terça-feira, 15 de abril de 2014

PALAVRA DO PASTOR

[EDITORIAL] “Testemunhas da Esperança”

domjosé200Estamos em pleno ANO DA ESPERANÇA, celebrando o Tempo Pascal após os intensos dias do Tríduo Pascal da Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. Assim estaremos em plena festa pascal por cinquenta dias como se fosse um só dia, até a Solenidade de Pentecostes.

O clima do Ano da ESPERANÇA nos faz colher com muita intensidade o significado da Esperança Cristã.

Para que Deus nos chama? Por que nos criou? Por que nos enviou o Cristo?


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Para a “… vida e vida em plenitude.” (Jo 10,10)

Este é o resumo e manifestação completa das promessas de Deus.

A toda pessoa humana que vem a este mundo, Deus promete felicidade. Isto é que está inscrito no mais íntimo de cada ser humano. A realização humana é prometida no anseio mais profundo de cada pessoa a ser feliz, realmente feliz, plenamente realizada.

Com será isto possível? É apenas um sonho, uma ilusão? Será este um paraíso perdido?

Ao povo escolhido nos inícios de Sua História de Salvação, Deus prometeu a um homem já no fim de seus dias e sem filhos, ser pai de uma grande nação e possuir uma Terra que o Senhor lhe dará. A este Deus faz dom a Fé. E suas promessas vão abrindo caminho na dimensão da fé, de realização em realização para algo mais: “Em ti serão abençoadas todas as nações da Terra.”(Gn 28,14) Depois, nas vicissitudes de sua história, a um povo escravo Deus promete a libertação, anima sua esperança de povo e terra e o encaminha entre prodígios para este destino humano e terreno, mas vai abrindo em seu interior novos caminhos com Sua Palavra, Sua Instrução – a Lei: “Vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus.”(Êx 6, 7).

Mas, apenas chegada a plenitude dos tempos, realização de todas as promessas divinas, Deus envia seu Filho que “Se fez carne e habitou entre nós.”(Jo 1,14) para a realização mais plena da esperança. Nele a humanidade é redimida de toda a escravidão do pecado e da morte. As promessas se alargam ao infinito. Das pequenas esperanças que motivam para perto se passa à Grande Esperança que motiva para o mais pleno, para o definitivo. Jesus, o Filho de Deus, dá a vida para que todos tenham a vida e a tenham em sua plenitude – libertação plena e ressurreição.

E “A esperança não decepciona, pelo Amor que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5) Jesus, amando até o fim, tudo consuma com a sua própria doação total de vida, com o Amor (Espírito Divino) que é infundido nos corações humanos.

Os horizontes da esperança foram se alargando do imediatismo material que mais nos atrai para a plenitude que vai encontrando espaço dentro de nós em um Novo Espírito – o Amor de Deus.

Celebramos anualmente esta realização estupenda, impensável, definitiva: a Felicidade sonhada existe – ela é Vida em Deus. A celebração é necessária para nós, seres no tempo, como motivação e abertura de nossos desejos para que possamos ser preenchidos pelo Dom de Deus. Celebração que depois se torna semanal, no Dia do Senhor em cada ciclo de semana: no primeiro dia da semana tudo chegou à plenitude na carne humana com a ressurreição de Cristo Jesus. É celebração vivência em cada dia e momento, pois a Esperança em Cristo é o que motiva e dá sentido a todos os atos, escolhas, realizações humanas no Amor. “Tudo passa, só o Amor permanece”(cf 1Cor 13). Este Amor é o que une em comunhão plena a humanidade e Deus. Este Amor é o vínculo que comunga todas as pessoas humanas em sua diversidade e complementariedade. Ninguém pode ser feliz só! A felicidade é a própria participação na Vida Divina – comunhão no Amor. Neste futuro já presente caminhamos na esperança de sua plena realização.

“Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai. Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é. Todo aquele que espera nele purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.” (1Jo 3, 1-3.)

Disto somos testemunhas – testemunhas da Esperança.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

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