quinta-feira, 28 de março de 2013

NOSSA PÁSCOA

Os dias da Semana Santa nos oferecem uma boa oportunidade para refletirmos sobre o que sustenta nossa vida, dá sentido a nossa existência e abre perspectivas novas, baseadas numa profunda esperança.

             Qual o sentido da Quinta-Feira Santa? Chama nossa atenção para a humildade, que tem sua expressão mais evidente no serviço, quer dizer, no ato de sermos servidores uns dos outros. O lava-pés não poderá restringir-se a um belo ato litúrgico. Quando Jesus diz “Eu lavei os seus pés, por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (J. 13, 14.15), Ele não está querendo instalar uma cerimônia, e sim deseja suscitar, entre os seus discípulos e todos os seus seguidores, uma nova maneira de ser, uma atitude de vida, o jeito de servir, que, por sua vez, vai sustentar a sobrevivência da vida da raça humana e de toda a criação.

            Qual o sentido da Sexta-Feira Santa? Chama nossa atenção para a entrega, a doação, que é o ato sublime do serviço. O serviço, prestado por Jesus à humanidade, mostra sua fidelidade irrestrita ao amor que doa a todo ser humano. Interessante é observar as três Marias (a mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena) que se encontram aos pés da cruz, junto com o discípulo predileto (cf. J. 19, 25-27). Estas quatro pessoas representam todos aqueles que são fiéis a Jesus, até o suplício. E ser fiel a Jesus só pode significar entregar-se ao outro sem restrições. Esta entrega, esta doação é o serviço que vai sustentar a sobrevivência da raça humana e de toda a criação.

            Qual o sentido da Vigília Pascal? Chama nossa atenção para a perspectiva definitiva da vida. Como entender esta vida? Em outro momento, Jesus já se referiu a ela, falando em “vida em abundância” (J. 10, 10). Agora, esta vida em abundância só poderá se realizar, se estivermos dispostos a viver o serviço mútuo como entrega total ao outro e à outra. É desta sobrevivência da qual a raça humana e toda a criação devem ter sede.

Desta forma o círculo fechou: serviço em forma de doação para gerar vida.

 Aqui não se trata de uma pregação de igreja ou de uma ou outra forma de cristianismo, pois esses valores, para os quais Jesus chama a nossa atenção, são universais, atemporais, ultrapassando todos os limites, barreiras, infiltrando todas as culturas e pensamentos que propõem vida. Tratam, portanto, da maneira única da humanidade e de toda a criação garantirem seu futuro, tornando-se respiráveis e sobreviventes.

 Cremos que Páscoa seja isso. É só nesta Páscoa do Serviço e da Doação que a Paz vai invadir nossas vidas e todas as formas de vida em nosso planeta.

 Vivemos, nestes dias pascais, um momento bonito ao percebermos o jeito simples com o qual Papa Francisco se relaciona com as pessoas. Na medida em que está deixando de lado pompas e circunstâncias, ele se aproxima mais do jeito serviçal do qual fala o Evangelho. Embora não tenha participado do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco, como cardeal-arcebispo de Buenos Aires, já vivia aquele mesmo espírito tão presente em bispos, como Dom Helder e Dom Fragoso, que passavam a morar em casas humildes, vestiam-se de forma mais simples, usavam transportes populares etc. ., testemunhando a virtude da simplicidade do Evangelho através de sua própria vida. O gesto deles fazia um bem tremendo à Igreja. O jeito de ser do Papa Francisco ajudará também, por certo, a Igreja tornar-se um pouco mais Igreja de Cristo.

Porém, não deixemos de ter a consciência de que a Igreja não se resume no Papa e que ele sozinho não vai conseguir dar outro rosto a ela, pois “uma andorinha só não faz verão”. Assumamos, cada um(a) no seu canto, a nossa responsabilidade, pois mudar a Igreja é um trabalho a ser realizado em mutirão!

 Mas, a esperança está viva e vida nova na Igreja é possível acontecer. A “primavera”, com a qual o Papa João XXIII tanto sonhava, poderá tornar-se realidade por um tempo bastante longo, se Deus quiser!

 Cremos que Páscoa também seja isso: viver a esperança, sempre!

 QUE A PÁSCOA DE TODAS E TODOS ESTEJA REPLETA

DE ESPERANÇA E VIDA!

                 Coordenação do Movimento das Famílias dos Padres Casados  (MFPC)– Ceará,
    Claudete e Geraldo, Rosa e Carlos, Margarida e Aroldo

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