sábado, 11 de maio de 2013

A virtude da sabedoria em Nossa Senhora, Sua inteligência e Sua vontade

Então, pela virtude da sabedoria, a pessoa tem uma inteligência soberanamente límpida e lúcida porque cheia de convicção da existência de Deus, cheia de fé sobrenatural. Porque uma inteligência límpida e lúcida, ela é sumamente coerente. E tem uma vontade forte, firme, inabalável, constantemente voltada para o fim que ela deve ter em vista e para a hierarquia em que este espírito se põe.
Esses elementos nos mostram a pessoa sapiencial.
A virtude da sabedoria contém, portanto, todas as outras virtudes. Ela está posta no primeiro mandamento da Lei de Deus. Quando o Decálogo nos diz “amarás a teu Senhor teu Deus, de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento” etc., etc., ele nos prescreve de sermos assim.
E assim era Nossa Senhora! O Coração dEla – quer dizer a alma dEla, a mente dEla – era soberanamente elevado, soberanamente grande, soberanamente sério, soberanamente profundo, porque era assim. Ela era o Vaso de Eleição no qual pousou o Espírito Santo para fazer Seu conúbio com Ela e gerar a Nosso Senhor.
E a única coisa que conhecemos como dita por Nossa Senhora, é uma verdadeira maravilha de sabedoria: é o Magnificat.
Magnificat quer dizer “engrandecer”. “Magnificat anima mea Dominum” quer dizer “a Minha alma engrandece o Senhor”. Ou seja, em outros termos: “Minha alma está enlevada com a grandeza do Meu Senhor; ela adora o Meu Senhor na sua perfeita e insondável grandeza, e ela dá um aumento extrínseco a essa grandeza, cantando a grandeza do Meu Senhor”.
A palavra com que Ela irrompe o seu cântico é uma palavra de grandeza; é um cântico de uma alma nobilíssima, que voa para considerar a Deus nos seus mais altos aspectos, e depois volta, por um contraste harmônico e maravilhoso, para a consideração de seu próprio nada: “Minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador”.
Por quê? Porque “considerou a humildade de sua escrava e por causa disto todas as gerações me chamarão de Bem-aventurada”.
Pela sabedoria, Ela mediu toda a grandeza de Deus tanto quanto uma mente criada pode medir a grandeza de Deus, e se alegrou nisto. De outro lado, Ela mediu sua pequenez. Ela então diz: “Eu me alegro em Deus meu Salvador porque Ele olhou para a pequenez de Sua Escrava”. É um poema que se encontra nisto! É a escrava que se encanta de ser pequena, e se encanta de ver como Deus é infinitamente superior a Ela. E, do fundo de seu nada, dá glória a Deus.
Depois diz: “Meu espírito exultou nEle porque Ele olhou para Mim, que sou tão pequena”.
É o pequeno que reconhece a sua pequenez, e que gosta de ser pequeno. Não se revolta, não se indigna, mas coloca-se no último dos últimos lugares, no último dos papéis. Nada existe de mais vil do que o escravo: o escravo é um nada, ele não tem direitos, está colocado abaixo da condição comum do homem.
Pois Nossa Senhora se proclama Escrava de Nosso Senhor, Precursora de todos os escravos dEla, que Ela iria ter ao longo dos séculos. Ela se encanta de ser nada, se encanta de ser escrava do Senhor, e foi a esta pequenez desta criatura e de uma criatura escrava que “Meu Senhor se dignou deitar os olhos”, e “por isto eu exulto, porque sou pequena, porque Deus é grande e porque a grandeza amou a pequenez”.
Para dizer tudo numa palavra só: é profundamente o oposto do espírito da Revolução Francesa, do espírito do comunismo, do espírito dos “católicos” chamados “progressistas”. Tão oposto que é quase até uma blasfêmia fazer a comparação. Aí está a verdadeira humildade: ama o seu lugar, ama a própria pequenez, mas adora a grandeza de Deus e se eleva com a grandeza, ainda que não seja dona da grandeza. Pelo contrário, proclama que a grandeza é dona dEla…
Por isto, quando consideramos então o Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, devemos pedir a Nossa Senhora que Ela nos faça puros e sapienciais como Ela; faça-nos amar a nossa pequenez; faça com que tomemos a sério, e até as últimas conseqüências, a nossa devoção a Ela.
De outro lado, ao par da grandeza de Nossa Senhora, devemos lembrar também de todas as grandezas que não são as nossas, porque assim a grandeza se debruça sobre nós, “olha-nos” e podemos nos encantar com este debruçar-se amoroso da grandeza sobre a pequenez.
Oh, Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, fazei nosso coração semelhante ao Vosso!
 

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