No
dia 19 de maio deste ano de 2013, a Igreja Católica celebra a Festa de
Pentecostes. A liturgia do dia nos apresenta a descida do Espírito Santo sobre a
comunidade dos discípulos, em duas tradições – a de Lucas (Atos) e da Comunidade
de São João. Em João, a Ressurreição, a Ascensão e a Decida do Espírito se deram
no mesmo dia da Páscoa, enquanto Lucas separe os três eventos, Páscoa, Ascensão
e Descida do Espírito Santo, num período de 50 dias. Encerra o ciclo pascal com
a Festa do Pentecostes. Pentecostes que significa cinquenta, cinquenta dias após
a ressurreição do Senhor. A Festa de Pentecostes era nos primórdios a Festa da
Colheita, os povos agradecidos a Deus pelas bênçãos do Céu, faziam uma grande
festa pelos frutos colhidos graças à providência do Criador. A leitura enfatiza
que no dia de Pentecostes todos estavam reunidos com “os mesmos sentimentos, e
eram assíduos na oração” (At 1, 14). Quer dizer, a descida do espírito não é
algo mágico, mas consequência da unidade na fé e no seguimento do projeto de
Jesus. De repente, “veio do céu um ruído como de violento vendaval que encheu
toda a casa onde eles estavam. Então lhes apareceu algo como línguas de fogo,
que se repartiam, e pousou um sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do
Espírito Santo, e se puderam a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes
concedia exprimirem-se” (Atos. 2,4). Este relato usa imagens apocalípticas,
símbolos da teofania, ou da manifestação da presença de Deus – o som de um
vendaval e as línguas de fogo. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Terminada
a obra que o Pai havia confiado ao Filho para realizar na terra, foi enviado o
Espírito Santo no dia de Pentecoste para santificar a Igreja permanentemente.
Foi então que “a Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou
a difusão do Evangelho com a pregação” (CIC no. 767). A Bíblia nos diz que com a
descida do Espírito Santo os presentes pudessem “ouvir, na sua própria língua, o
que os discípulos falaram” (Atos, 2, 8-11). Assim, Lucas quer enfatizar que o
dom do Espírito Santo tem um objetivo missionário e profético – de fazer com que
toda a humanidade possa ouvir e compreender a nova linguagem, que une todas as
raças e culturas – ou seja, a linguagem do amor, da solidariedade, do Projeto de
Jesus, do Reino de Deus.
A função do Espírito Santo em nós é: a)
santificar: “Fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados em nome do
Senhor Jesus, mediante o Espírito do nosso Deus” (1Cor 6, 11). b) iluminar: “O
Confortador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará
tudo e vos recordará tudo o que vos disse” (Jo 14, 26). c) fortificar: “O
Espírito Santo vem em auxílio de nossa fraqueza” (Rom 8, 26). O Catecismo da
Igreja Católica nos apresenta os dons e frutos do Espírito Santo. No sacramento
de crisma recebemos os sete dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência,
conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus (CIC no. 1831). Os frutos
do espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como primícias da
glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: “caridade, alegria, paz,
paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia,
domínio de si e castidade” (Gl 5, 22-23).
A Festa de Pentecostes é uma festa missionária
que marca a transformação da Igreja de uma seita judaica numa comunidade
universal, missionária, mas, não proselitista, comprometida com a construção do
Reino de Deus “até os confins da terra”. Aprendamos dos dois relatos da decida
do Espírito Santo no Novo Testamento, não a de falar em línguas, mas a falar a
língua única do amor e do compromisso com o Reino, para que a mensagem do
Evangelho penetre todos os povos, culturas, raças e etnias. O dom do Espírito
Santo é dado a cada um de forma individual, mas somente quando agimos na missão
comum de evangelizar é que sua manifestação acontece de forma completa.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista.
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