Talhado para coisas mais elevadas, Dom Helder
Câmara jamais se acostumou com a miséria, a dor e o sofrimento humano; não os
via como normal e natural esse estado de coisas, porque machuca o rosto amoroso
de Deus e contraria sua santa vontade. Por isso mesmo decidiu, com grande
obstinação, ternura e a coragem de pastor, levantar sua voz e lutar contra essa
realidade da mais alta relevância, até então vista com a maior naturalidade, num
ardente desejo de minimizá-la e mesmo derrotá-la.
Quanta simplicidade, humildade e abertura, ao
elevar seus louvores, preces e clamores ao Deus Criador e Pai! Sempre à luz da
palavra divina, na mais absoluta confiança, sem se afastar da pedagogia de que
lhe era peculiar, na mais profunda atitude de imparcialidade, voltava-se para um
Deus justo, acolhedor e terno, no dizer do Livro Sagrado: “Senhor é um juiz que
não faz discriminação de pessoas. Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas
escuta, sim, as súplicas dos oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem
da viúva, quando desabafa suas mágoas” (Eclo 35, 15-17).
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Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife em
abril de 1964, na sua mensagem, na tomada de posse, estas foram, entre outras,
as palavras do pastor dos empobrecidos: “Quem estiver sofrendo, no corpo ou na
alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração
do bispo”. O anúncio do Evangelho foi para ele, ao mesmo tempo, candente e
misericordioso, apaixonada sensata. Na hipótese de usar de parcialidade, sempre
era no sentido de favorecer os menos favorecidos, os “sem voz e sem vez”.
Não posso jamais me esquecer do que está na minha
mente e no coração, no sentido de enriquecer este nosso texto, a sensibilidade e
o não indiferentismo, na paixão de muitos irmãos e mesmo do planeta, bem como as
palavras encantadoras do querido Papa Francisco, do dia 16 de setembro de 2013,
no encontro com clero de Roma, sua diocese, porque o Papa é o bispo de Roma, ao
afirmar: “Nós, bispos, devemos está próximos dos sacerdotes, devemos ser
caridosos com o próximo e os mais próximos são os sacerdotes. Os mais próximos
do bispo são os sacerdotes (aplausos)! Vale também o contrário (risos e
aplausos)! O mais próximo dos padres deve ser o bispo. A caridade para com o
próximo, o mais próximo é o meu bispo. O bispo deve dizer: os mais próximos são
os meus padres (…)”.
Ao celebrar 25 anos de ministério sacerdotal
(14/08/2013), motivo de agradecimento ao bom Deus pelo nosso humilde trabalho e
realizações em favor do Reino de Deus, na nossa Arquidiocese de Fortaleza,
coloquei também como algo relevante, a exemplo de Dom Helder e agora de
Francisco, o Sumo Pontífice, nossa humilde lavra literária, nos livros já
publicados e, como colunista do Jornal O Povo de Fortaleza, além de ser
articulista das revistas digitais: www.domtotal.com, www.revistamissoes.org.br,
www.catolicanet.com.br, entre outras.
Não posso deixar de registrar uma especial
mensagem, que muito me honrou, entre muitas, do querido Arcebispo Metropolitano
de Brasília, Dom Sergio da Rocha, na sua incomensurável generosidade, ao
dizer-me: “Caro Padre Geovane Saraiva, estive rezando especialmente por você,
por ocasião do seu Jubileu Sacerdotal. Porém, naquele dia não consegui me
comunicar por telefone com você. Somente nestes dias, consegui novamente o seu
e-mail com Dona Geralda, pois mudanças no provedor me fizeram perder a lista de
contatos. Desejo que você, pela graça de Deus, seja sempre fiel e, por isso,
feliz, em sua vida e ministério sacerdotal. Deus o abençoe sempre. Abraço!
+Sergio da Rocha”.
Diversos amigos e colegas, tendo por base a
comunhão afetiva e efetiva, perguntaram-me pela presença do nosso Arcebispo de
Fortaleza, Dom José Antônio e, se ele tinha enviado uma mensagem alusiva ao meu
jubileu, para que fosse lida no final da celebração, dentre os quais, Padre José
Maria Cavalcante Costa, Padre Evaristo Marcos, Padre José Fernandes de Oliveira,
Padre Francisco de Assis Apolônio. Compreendi essa preocupação como um gesto
grandioso e inenarrável, desejando eles enaltecer ainda mais a celebração
eucarística dos meus 25 anos de vida e ministério sacerdotal, na palavra do
pastor desta Igreja de Fortaleza. Aprendamos irmãos e irmãs, do cidadão
planetário e artesão da paz, Dom Helder Câmara, com sua voz profética quanto
imparcial, consciente de que a prece do humilde atravessa as nuvens e chega aos
céus; também do Papa Francisco, na sua assertiva: “Nós bispos devemos está
próximos dos sacerdotes”.
Concluo nosso pequeno artigo com as palavras
citadas pelo Romano Pontífice, sobre a mulher servidora e imparcial por
excelência, Maria Mãe de Deus e Senhora Nossa, no dia 16 de maio de 2013: “Mãe
da beleza, que floresce da fidelidade ao trabalho cotidiano, despertai-nos da
inércia e da indolência, da mesquinhez e do derrotismo. Reveste os Pastores
daquela compaixão que unifica e integra: descobriremos a alegria de uma Igreja
serva, humilde e fraterna”. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor,
articulista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com
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