sábado, 31 de agosto de 2013

Irmãos Hoje

Entrevista com o Ir. Juan Carlos Fuertes Mari

27/08/2013: Espanha
A Comissão Internacional Irmãos Hoje se reuniu em Roma, em julho passado. Nessa oportunidade conversamos com alguns de seus membros. Hoje apresentamos a conversa que tivemos com o Ir. Juan Carlos Fuertes, da Província Mediterrânea.
Que significa, para ti, ser Irmão hoje?
Em primeiro lugar, considero o fato de ser Irmão como um presente de Deus em minha vida. Para mim, ser Irmão é o modo que tenho para crescer, desenvolver-me como pessoa, relacionar-me com os demais, servir, amar... É desfrutar esta vida que Deus me dá e buscar constantemente a maneira de aumentar meu amor, vivendo com gratidão, generosidade e  alegria.
Que é ser Irmão hoje? Creio que é uma pergunta que muitos de nós estamos nos fazendo  nestes momentos. O XXI Capítulo Geral nos pede uma nova maneira de viver nossa vida consagrada, mais centrada no Evangelho. Uma chave para responder a essa chamada poderia ser a busca daquilo que em minha vida, em minha vocação de Irmão, me ajuda a viver em plenitude, com entusiasmo, com paixão... E desenvolvê-lo. Estou convencido de que nossa vida e vocação de Irmãos contêm uma riqueza pessoal e espiritual tão grande que, ao descobri-la,  começamos a mudar a vida e a nos doar aos demais, a  ajudá-los a crescer, a estar ao seu lado, a avançar com eles, a viver a fraternidade... no campo da educação, da pastoral, da solidariedade, em nossa própria comunidade, com as pessoas que amamos... e nos ajuda, pouco a pouco, a mudar nosso coração.

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A animação vocacional é uma missão importante para o Instituto? Como deveria ser feita?
A animação vocacional, simplesmente, é um dos serviços mais importantes que os Irmãos podem oferecer aos jovens de hoje. E, o que é mais importante: podemos fazê-lo juntos ou  individualmente. Porque se trata de ajudar os outros a que descubram a própria vocação, isto é, a responder à pergunta: Que quero fazer de minha vida? Os jovens precisam fazer-se essa pergunta e responder a ela. E nós – que temos muita experiência em descobrir nosso caminho pessoal, em atravessar momentos de crise e de superá-los, e de encontrar a voz de Deus em tudo isso – temos a ocasião de acompanhar os jovens nessa tarefa.
Há muitos caminhos para realizá-lo, mas se me ocorrem alguns concretamente. Estar ao lado dos jovens, especialmente em nossos grupos maristas de crescimento na fé, porque é onde se suscitam perguntas-chaves da vida, o futuro, as opções... Estar com eles nos momentos em que se tomam as decisões (na idade de  universitários, por exemplo). Abrir nossas comunidades para que os jovens nos conheçam por dentro e poder compartilhar com eles nosso tempo, nossas orações, nossas refeições, compartilhar com eles nossa fé e nosso carisma marista. E o que mais fala é nossa vida, a força de nosso testemunho. Por isso, é fundamental fazer crescer em cada um de nós aquilo que nós dá vida e alimenta nossa vocação: a interioridade, a fraternidade, o compromisso, a solidariedade, o contato com os demais...
Decorreram quase 200 anos da fundação do Instituto: quais são os desafios para os Irmãos, hoje em dia? Continuam válidos os desafios enfrentados por Marcelino?
O XXI Capítulo Geral nos fala de favorecer uma nova época para o carisma marista, concretizando-o de maneira muito bonita e muito clara: uma vida consagrada nova, enraizada firmemente no Evangelho, que promova novo modo de ser Irmão;  uma nova relação entre Irmãos e leigos, baseada na comunhão, buscando juntos maior vitalidade do carisma marista para nosso mundo; uma presença fortemente significativa entre crianças e jovens pobres. É uma formulação já muito conhecida, mas não fácil de vivê-la. Para mim, abordar hoje essas chamadas é o modo de atualizar os desafios que Marcelino enfrentou em seu tempo.
Que experiências particulares os Irmãos estão vivendo em tua região e que poderiam servir de exemplo para o Instituto?
Para mim, esta é uma das épocas mais imaginativas e criativas para a pastoral vocacional que estamos vivendo na Europa. Estão sendo renovados os planos de animação vocacional, novas iniciativas estão sendo criadas, sempre mais pessoas estão se envolvendo... Nesse sentido, algumas comunidades organizaram uma semana em que um grupo de universitários passam uma semana na casa dos irmãos. Levam sua vida normal de estudos ou trabalhos, de pastoral... mas compartilham com os irmãos os momentos de oração e as refeições. É um modo bonito e simples de poder comunicar aos jovens o que nos dá vida e deixar que os jovens nos transmitam sua vida.
Também está sendo dada grande importância a um tipo de formação muito experiencial e vivencial em torno da figura de Marcelino. Isso está suscitando pessoas que se perguntam como canalizar todas as inquietações que surgem dentro de si mesmas a partir da vida e das intuições de Marcelino.
Estão surgindo também experiências carismáticas de formação conjunta de irmãos e leigos. E essas, por sua vez, estão dando origem a experiências que vão além e pedem, de alguma forma, a abertura de novos caminhos. Nesse sentido, há comunidades formadas por irmãos e leigos que buscam viver hoje a missão e a espiritualidade marista, procurando tornar Jesus Cristo conhecido e amado entre os jovens pobres de hoje.
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