sábado, 4 de maio de 2013

Os primeiros 40 dias: o que Francisco disse e fez

O Papa Francisco está lentamente, com cautela, entrando no cargo. Nos seus primeiros 40 dias desde a eleição (13 de março de 2013), ele disse e fez algumas coisas. Todas significativas.Tentemos fazer uma primeira avaliação, para entender em que direção irá o barco de Pedro com ele no leme. Mas, em primeiro lugar, uma reflexão: seria ingênuo pensar que o papa que veio “do fim do mundo” desconhecia o que estava acontecendo sob o céu romano. Ao menos duas pessoas, um leigo e um prelado de uma importantíssima Congregação vaticana estavam em relação estreita com ele e o mantinham informado sobre os desenvolvimentos da situação vaticana. Ao menos duas: mas não é de se excluir que o arcebispo Bergoglio também tinha outras pessoas, menos evidentes, que lhe mediam o pulso da situação.

A reportagem é de Marco Tosatti, publicada no sítio Vatican Insider, 27-04-2013. A tradução é deMoisés Sbardelotto.

Bergoglio nunca teve um secretário pessoal. Neste momento, ele decidiu não nomeá-lo. Enquanto isso, prefere permanecer em Santa Marta. Examinou o apartamento pontifício e também três apartamentos menores na mesma área. Bonitos, disse, “mas o que eu faria aqui sozinho?”. Objetaram-lhe que ele não estaria sozinho, uma vez que tomasse consigo um secretário e freiras. Ele respondeu sorrindo: “Por trás das freiras, sempre há um padre, e por trás do padre sempre há um bispo…”. Em suma, ele sorri e quer bem a todos, mas confiar é outra história.

O que o Papa Francisco fez

Ele formou o Conselho de oito cardeais de todo o mundo para lhe dar sugestões e conselhos sobre a reforma da Igreja. Que virá, mas talvez em tempos não tão rápidos como algumas pessoas pensam. No entanto, a primeira reunião do “Conselho da coroa” está previsto para o início de outubro. A medida – assim como outras – foi bem recebida por católicos e não católicos.

Ele tirou o “bônus” de 25 mil euros por ano dos cinco cardeal encarregados de supervisionar o IOR(sobre o qual proferiu palavras que deixam em aberto qualquer possibilidade: reforma, fechamento, venda). Ele devolveu em obras de caridade a gratificação normalmente distribuída aos empregados vaticanos quando se elege um novo papa. Aqui também a apreciação foi unânime.

Ele se encontrou com o prefeito da Fé, Gerhard Müller. Desse contato com o seu principal colaborador, nasceram dois anúncios. O primeiro: a luta contra os abusos sexuais na Igreja continuará na linha de rigor desejada por Ratzinger. O segundo: sobre o problema dos desvios doutrinais e de comportamento das irmãs norte-americanas da Leadership Conference of Women Religious (LCWR), ele aprovou a “avaliação crítica” que nasceu depois da visitação apostólica e o substancial comissariamento da LCWR. A avaliação dizia que “a situação doutrinal e pastoral atual da LCWR é uma matéria de séria e grave preocupação”.

Ele aceitou a renúncia do um bispo sul-africano antes do término do mandato – como fez Bento XVI fez em mais de 80 casos – com base no artigo 401 do Código de Direito Canônico. Um artigo que muitas vezes é usado quando há problemas. Ele fez duas nomeações importantes de bispos nosEstados Unidos, ambos de linha “tradicional”. Michael Jackels, de Wichita, tornou-se bispo de Dubuque, e Dom John Fold, bispo de Fargo, onde tomou o lugar de Samuel Aquila, transferido para Denver.

Em conclusão: a imagem que o Papa Francisco projeta até agora é a de um homem sóbrio, silencioso e determinado, que quer uma Igreja mais sóbria e sensível às críticas e ao julgamento do mundo em termos de finanças e de moral.

Marco Tosati

Segunda, 29 de abril de 2013

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/519692-os-primeiros-40-dias-o-que-francisco-disse-e-fez

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