segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Encontro dos Movimentos Sociais com o Papa produz Carta dos Excluídos aos Excluídos

Encontro dos Movimentos Sociais com o Papa produz Carta dos Excluídos aos Excluídos
Alba Movimientos


O histórico Encontro Mundial dos Movimentos Sociais (EMMS) com o Papa Francisco debateu três temas principais – pão, terra e lar – e produziu uma Declaração Final, uma espécie de “Carta dos Excluídos ao Excluídos”, que servirá de base de trabalho para os movimentos sociais em seus respectivos países. O Encontro ocorreu entre os dias 27 de 29 de outubro, no Vaticano.



O documento resume que a busca incessante do lucro é o que motiva a guerra, a violência, os conflitos étnicos e os problemas ambientais como, por exemplo, o desmatamento. A atuação da Igreja e dos movimentos sociais é vista, portanto, como imprescindível para se enfrentar o que é considerado “genocídio e terricídio”.

Devem ser garantidos o acesso pleno, estável, seguro e integral à terra, ao trabalho e à habitação, pois constituem direitos humanos inalienáveis e inerentes às pessoas e sua dignidade.”, afirma o documento. Observa-se, por fim, a necessidade e importância de se trabalhar pautas éticas de conduta tanto na esfera individual e grupal, bem como na esfera social da vida humana.
Na oportunidade, os participantes discutiram as causas estruturais da desigualdade e da exclusão, com raízes sistêmicas e expressões locais e como a natureza predatória do capitalismo coloca o lucro acima do ser humano. A violência e a guerra, em particular a situação grave no Oriente Médio, fizeram parte da pauta, ressaltando-se as agressões sofridas pelo povo palestino e curdo.
Foram apresentados os dados mais recentes em relação às questões ambientais, como as contaminações e mudanças climáticas, defendendo-se o combate à cultura do descarte e suas causas estruturais. Para tanto, os participantes propuseram mudanças nos comportamentos das populações.
As mulheres também foram tema de discussão, reconhecido como urgente e sério o compromisso com essa causa. Assim como foi defendida como séria a questão do abandono de crianças e jovens, especialmente as pobres, afrodescententes e migrantes.
O Encontro permitiu o compartilhamento de experiências de sucesso na área do trabalho, na área ambiental (como a recuperação de milhões de hectares de terra para a agricultura) e também no setor de habitação. Ao final, os participantes produziram, além do documento “A Carta dos Excluídos ao Excluídos” (que deve ser distribuído massivamente), também uma proposta de criação de um espaço de interlocução permanente entre os movimentos populares e a Igreja.
Em seu discurso, o Papa disse que “Os pobres não só padecem a injustiça, mas também lutam contra ela! (…) Não se contentam com promessas ilusórias, desculpas ou pretextos. Também não estão esperando de braços cruzados a ajuda de ONGs, planos assistenciais ou soluções que nunca chegam ou, se chegam, chegam de maneira que vão em uma direção ou de anestesiar ou de domesticar. Isso é meio perigoso.
Vocês sentem que os pobres já não esperam e querem ser protagonistas, se organizam, estudam, trabalham, reivindicam e, sobretudo, praticam essa solidariedade tão especial que existe entre os que sofrem, entre os pobres, e que a nossa civilização parece ter esquecido ou, ao menos, tem muita vontade de esquecer.
Kit sobre Economia Solidária
 Durante o Encontro, o Papa Francisco recebeu, por meio do estudante de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Suñe, um kit sobre a Economia Solidária e sobre o Projeto Esperança/Cooesperança. Irmã Lourdes Dill é a coordenadora do Projeto que tornou a cidade de Santa Maria (Estado do Rio Grande do Sul), referência internacional em Economia Solidária.
O Encontro
Realizado entre 27 a 29 de outubro no Vaticano, o Encontro foi organizado e promovido pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz e teve como objetivo o fortalecimento da rede de organizações populares, favorecendo o conhecimento recíproco e promovendo a colaboração entre os movimentos e as Igrejas locais.
Maiquel Rosauro
Em três dias, reuniram-se mais de 100 dirigentes de movimentos sociais, assim como bispos, agentes de pastorais, intelectuais e acadêmicos de todo o mundo para uma troca de experiências e ideias.

 
Cristina Fontenele
Adital

FONTE:  http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=83094

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