Aconteceu no domingo, dia 13 de outubro, a beatificação de 522 mártires do século XX na Espanha, entre os quais estão 68 mártires maristas. O evento foi realizado no complexo educativo de Tarragona e foi a beatificação mais numerosa da história da Igreja. Estiveram presentes cerca de 25 mil pessoas. A celebração foi presidida pelo cardeal Angelo Amato. Participaram 104 bispos – uns 30 vindos de fora da Espanha – 8 cardeais e 1.400 sacerdotes. Segundo a imprensa local, além das autoridades civis, participaram cerca de 4.000 parentes dos mártires.
A celebração começou ao meio-dia, sendo animada pela “Escolania”, coral do Mosteiro de Montserrat, acompanhado pela orquestra. Era um dia radiante, céu azul, ambiente propício para celebrar a vitória do Deus da vida, festa de Jesus ressuscitado e de todos que com ele morrem, especialmente as “testemunhas da fé”, que derramaram o próprio sangue fiéis a Ele.
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A missa começou com o ingresso solene dos celebrantes e a transmissão de um vídeo com a mensagem do Papa Francisco, que disse:
“Dizem os santos padres: ‘Imitemos os mártires!’ Sempre é preciso morrer um pouco para sair de nós mesmos, do nosso egoísmo, do nosso bem-estar, da nossa preguiça, das nossas tristezas e abrir-nos a Deus, aos outros, especialmente aos mais necessitados. Imploremos a intercessão dos mártires para sermos cristãos concretos, cristãos com obras e não de palavras; para não sermos cristãos medíocres, cristãos de aparência, mas sem substância”...
Continuando a celebração, o arcebispo de Tarragona, Jaume Pujol Balcells pediu a beatificação dos 522 mártires. Diante desse pedido, o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, leu a Carta Apostólica, com a qual o Papa Francisco inscreve no livro dos beatos aqueles que deram a vida em defesa da fé. O texto foi lido em latim e o povo seguiu a tradução presente no folheto. Foram lidos somente os nomes dos beatos que encabeçavam as diversas causas. Enquanto se liam seus nomes, a imagem do beato aparecia nos vídeos gigantes. Pudemos assim ver projetar as imagens do Ir. Crisanto, Ir. Aquilino, Ir. Cipriano e dos dois leigos maristas, Ramón Emiliano e Julián Aguilar. Terminada a leitura, desdobrou-se o logotipo da canonização, com no fundo as imagens dos mártires, enquanto o coral cantava “Christus vincit”.
Em seguida foi trazida em procissão uma urna com as relíquias dos mártires, que se colocou junto ao altar, rodeada por 7 lâmpadas e muitas flores. As relíquias foram veneradas com incenso. O cardeal Amato entregou, então, uma cópia da Carta Apostólica a cada um dos postuladores. Também o nosso postulador, Ir. Luis Jorge Flores recebeu, em nome do Instituto, uma cópia desse documento.
Na homilia, o representante do papa, cardeal Angelo Amato, entre os diversos tópicos, disse:
“Esses nossos irmãos e irmãs não eram combatentes, não tinham armas, não se encontravam no campo de batalha, não apoiavam nenhum partido, não eram provocadores. Eram homens e mulheres pacíficos. Foram mortos pelo ódio à fé, só porque eram católicos, porque eram sacerdotes, porque eram seminaristas, porque eram religiosos, porque eram religiosas, porque acreditavam em Deus, porque tinham a Jesus como único tesouro, a coisa mais importante da própria vida. Não odiavam ninguém; amavam a todos. Seu apostolado era a catequese nas paróquias, a educação nas escolas, o cuidado com os doentes, a caridade com os pobres, a assistência a anciãos e marginalizados”.
Disse ainda:
“Qual é a mensagem que nos deixam os mártires de ontem e de hoje? Deixam uma dupla mensagem. Primeiro de tudo, convidam-nos a perdoar. O papa Francisco recentemente nos lembrou que ‘o prazer de Deus é perdoar’. Eis aí todo o Evangelho, todo o cristianismo! Não é um sentimentalismo, um ‘bonismo’. Ao contrário, a misericórdia é a verdadeira força que pode salvar o ser humano e o mundo do câncer que é o pecado, o mal moral, o mal espiritual. Somente o amor preenche o vazio, a voragem negativa que o mal abre nos corações e na história. Somente o amor pode fazer isso e este é o prazer de Deus!”... “A celebração de hoje seja, pois, a festa da reconciliação, do perdão dado e recebido, o triunfo do Senhor da paz”...
“Disso nasce uma segunda mensagem: a da conversão do coração à bondade e à misericórdia. Todos somos convidados a nos convertermos ao bem, não só quem se declara cristão, mas também quem não o é. A Igreja convida também os perseguidores a não temerem a conversão, a não terem medo do bem, a rechaçarem o mal. O Senhor é pai bom que perdoa e acolhe de braços abertos a seus filhos afastados no caminho do mal e do pecado.”
Em seguida veio o credo, as orações dos fiéis e a liturgia eucarística, unindo os mártires ao corpo e sangue de Jesus Cristo.
No final, o cardeal Antonio María Rouco Varela, arcebispo de Madri e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, dirigiu palavras de agradecimento. Por último foi dada a bênção solene e, como canto final, entoou-se o canto dedicado a Nossa Senhora de Montserrat, cuja imagem, colocada ao lado do altar, acompanhou a celebração da beatificação.
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