Tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e Lema “Eu vim para servir” (Mc 10, 45)
Quarta-feira de Cinzas: Início da Quaresma
Quaresma: Tempo de penitência e conversão.
- O significado das cinzas
O uso litúrgico das cinzas tem sua
origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e
penitência. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu se veste de saco e
se cobre de cinzas quando soube do decreto do Rei Asuer I (Xerxes,
485-464 antes de Cristo) da Pérsia que condenou à morte todos os judeus
de seu império. (Est 4,1). Jó (cuja história foi escrita entre os anos
VII e V antes de Cristo) mostrou seu arrependimento vestindo-se de saco e
cobrindo-se de cinzas (Jó 42,6). Daniel (cerca de 550 antes de Cristo)
ao profetizar a captura de Jerusalém pela Babilônia, escreveu: “Volvi-me
para o Senhor Deus a fim de dirigir-lhe uma oração de súplica, jejuando
e me impondo o cilício e a cinza” (Dn 9,3). No século V antes de
Cristo, logo depois da pregação de Jonas, o povo de Nínive proclamou um
jejum a todos e se vestiram de saco, inclusive o Rei, que além de tudo
levantou-se de seu trono e sentou sobre cinzas (Jn 3,5-6). Estes
exemplos retirados do Antigo Testamento demonstram a prática
estabelecida de utilizar cinzas como símbolo (algo que todos
compreendiam) de arrependimento.
leia mais:
O próprio Jesus fez referência ao uso
das cinzas. A respeito daqueles povos que se recusavam a se arrepender
de seus pecados, apesar de terem visto os milagres e escutado a Boa
Nova, Nosso Senhor proferiu: “Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida!
Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que
foram feitos em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido
sob o cilício e as cinzas. (Mt 11,21) A Igreja, desde os primeiros
tempos, continuou a prática do uso das cinzas com o mesmo simbolismo. Em
seu livro “De Poenitentia” , Tertuliano (160-220 DC), prescreveu que um
penitente deveria “viver sem alegria vestido com um tecido de saco rude
e coberto de cinzas”. O famoso historiador dos primeiros anos da
igreja, Eusébio (260-340 DC), relata em seu livro A História da Igreja,
como um apóstata de nome Natalis se apresentou vestido de saco e coberto
de cinzas diante do Papa Ceferino, para suplicar-lhe perdão. Sabe-se
que num determinado momento existiu uma prática que consistia no
sacerdote impor as cinzas em todos aqueles que deviam fazer penitência
pública. As cinzas eram colocadas quando o penitente saía do
Confessionário.
Já no período medieval, por volta do
século VIII, àquelas pessoas que estavam para morrer eram deitadas no
chão sobre um tecido de saco coberto de cinzas. O sacerdote benzia o
moribundo com água benta dizendo-lhe: “Recorda-te que és pó e em pó te
converterás”. Depois de aspergir o moribundo com a água benta, o
sacerdote perguntava: “Estás de acordo com o tecido de saco e as cinzas
como testemunho de tua penitência diante do Senhor no dia do Juízo?” O
moribundo então respondia: “Sim, estou de acordo”. Se podem apreciar em
todos esses exemplos que o simbolismo do tecido de saco e das cinzas
serviam para representar os sentimentos de aflição e arrependimento, bem
como a intenção de se fazer penitência pelos pecados cometidos contra o
Senhor e a Sua igreja.
Com o passar dos tempos o uso
das cinzas foi adotado como sinal do início do tempo da Quaresma; o
período de preparação de quarenta dias (excluindo-se os domingos) antes
da Páscoa da Ressurreição. O ritual para a Quarta-feira de Cinzas já era
parte do Sacramental Gregoriano. As primeiras edições deste sacramental
datam do século VII. Na nossa liturgia atual da Quarta-feira de Cinzas,
utilizamos cinzas feitas com os ramos de palmas distribuídos no ano
anterior no Domingo de Ramos. O sacerdote abençoa as
cinzas e as impõe na fronte de cada fiel traçando com essas o Sinal da
Cruz. Logo em seguida diz: “Recorda-te que és pó e em pó te converterás”
ou então “Arrepende-te e crede no Evangelho”.
Devemos nos preparar para o começo da
Quaresma compreendendo o significado profundo das cinzas que recebemos. É
um tempo para examinar nossas ações atuais e passadas e lamentarmo-nos
profundamente por nossos pecados. Só assim poderemos voltar nossos
corações genuinamente para Nosso Senhor, que sofreu, morreu e
ressuscitou pela nossa salvação. Além do mais esse tempo nos serve para
renovar nossas promessas batismais, quando morremos para a vida passada e
começamos uma nova vida em Cristo.
Finalmente, conscientes que as coisas
desse mundo são passageiras, procuremos viver de agora em diante com a
firme esperança no futuro e a plenitude do Céu.
Aceitando que nos imponham as cinzas, expressamos duas realidades fundamentais:- Somo criaturas mortais; tomar consciência de nossa fragilidade, de inevitável fim de nossa existência terrestre, nos ajuda a avaliar melhor os rumos que compete dar à nossa vida: “você é pó, e ao pó voltará” (Gn 3, 19). Somo chamado;
- Somos chamados a nos converter ao Evangelho de Jesus e sua proposta do Reino, mudando nossa maneira de ver, pensar, agir.
Veja mais embasamentos bíblicos sobre as
cinzas através das seguintes passagens: (Nm 19; Hb 9,13); como sinal de
transitoriedade (Gn 18,27; Jó 30,19). Como sinal de luto (2Sm 13,19; Sl
102,10; Ap 19,19). Como sinal de penitência (Dn 9,3; Mt 11,21). Faça
uma pesquisa através de todas estas passagens bíblicas, prestando
atenção ao texto e seu contexto, relacionando com a vida pessoal,
comunitária, social e com o rito litúrgico da Quarta-feira de cinzas.
(FONTE – MISSAL DOMINICAL, página de 140, © Paulus, 1997)FONTE: ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA
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