sexta-feira, 7 de novembro de 2014

JESUS, O ZELOTA

Eduardo Hoornaert* 
Apresento aqui um livro recente sobre Jesus, que está sendo bem acolhido pelo público brasileiro, pois já se contam 24 mil exemplares vendidos.
Nos Estados Unidos, onde o livro foi redigido, é um best-seller, com mais de um milhão de exemplares vendidos.Trata-se do livro ‘Zelota’, escrito pelo historiador iraniano americano Reza Aslan, publicado no Brasil pela Zahar Editores, Rio de Janeiro, 2014.
O valor do livro está no método. Aslan declara-se historiador, estudou 20 anos a figura de Jesus em diversas universidades americanas e mostra efetivamente as qualidades de um bom historiador.Além disso, escreve muito bem. Ele chegou a se interessar por Jesus depois de se casar com uma americana cristã.




Na dedicatória da página titular ele escreve: ‘o amor e a dedicação de minha esposa e de sua família ensinaram-me mais sobre Jesus que todos os meus anos de pesquisa e estudo’. Um islamita escrever sobre Jesus já é uma raridade
Mas revelar aspectos da atuação de Jesus que a igreja normalmente não aborda é uma raridade ainda maior. É talvez por isso que esse livro mobilizou a opinião pública norte-americana e parece estar sendo igualmente bem acolhido pelo público brasileiro.
Leio na contracapa da edição brasileira:
‘Aslan não está interessado em atacar a religião ou a igreja, muito menos em comparar desfavoravelmente o cristianismo com outra religião. Você não precisa perder a fé para aprender com ele’.
Ele vai ao âmago da questão e avança a tese de um Jesus político (‘zelota’), e com isso retoma uma discussão de grande importância, que está ficando em segundo plano ou mesmo esquecido nos dias de hoje.
Não é que faltem pontos controvertidos no livro ‘Zelota’. Como quando o autor escreve que a ideia do Reino de Deus implica necessariamente a ideia da violência: ‘o Reino de Deus é um chamado à revolução’  (página 135).
Outro ponto que chama a atenção é que Aslan escreve que Jesus abandona os trabalhos batismais com João Batista por motivos políticos (página 148)0. Sua ‘retirada’ para a Galileia seria estratégica.
Ele teria optado por ficar longe de Jerusalém, onde sempre se vê envolvido em discussões com fariseus e letrados ligados ao Templo. É verdade que os doze primeiros capítulos do Evangelho de João estão cheios de controvérsias entre Jesus e funcionários do Templo, mas não penso, de minha parte, que a ida de Jesus à Galileia deva ser unicamente atribuída a fatores políticos.
Mas esse é um ponto controvertido, entre outros. Isso mostra como o livro de Aslan merece ser lido e discutido. Enfim, ‘Zelota’ é um livro importante e estimulante.


* Eduardo Hoornaert 

Belga, padre casado, mora há vários anos no Brasil. Lecionou História da Igreja nos Seminários de João Pessoa, Fortaleza e no SERENE II do Recife. Professor 

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