Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Bispo de Campos (RJ)
O Evangelho deste Domingo nos apresenta o
amor da mulher pecadora que regou com suas lágrimas os pés do Senhor.
A cena questiona radicalmente uma propaganda do poder público que foi
sustada pelo ministro da saúde: “ Sou feliz por ser prostituta!”.
Pensar que uma mulher pode ser feliz por
vender seu corpo a qualquer um, é ter um conceito muito equivocado e
certamente contrário a dignidade da mulher. A prostituição é de veras
algo que depõe contra o amor a vocação a que todo o ser humano foi
chamado, esta opressão contra a mulher e contra a humanidade deve ser
combatida com o abolicionismo.
Não podemos consentir que a prostituição
seja um mal menor ou tolerável, e que como sempre existiu temos que nos
conformar com regulamentar e aprovar o estatuto da prostituta, dar
carteira trabalhista e reconhecer esta “profissão”. Seria o mesmo que
trair o Evangelho de Jesus, a liberdade e dignidade humanas, pois,
quando um ser humano vira mercadoria exposta no mercado do prazer,
estamos assistindo a negação da sua personalidade.
Jesus não condena e julga as
prostitutas, ao contrário, as acolhe em seu Reino chamando-as a o
seguirem pelo caminho do verdadeiro amor e da graça, mas sim abomina a
situação e a estrutura perversa que leva uma mulher ou homem a se
prostituir.
A pastoral da mulher prostituída deve se
ocupar com a dignificação e libertação destas pessoas, mostrando que a
Igreja é a sua casa, seu lugar, pois o Mestre Divino nos ensina a olhar
para estas irmãs com carinho, convidando-as como a todos(as) à conversão
de vida, acolhendo-as e ajudando-as na caminhada, evitando os juízos
precipitados e carentes de misericórdia, como os do fariseu do
Evangelho.
A verdadeira justiça, afirma São
Gregório Magno, tem compaixão; a falsa pelo contrário, indigna-se.
Muitos são como Simão o anfitrião, esquecendo a sua condição passada ou
presente, de pobres pecadores que somos, quando vêem os pecados dos
outros, imediatamente, sem piedade, deixam-se levar pela indignação, ou
apressam-se a julgar, ou riem-se ironicamente deles. Não pensam no
convite de são Paulo:” Levai os fardos uns dos outros, e assim
cumprireis a lei de Cristo” (Gal. 6,1-2). Deus seja louvado!
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