º) numa presença física das Pessoas Divinas que produzem e conservam em nós a graça e os demais dons sobrenaturais e que ele denomina de presença dinâmica.
2º) Presença intencional que não é outra que a potestade de gozar de Deus pela inteligência e vontade em modo sobrenatural e amigável, como uma antecipação do gozo eterno. Essa presença intelectual e volitiva não é por motivos naturais, como são a razão e a submissão de uma criatura para com seu Criador, mas implica a fé e a caridade pelas quais nos encontramos com um Pai e gozamos de um amigo íntimo, que em nós inspiram um amor superior a todo outro conhecido. Por isso dirá Jesus que o modo dEle de permanecer entre os seus discípulos é o amor. O amor não só é símbolo, mas produz a união mais íntima e verdadeira. Portanto será no cumprimento dos preceitos que será reconhecido esse amor. Um modelo perfeito é o cumprimento dos planos do Pai por Jesus que por isso foi causa da complacência do mesmo. Também o discípulo que ama Jesus será amado do Pai e Jesus o amará e se manifestará a ele.
PISTAS
1) O Espírito da Verdade instaurou no Ocidente o lema filosófico fundamental:Vita impendere vero [arriscar a vida pela verdade] que foi pela primeira vez enunciado por Juvenal. Hoje nos perguntamos se são realidades fundamentais o amor, a justiça, o próximo, a paz, ou pelo contrário, o poder, o prazer, o imediatismo e o lucro, os que medem o valor das coisas e das pessoas?
2) Nesta luta cada vez mais atual entre as trevas e a luz pretendemos encontrar um terreno neutro como é o agnosticismo e o relativismo de uma posição cômoda sem compromissos?
3) Uma modernidade que podemos denominar selvagem em que a liberdade cega os olhos para não ver que a verdade é custosa porque nos limita; e que se nos deixarmos guiar pela liberdade como único norte, terminamos na libertinagem, porque seremos nós os que põem os limites que aliás só a nós favorecem. De fato, esta libertinagem está tomando conta da vida individual e social, destruindo a convivência e a paz.
4) Um olhar só para as ideias, sem se deter nos homens, é uma falsa doutrina porque coloca as coisas por cima das pessoas. As ideias, como os sujeitos, só serão boas se servirem para melhorar as pessoas. E o mundo só será melhor se as pessoas forem melhores.
5) Os momentos místicos de união são a prova mais relevante de que as palavras de Jesus eram verdadeiras. A manifestação de sua presença deu-se através dos séculos até os atuais em que sua presença foi sentida pelas almas místicas.
padre Ignácio
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O Espírito santo nos conduz
Nos primeiros anos (5 ou 6) após a morte de Jesus a Igreja permaneceu na cidade de Jerusalém. Os Apóstolos ainda não tinham entendido que o Evangelho deveria ser anunciado ao mundo inteiro. Foi com a perseguição aos cristãos e a morte de Estevão que os cristãos perseguidos fogem de Jerusalém e se dispersam por todas as cidades de Israel.
Eles vão anunciando a todos a Boa Nova da ressurreição de Cristo. A Igreja deixa de estar ligada somente ao Povo de Israel e se abre para os outros povos. A primeira leitura fala de Filipe, um dos sete homens escolhidos para servir aos pobres. Ele vai para a Samaria onde anuncia o Evangelho e batiza aqueles que abraçaram a fé.
É o Espírito que dá força às suas palavras e confirma com milagres a sua pregação. As pessoas estão muito contentes. Pedro e João que estão em Jerusalém vão até a Samaria para ungir os batizados com o Espírito Santo e principalmente para manter a unidade da Igreja.
São muitas as comunidades, são diferentes os ministérios e serviços, mas um só é o Evangelho, um só é o Cristo, por isso todos devem estar unidos na mesma fé e no mesmo amor. Uma só é a Igreja de Jesus presente em muitos lugares.
São Pedro na segunda leitura exorta os cristãos para não desanimarem diante das perseguições. O ódio não é contra os discípulos, mas contra Jesus Cristo, por isso é preciso estar muito unido a ele para enfrentar as provações e sofrimentos.
Os cristãos também devem estar sempre preparados para responder a todos os que lhes perguntarem o motivo da esperança que os anima. É preciso ter convicções profundas sobre os motivos da própria fé. Pede também para nunca usar palavras ofensivas e duras, não serem polêmicos ou agressivos, mesmo diante das injúrias e ameaças.
São Pedro diz que somente usando palavras suaves e mostrando um grande respeito e amor é possível criar disposições favoráveis, no coração daqueles que agridem, para aceitar a verdade.
Mesmo sofrendo, sempre fazer o bem. Seguir sempre o Exemplo de Cristo que também sofreu, mesmo tendo feito o bem a todos.
O Evangelho é a continuação do discurso de despedida de Jesus. Os discípulos entenderam que Jesus vai deixá-los, estão tristes e se perguntam como vai ser possível permanecer unidos a ele e amando-o.
Jesus promete que não vai abandoná-los e que vai enviar o Espírito Santo para permanecer sempre com eles. Mas quem poderá receber o Espírito Santo? Somente aqueles que o amam, que observam os mandamentos, que praticam o amor como ele amou e ensinou.
Quando Jesus diz que o mundo não pode receber o Espírito Santo, está falando do coração onde reina o mal, o ódio, o desejo de vingança, os maus sentimentos. O Espírito de Deus sempre nos conduz para o amor, a sermos generosos, a servir os irmãos.
O Paráclito é o Espírito protetor dos discípulos, por isso quem segue a Jesus não pode perder a paz do coração, a serenidade, a alegria e a esperança, apesar das dificuldades. É o Espírito que nos protege e nos ajuda para que na Igreja não tenha gente triste, cansada, medrosa e desanimada.
O Espírito da Verdade garante que a Igreja transmite a fonte pura do Evangelho. Ele abre os corações para a revelação de Deus. Ele introduz o discípulo na descoberta de toda a verdade. Ajudará a descobrir a mensagem de Cristo. Ele renova e dinamiza a vida da Igreja. Ele nos impulsiona para o estudo e aprofundamento da Palavra de Deus. Para buscar aquilo que favorece a vida de nossas comunidades, que aumenta a alegria, a paz e a esperança.
Quem se deixa conduzir pela ação do Espírito Santo, que guarda os mandamentos, torna-se morada de Deus.
padre Marcos Rech
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O amor se traduz em obras, não em boas razões
"Cada Santa Missa que assistires, alcançar-te-á, no Céu,
maior grau de glória". (são Jerônimo)
Leônidas, pai de Orígines, beijava o peito do pequeno filho dizendo: “Aqui mora a Santíssima Trindade”. Nós, batizados, somos Templos do Espírito Santo. Não estamos sós, porque Ele está conosco. Mas, devemos acolher e dar atenção a este hóspede ilustre para que esteja sempre feliz nessa morada.
Somos amigos de Deus quando observamos os mandamentos. Quando não tínhamos o uso de razão éramos inocentes; inculpáveis dos nossos atos. Deus habitava no nosso interior, passeando livremente como se de um jardim de Éden se tratasse. Com o passar do tempo, à medida que crescemos, adquirimos responsabilidade, de forma que livremente devemos conservar essa amizade com Deus com nossas obras.
Antes Deus morava espontaneamente na nossa vida, suprindo a nossa carência de liberdade, mas com o uso da razão, requer uma correspondência livre da nossa parte para permanecer.
Deus entra e fica... Quem realmente ama a Deus observa os Seus mandamentos. Deus entra no seu coração e permanece, porque o amor enche plenamente o seu coração, de forma que quando vem a tentação, não causará nenhum dano a este amor.
Devemos realmente considerar se com a língua, com o pensamento, ou com as ações estamos realmente amando a Deus. Quando existe amor, também existirão obras. Eu não conheço um jovem apaixonado que esteja isolado reprimindo o seu amor. Pelo contrário, manifestará à pessoa amada os sentimentos do seu coração, lhe fará carícias, dará flores no dia do seu aniversário, etc. A prova do amor está nas obras. Se há amor a Deus, far-se-á coisas grandes, mas se não houver obras, tampouco haverá amor.
Em alguns entra Deus, mas não fica. Deus entra na vida deles por duas razões principais: pela recepção do Batismo ou por um ato forte de compunção e arrependimento, mas em seguida se apresenta a tentação que faz esquecer essa compunção e a pessoa troca Deus pelo pecado. Assim, a alma deixa de ser templo de Deus para ser um hotel sujeito aos vaivéns dos prazeres da carne. Amamos a Deus quando orientamos o nosso prazer seguindo a norma dos Seus mandamentos. A causa pela qual Deus não permanece é que as suas obras perdem essa amizade.
Portanto, amamos a Deus quando orientamos o nosso prazer seguindo a norma dos Seus mandamentos. Amamos a Deus indo à Missa no domingo quando gostaria de continuar dormindo; amamos a Deus voltando cedo para casa sem fazer esperar a esposa amada; amamos a Deus quando não comprometo a minha saúde ou vida, nem daqueles ao meu redor, etc. Essas são as obras de alguém que valoriza o que tem: a amizade de Deus.
As obras são a coroa da presença de Deus. Se as nossas obras são más, é porque as palavras de Deus não repercutem na nossa vida, como diz o Evangelho, ou em outras palavras: Deus não habita em nós. Façamos um exame de consciência sobre as minhas obras e em oração coloquemos um propósito de adesão pessoal a Deus.
sem. Antonio Maldaner, LC
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O Espírito plenifica nosso batismo
A liturgia do sexto domingo pascal nos introduz na esfera de Pentecostes, aprofundando o significado da ressurreição de Cristo para nós. Pois, se a ressurreição é a vida de Cristo na glória, ele não a vive para si. Ele “ressuscitou por nós” (Oração Eucarística IV). A realização da ressurreição em nós, a presença vital do Cristo em nós, de tal modo que sejamos Cristo no mundo de hoje, o Espírito de Deus é que opera tudo isso, pela força de seu sopro de vida, pela luz de sua sabedoria, pelo misterioso impulso de sua palavra, pelo ardor de seu amor. Para completar a celebração da ressurreição, devemos abrir-nos agora para que esse Espírito penetre em nós.
1ª leitura (At. 8,5-8.14-17)
Na linha dos domingos anteriores, a primeira leitura descreve a expansão da Igreja, agora na Samaria. Também nessa nova fase, como na anterior, aparece o papel do Espírito Santo na comunidade cristã. Quando os apóstolos em Jerusalém ouviram que a Samaria tinha aceitado a palavra de Deus, mandaram Pedro e João para impor as mãos a esses batizados, para que recebessem o Espírito Santo (At 8,14-15). Tal prática não era necessária: há casos em que Deus derrama o Espírito mesmo antes do batismo (At 10,44-48). Mas, de toda maneira, a presente narração nos mostra que a vida cristã não é completa sem a efusão do Espírito Santo, que os apóstolos impetravam pela imposição das mãos. O Espírito une a todos, ele é o Espírito da unidade; por isso, os apóstolos de Jerusalém vão impor as mãos aos batizados da Samaria. Um resquício disso é, ainda hoje, a visita do bispo diocesano às paróquias para conferir o sacramento da crisma, prefigurado nesta leitura de At 8. Daí dizermos que, se a Páscoa foi o tempo liturgicamente propício para o batismo, a festa de Pentecostes, que se aproxima, é o momento propício para a crisma.
2ª leitura (1Pd. 3,15-18)
A segunda leitura nos conscientiza de que estamos em litígio com o mundo (cf. o evangelho). O mundo pede contas de nós, mas é a Deus que devemos prestar contas. Isso, porém, não nos exime de responder ao mundo a respeito de nossa esperança (v. 15). E essa esperança está fundada na ressurreição de Cristo. O mundo pode matar, como matou Jesus. Mas, no Espírito que fez viver o Cristo (v. 18), viveremos. Essa leitura traz a marca da teologia do martírio (melhor padecer fazendo o bem do que fazendo o mal). Porém, não devemos interpretá-la num sentido fatalista (“Deus o quer assim”...), e sim num sentido de firmeza, porque o cristão sabe que Cristo é mais decisivo para ele que os tribunais do mundo.
Evangelho (Jo 14,15-21)
O presente domingo continua, no evangelho, a meditação das palavras de despedida de Jesus. E essa meditação introduz – duas semanas antes de Pentecostes – o tema do Espírito Santo, que João chama “o Paráclito”, ou seja, o “assistente judicial” no processo movido contra o cristão pelo “mundo” (termo com o qual João indica os que recusaram o Cristo). O “mundo” indiciou o Cristo e seus discípulos diante do tribunal (perseguições etc.). Nessa situação, precisamos do Advogado que vem de Deus mesmo e toma o lugar do Cristo (por isso, Jesus diz: um outro Paráclito; Jo 14,16), já que seu testemunho vem da mesma fonte, o Pai. Graças a esse Paráclito, a despedida de Jesus não nos deixa numa situação de órfãos (v. 18). Jesus anuncia para breve seu desaparecimento deste mundo; o mundo não mais o verá. Mas os fiéis o verão, pois estão nele, como ele está neles. Tudo isso com a condição de guardar sua palavra e observar seu mandamento de amor: na prática da caridade, ele fica presente no meio de nós, e seu Espírito nos assiste. E o próprio Pai nos ama.
A iniciação cristã e a crisma
Os domingos depois da Páscoa sugerem o aprofundamento do sentido do batismo. Na mesma linha podemos considerar hoje o sacramento da crisma, que, com o batismo e a eucaristia, integra a iniciação cristã. Nas origens, o sacramento da crisma era administrado junto com o batismo, e ainda hoje sobra um resquício disso na unção pós-batismal. Quando, porém, se introduziu o costume de batizar as crianças, a confirmação e a eucaristia ficaram protelados para um momento ulterior, geralmente no início da adolescência, pelo que a crisma adquiriu o significado de “sacramento do cristão adulto”.
No tempo de nossos avós, o dia da crisma era ocasião muito especial para as comunidades, quando o bispo vinha “confirmar” as crianças (hoje, muitas vezes, é o vigário episcopal que faz isso). De onde vem esse costume? Na primeira leitura, lemos que o diácono Filipe batizou novos cristãos na Samaria. Depois, vieram os apóstolos Pedro e João de Jerusalém para confirmar os batizados, impondo-lhes as mãos para que recebessem o Espírito Santo. Assim, os apóstolos, predecessores dos bispos, completaram e “confirmaram” o batismo. A confirmação do batismo pela imposição das mãos do bispo – sucessor dos apóstolos – completa o batismo e realiza o dom do Espírito Santo.
Esse sacramento chama-se “crisma”, isto é, “unção”, porque o bispo unge a fronte do crismando em sinal da dignidade e da vocação do cristão, pois crisma e Cristo vêm da mesma palavra. O adolescente ou jovem é confirmado na sua fé, pelo dom do Espírito. Agora, ele terá de assumir pessoalmente o que, quando do batismo, os pais e padrinhos prometeram em seu nome. Para a comunidade, a celebração da crisma significa também a unidade das diversas comunidades locais na “Igreja particular” ou diocese, graças à presença do bispo ou do vigário episcopal.
O evangelho de hoje nos ensina algo mais sobre o Espírito que Jesus envia aos seus: é o Espírito da inabitação (morada) de Deus e Jesus Cristo nos fiéis. Assim, o batismo não é mera associação de pessoas em redor do rótulo “Jesus Cristo”, mas realmente participação em sua vida e continuação de sua missão neste mundo. Por isso, o Espírito não é algo sensacionalista, como às vezes se imagina. Jesus envia o Espírito para que os fiéis continuem sua obra no mundo. Pois o lugar de Jesus “na carne” era limitado, no tempo e no espaço, e os fiéis são chamados a ampliar, com a força do Espírito-Paráclito, a sua obra pelo mundo afora. É esse o sentido profundo da crisma, que assim completa nosso batismo.
Então, a vida do cristão adulto assinalada pelo sacramento da crisma consiste sobretudo na mística de união com o Pai e com o Filho pelo Espírito que vive em nós e na ética ou modo de proceder que provenha dessa presença de Deus em nós e testemunhe, diante do mundo, a vida de Cristo, presente em nós. Ele, pela ressurreição na força do espírito-sopro de Deus, foi estabelecido Senhor na glória. O mundo não mais o vê, mas em nossa vida de cristãos, prestes a responder por nossa esperança, realiza-se a presença de seu amor.
padre Johan Konings, sj
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