O Papa Francisco recebeu nesta
sexta-feira, 20 de setembro, no Vaticano, os participantes do X Encontro da
Federação Internacional das Associações Médicas Católicas. De 18 a 22 de
setembro, médicos de todo o mundo debatem em Roma o tema “Catolicismo e cuidados
maternos”.
Em seu discurso, o Pontífice propõe três
reflexões, sendo a primeira delas a “situação paradoxal” que se assiste hoje em
relação à profissão médica. De um lado, os progressos da medicina e, de outro, o
perigo de que o médico perca a sua identidade de servidor da vida.
“A situação paradoxal se constata no fato de que,
enquanto se atribuem novos direitos à pessoa, nem sempre se tutela a vida como
valor primário e direito primordial de todo homem. O fim último do agir médico
permanece sempre a defesa e a promoção da vida.”
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Neste contexto contraditório, a Igreja apela à
consciência de todos os profissionais e voluntários da saúde, de modo especial
aos ginecologistas, chamados a colaborar ao nascimento de novas vidas
humanas.
Uma mentalidade difundida do útil, a “cultura do
descartável”, que hoje escraviza o coração e a inteligência de muitas pessoas,
tem um custo altíssimo: pede que se eliminem seres humanos, sobretudo se
fisicamente ou socialmente mais fracos. A nossa resposta a esta mentalidade é um
“sim” à vida, convicto e sem hesitações. As coisas têm preços e podem ser
vendidas, mas as pessoas têm dignidade, valem mais do que as coisas e não têm
preço. Por isso, a atenção à vida humana na sua totalidade se tornou nos últimos
tempos uma prioridade do Magistério da Igreja.
No ser humano frágil, afirma ainda Francisco,
cada um de nós é convidado a reconhecer a face do Senhor, que na sua carne
humana experimentou a indiferença e a solidão às quais frequentemente condenamos
os mais pobres, seja nos países em desenvolvimento, seja nas sociedades
opulentas. Toda criança não nascida, mas condenada injustamente ao aborto, tem a
face do Senhor, que antes mesmo de nascer, e logo recém-nascida, experimentou a
rejeição do mundo. E cada idoso, mesmo se doente ou no final de seus dias, traz
consigo a face de Cristo. Não podem ser descartados!
O terceiro aspecto, disse o Papa, é um mandato:
sejam testemunhas e difusores desta “cultura da vida”. Ser católico comporta uma
maior responsabilidade, antes de tudo para consigo mesmo, pelo empenho de
coerência com a vocação cristã, e depois para com a cultura contemporânea, para
contribuir a reconhecer na vida humana a dimensão transcendente, o vestígio da
obra criadora de Deus, desde o primeiro instante da sua concepção. Trata-se de
um empenho de nova evangelização que requer, com frequência, ir contra a
corrente, pagando pessoalmente. O Senhor conta com vocês para difundir o
“evangelho da vida”.
Nesta perspectiva, afirmou ainda o Pontífice, os
departamentos de ginecologia são locais privilegiados de testemunho e de
evangelização.
“Queridos médicos, vocês que são chamados a se
ocuparem da vida humana em sua fase inicial, lembrem a todos, com fatos e
palavras, que esta é sempre, em todas as suas fases e em todas as idades,
sagrada e sempre de qualidade. E não por um discurso de fé, mas de razão e de
ciência! Não existe uma vida humana mais sagrada do que outra, assim como não
existe uma vida humana qualitativamente mais significativa de outra. A
credibilidade de um sistema de saúde não se mede somente pela eficiência, mas
sobretudo pela atenção e pelo amor dispensados às pessoas, cuja vida é sempre
sagrada e inviolável”, concluiu Francisco, recordando aos médicos que jamais
deixem de pedir ao Senhor e à Virgem Maria a força de realizar bem o seu
trabalho e testemunhar com coragem o “evangelho da vida”.
POR: CNBB / RÁDIO VATICANO
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