No início do século passado, a aridez do clima cearense e a fecundidade do espírito
religioso do povo da terra alencarina fecundaram, de forma antitética, os princípios de
uma nova educação para a juventude, a visão humanizadora e pedagógica avant la lettre
de São Marcelino Champagnat.
Não havia, em nosso estado, àquela época, nenhuma instituição de ensino que
promovesse uma educação francamente católica. Por isso, em 1914,os padres José
Quinderé, Climério Chaves, Misael, Octávio de Castro fundaram um colégio e o
acumularam de discípulos, mas, infelizmente, não puderam dar continuidade a esse
projeto devido às inúmeras tarefas impostas pelo o ministério por eles assumido.
Por intermédio de Dom Manuel da Silva Gomes, que interveio junto aos superiores
da Província, esses ministros de Deus cederam ao colégio à Congregação Marista, pois
reconheciam as vantagens do ensino ministrado essa congregação, exclusivamente
voltada para a educação da juventude. Assim, não obstante a carência de professores
aprovou-se essa decisão. A fim de que fosse concretizada a assunção do colégio pelos
os Irmãos Maristas, vieram os Irmãos Marie-Alypiuse e Epiphane.
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Em virtude dessa nova visão educacional, tornou-se imperativo submeter o Colégio
Cearense Sagrado Coração a remodelações de cunho disciplinar, instrucional e sanitário,
a fim de tornar-se paradigma de estabelecimento de instituição educação para a vida.
Deste então, os Irmãos Maristas têm disseminado, na Terra do Sol, a filosofia
educacional de Pe. Champagnat, mediante a qual já se forjaram muitos seres humanos e,
principalmente, humanizados.
Em 04 de janeiro de 1916, o Colégio Cearense Sagrado Coração recebeu valiosos
reforços: os Irmãos Louis-Joachim, Sébastien-Camille e Paul-Maurice colocaram à
disposição de nossos alunos todo seu amor e dedicação à causa marista.
A excelência do ensino dos Irmãos Maristas foi, de pronto, reconhecida pela
comunidade cearense; isso provocou uma grande influência de alunos, embora o corpo
descente fosse bem registro. Houve dificuldades; o envolvimento absoluto de todos,
porém, tornou possível suplanta-las.
O numeroso corpo discente levou à constatação da insuficiência de espaço físico
para abrigar tantos alunos. Urgia a ampliação das instalações do colégio; desse modo, o
Conselho Geral da Congregação autorizou a compra de um terreno e a construção de um
novo prédio. O terreno de 7.600 metros quadrados, localizado na Avenida Duque de
Caxias, atendia as condições essenciais do estabelecimento de ensino do porte do
Colégio Cearense; deu-se, portanto o início aos trabalhos de construção. O arquiteto foi
o Irmão Provincial. A rapidez e a parcimônia foram às marcas dessa empresa, cuja
duração foi de sete meses.
O desenvolvimento do internato deu-se em progressão geométrica, ainda que as
instalações não o permitissem. A solução encontrada foi a aquisição encontrada de
imóveis vizinhos ao colégio.
Nesse período, o povo cearense teve a chance de dividir com os Irmãos Maristas o
júbilo de comemorar o centenário da Congregação. Esse acontecimento foi bastante
celebrado. Contou, primeiramente, com uma celebração eucarística na igreja dos
Capuchinhos; em seguida, houve a bênção do colégio de acordo com as prescrições
litúrgicas e depois um almoço; houve ainda uma parada militar, que percorreu as
principais ruas e avenidas de Fortaleza, dela participou a maioria dos alunos. À noite,
assistiu-se à apresentação de coral e de peças teatrais.
Em 1920, o Irmão Epiphane, após um longo período de árduo trabalho em prol da
educação marista, foi substituído pelo Irmão Paul Marcellin, cujo espírito firme,
alinhado à lhaneza e à afabilidade de sua personalidade, revelou o seu talento para a
administração escolar e para o convívio com as famílias e, sobretudo, com os alunos.
Nesse contexto de educação humanizadora voltada para a juventude, o surgimento
de uma agremiação que amalgamasse os anseios, a alegria de viver, o espírito
empreendedor dos alunos foi natural. O Grêmio Literário de José de Alencar foi
formado pelos discentes com o intuito de despertar o amor à literatura e aos sentimentos
patrióticos; houve, pois, a necessidade de criar um veículo de comunicação que
difundisse as idéias desses alunos, surgia, então, a revista Verdes Mares.
Um fato digno de registro foi os alunos maristas haverem recebido instrução
militar prevista e regulamentada por lei federal. Assim, os alunos tenham acesso a uma
preparação à vida de caserna e, conseqüentemente, eram dispensados no serviço militar
obrigatório, pois, ao concluir seus estudos, fariam parte do quadro de reservistas.
Outra implicação do excessivo número de alunos foi a exigüidade do espaço físico
da capela. Isso conduziu a necessidade de ampliá-la; esse projeto ficou a carga do irmão
Conon, arquiteto da Província. As obras foram céleres e, em 15 de agosto de 1926,
ocorreu à bênção do novo templo. A Figura 1 mostra a comunidade do Colégio
Cearense no período de 1924 a 1925 (FILGUEIRAS,1998).
A cada ano, o contingente de alunos aumentava e, à proporção que as reservas
financeiras permitiam, as instalações eram ampliadas e melhoradas. Dessa forma,
testemunhou-se a ampliação das salas de aula e a adequação das instalações sanitárias à
nova realidade do colégio.
O Colégio Cearense, desde o início, subordinou-se à legislação educacional
vigente. Seus alunos, ao fim de cada ano letivo, eram submetidos aos “exames de
Estado”, tinham de fazem provas – conhecidas como “preparatórios e parcelados” –
perante bancas examinadoras oficiais, indicadas pelo poder público.
Em 1925, a escola adapitou-se ao “seriado”, seguindo instruções do Departamento
Nacional de Educação, órgão do Ministério do Interior.
Em 1930 foi concedido à escola o regime de Inspeção Condicional e, em 1932, o
de inspeção preliminar.
Em 08 de novembro de 1937, concedeu-se ao Colégio Cearense, pelo Decreto
Federal no 2.114, o regime de Inspeção Permanente para o curso secundário – 1o ciclo –
hoje, o ensino fundamental. A Figura 2 mostra o Colégio Cearense na década de 40.
Em 02 de março de 1943, foi autorizado pelo Decreto Federal no. 11.751 o seu
funcionamento como colégio, com os cursos científico e clássico – 2o ciclo –
atualmente, o ensino médio.
Até a metade da década de 60 existiam cerca de 22 irmãos morando no colégio,
muitos sendo professores, fato este que aconteceu ate o inicio dos anos 80. O Irmão
Valentin possuía doutorado em matemática e dava aulas no cientifico que depois
passou a se chamar ensino médio.Quando o colégio fechou só tinha um irmão e morava
fora da instituição.
Em 1974, pelo Parecer no 18/74, do Conselho de Educação do Ceará, foi aprovado
o Regimento do Colégio Cearense Sagrado Coração. No mesmo ano, esse conselho
autorizou pelo Parecer no. 499/74, os cursos profissionais de Eletricidade e de
Eletrônica, para a formação de auxiliar técnico de eletricidade, desenhista de instalações
elétricas, auxiliar técnico de eletrônica e desenhista de circuitos eletrônicos.
O colégio possuía um curso noturno gratuito para os pobres dirigido por Irmão
Urbano. Que funcionou ate a década de 80. Também nas salas da manhã existam alunos
da classe mais baixa, misturados com alunos de classe media alta.
No ano de 1978 os 1062 alunos prestaram vestibular com aprovação de cerca de
70% nas universidades públicas como UFC (Universidade Federal do Ceará) e UECE
(Universidade Estadual do Ceará), e foi obtida a maior aprovação no ITA (Instituto
Tecnológico da Aeronáutica). Do primeiro até o décimo segundo colocado no vestibular
geral da UFC todos eram do colégio, dos cem primeiros cerca de 70 pertenciam ao
colégio. Na turma de Engenharia mecânica dos 50 alunos, 25 eram do Colégio
Cearense.
Hoje na Assembléia Legislativa do Ceará conseguimos localizar cinco deputados
ex-alunos do colégio e na Câmara Federal três deputados bem como o governador do
Estado do Ceará.
Todos os anos alguns ex-alunos fazem festa de confraternização e visitam o
colégio. Para este ano de 2008 está sendo programada a festa de 30 anos de saída da
turma de 1978.
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