A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada pelo Vatican Insider, 03-11-2014. A tradução é de Ivan Pedro Lazzarotto.
Podem existir “opiniões diferentes” mas “sem desprezar”, é preciso agir com espírito de humildade e concórdia, sem procurar os próprios interesses, foi o que falou o Pontífice.
Atendo-se a mensagem da Carta de São Paulo aos Filipenses, Papa Bergoglio observou que a alegria de um bispo é aquele de ver na sua Igreja o amor, a unidade e a concórdia. “Essa harmonia – frisou – é uma graça, é feita pelo Espírito Santo, mas nós devemos fazer, de nossa parte, tudo para ajudar o Espírito Santo a alcançar essa harmonia na Igreja”.
Por isso São Paulo convida os Filipenses a não agir “por rivalidade ou vanglória”, nem a “lutar uns contra os outros, nem sequer para aparecer, para se dar o ar de ser melhor que os outros”.
“Se vê – revelou – que essa não é apenas coisa do nosso tempo” mas “que vem de longe”: “E quantas vezes nas nossas instituições, na Igreja, nas paróquias, nos colégios, encontramos isso, não? A rivalidade; o querer aparecer; a vanglória.
Se vê que são dois cupins que comem o fundamento da Igreja, a torna fraca. A rivalidade e a vanglória vão contra esta harmonia, esta concórdia. Ao invés de rivalidade e vanglória, o que nos aconselha Paulo?
‘Mas cada um de vocês, com toda humildade’ – o que deve fazer com a humildade? – ‘considere os outros superiores a si mesmo’. (Flp, 2, 3)
Ele sentia isso? Ele se qualifica ‘não digno de ser chamado apóstolo’, o último. Também fortemente se humilha. Isso era um sentimento seu: pensar que os outros eram superiores a ele”.
O Papa citou, depois, São Martinho de Porres, “humilde frei dominicano”, de quem a Igreja hoje celebra a memória: “a sua espiritualidade estava no serviço, porque sentia que todos os outros, até os maiores pecadores, eram superiores que ele mesmo. Sentia isso verdadeiramente”.
São Paulo fala a todos para não perseguir os próprios interesses: “Procurem o bem dos outros. Sirvam aos outros. Mas esta é a alegria de um bispo, quando vê sua greja assim: um mesmo sentimento, a mesma caridade, tornando unânimes e em concordância.
Esse é o ar que Jesus quer na Igreja. Podem existir opiniões diferentes, tudo bem, mas sempre dentro deste ar, desta atmosfera de humildade, caridade, sem desprezar a ninguém”.
Referindo-se ao Evangelho do dia, Francisco adicionou:
“É feio quando nas instituições da Igreja, de uma diocese, encontramos nas paróquias pessoas que procuram os seus interesses, não o serviço nem o amor.
E isso é aquilo que Jesus nos diz no Evangelho: não procurar os próprios interesses, não caminhar sobre a estrada das recompensas, não é? “Pois bem, eu te fiz este favor, mas tu me fazes isso”.
E com essa parábola, convide a jantar aqueles que não podem recompensar nada. É a gratuidade. Quando uma Igreja tem harmonia, tem unidade, não se procura os próprios interesses, existe esta atitude de gratuidade. Eu faço o bem, não faço um favor com o bem”.
O Papa convidou, por fim, a um exame de consciência:
- “Como e a minha paróquia… como é a minha comunidade? Possui este espírito?
- Como é a minha instituição? Este espírito de sentimentos de amor, unanimidade, concórdia, sem rivalidade ou vanglória, com humildade e pensamento de que os outros são superiores a nós, na nossa paróquia, na nossa comunidade… E quem sabe encontraremos que existe algo a melhorar.
- Eu hoje como posso melhorar isso?”
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