Adital
O momento eleitoral é decisivo pra definir os projetos
políticos e econômicos em disputa no país, a questão é se o eleitor tem
conhecimento quais são os projetos, o que eles representam para a sociedade e
quem os representa. Entender isso é o desafio quando se fala em voto
consciente, o voto do conhecimento ideológico acerca do modelo econômico e
sociopolítico do qual o votante acredita ser o melhor para humanidade e para o
planeta. Essa é uma definição para o voto consciente e a partir daí se busca o
candidato que se afina com o acreditar do eleitor. Portanto, o voto não deve
ser pessoal, mas em um projeto, projeto este que deve se seguir desde a
presidência da republica, governadores, senadores e deputados federais e
estaduais, bem como prefeitos e vereadores.
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Nessa lógica de definição do voto consciente, nas
coligações partidárias pode não estar inclusa o seu projeto, porque cada
partido tem suas plataformas e definições ideológicas embutidas no seu
estatuto. Então, votar no partido ou em pessoa porque está na coligação poderá
ser contraditória com seu pensar o mundo, já que na coligação podem estar
juntos interesses diversificados e antagônicos, como interesses de classe,
modelos de sociedades e econômicos, se capitalista ou socialista etc.
Para facilitar entendimento, quem é quem na disputa
eleitoral no Brasil, é necessário perceber que o sistema econômico apresentado
pelos dois partidos hegemônicos na competição, no caso PSDB e PT, é o sistema
capitalista, sendo que, o PSDB integra o neoliberalismo, que defende a
diminuição do Estado, passando para o capital os serviços essenciais à
população, com intuito de gerar lucro para a classe empresarial, utilizando o Estado
para facilitar os Planos de Saúde, a Educação Privada etc., alinhando tudo ao Mercado,
proporcionando acumulo de riquezas para uma minoria da sociedade. Para os
neoliberais, saúde pública, educação pública, bolsa família, são gastos
públicos para beneficiar pobres, o que significa tirar recursos que deveram ser
do capital. Eles seguem o modelo americano e europeu que está em total
decadência. Além de disso, o sistema capitalista neoliberal para alcançar seus
objetivos, não tem escrúpulos em relação à sustentabilidade do planeta, nem à
vida humana. Já o PT, mesmo gestando o sistema capitalista por dentro do Estado,
governa o país aplicando um programa desenvolvimentista voltado para a
distribuição das riquezas, tendo como finalidade o fim da fome, da miséria e um
planeta ecosustentável, que permita melhor qualidade de vida.
Aí é onde entra o papel do eleitor na definição do
projeto de Nação, se ele tem identidade com o neoliberalismo representado por
Aécio Neves para dar continuidade às privatizações, ao mercado e ao FMI como
fez FHC ou se sua identidade é com o programa desenvolvimentista em execução
desde o governo Lula, tendo continuidade com a Dilma Rousseff, com um programa que
dá sustentabilidade ao mercado, mas ao mesmo tempo favorece aos pobres, elevando
uma grande maioria à classe média, com geração de emprego e oportunidades para
os pequenos agricultores e microempresas, além de dar condições para que entre
nas Universidades e cursos técnicos, o que antes do PT no governo, era só a
classe alta e média alta que tinham acesso. Essa é a questão que o eleitor
precisa compreender pra não entrar na polinização de quem é mais corrupto se o
PSDB ou o PT, porque isso diminui o debate em torno das ideias e propostas dos
projetos em ascensão no percurso da eleição. Entre os projetos eleitorais tem
ainda o PSOL, PSTU, PCO, PSC e PSB que apresentam ideias socialistas e
capitalistas para o exercício do poder. São projetos que passam pela política
internacional como o recém formado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul) que são países em desenvolvimento e se articulam com os países pobres,
rompendo com o neoliberalismo e por outro lado o projeto neoliberal com o FMI e
Mercosul de interesse americano e europeu para continuar a exploração
hegemônica no mundo. São esses elementos que as pessoas precisam encarar com
responsabilidade na hora de votar, porque é o voto que define o destino do país.
Outra questão pertinente que está em jogo na eleição, é
a formação dos cartéis lobistas que se formam no congresso para fazer negócios,
eles são formados no período eleitoral com financiamento de setores
empresariais (indústrias farmacêuticas, indústria do turismo, o agronegócio,
metalurgias, Friboi, Coca-cola, Bancos, e outros), é com verba dessas empresas
que os candidatos lobistas chegam nas cidades do interior, nas capitais e
bancam cabos eleitorais fortes de voto e assim se elegem, e ao chegarem no
congresso vão para as comissões que lhes interessam, com objetivo de gerar demandas
para as empresas que representam e muitas vezes penetram até no executivo,
pelos Ministérios, por meio dos acordosnas coligações partidárias. Esses são os "políticos vigaristas e
lacaios” (Bertold Brecht), eles se espalham nos partidos de aluguel e partidos
grandes e a prática é comprar voto do eleitor corrupto por meio do cabo
eleitoral corrupto e assim em vez do país ter os representantes do povo, chega
ao Senado, à Câmara Federal, às Assembleias Legislativas e aos Governos
Estaduais os lobistas que vão exigir da Presidência da Republica cargos, Ministérios
para fazer valer os interesses dos seus financiadores de campanha. Por isso o
eleitor precisa estar atento e conhecer os candidatos a Senador, Deputado
Federal, Estadual e a Governador para não encher o congresso, os governos
estaduais e assembleias legislativas desses indivíduos.
O eleitor distante deste contexto é aquele "analfabeto
político” (Bertold Brecht) que independentemente de ser letrado ou não,
"detesta política” (Bertold Brecht), prefere não se aprofundar nela e deixa
para outros/as fazerem como quer. Já o eleitor politizado parte do princípio
que o exercício no poder executivo ou do mandato legislativo é a arte de fazer
o bem comum, como define Aristóteles sobre o que é política.
O exposto está na base do processo eleitoral, mas
política é um campo bem mais vasto que se discute na teoria e nas práticas
vivenciadas desde a origem da humanidade, as organizações comunitárias
coletivas e as sociedades imperiais, feudais, comunistas, socialistas,
capitalistas e anarquistas.
Essa discussão é "capenga” hoje, por vários motivos,
entre eles, a ausência de formação política na base da sociedade, como já foi
feito pelas Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, Pastorais Sociais, os Núcleos
do PT, o Movimento Sindical, os Movimentos Populares, restando agora, com muita
limitação o MST, CPT e algumas ONGs que atuam apenas no campo, mesmo contando
com enorme redução de sua população por ter migrado para as áreas urbanas.
Essas instituições e movimentos são organizações da sociedade civil que sobrevive
diante de perseguições, ameaças e ainda são criminalizadas por enfrentarem o
agronegócio e a industrialização capitalista no uso da terra com a produção
agrícola e o agrotóxico.
Prefiro sonhar na utopia de uma sociedade livre,
soberana, sem amarras do capital e totalmente emancipada.
FONTE: http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=81605
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