Foi um dia cheio a vigília da festa dos apóstolos Pedro e Paulo para o “bispo de Roma“, o Papa Francisco. Depois do mal-estar por estafa, que na sexta-feira o impediu de visitar o Policlínico Gemelli, Bergoglio retomou as suas atividades regulares, respeitando – como havia anunciado o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Pe. Lombardi – todos os compromissos agendados, que, além do encontro com o presidente de Moçambique e com alguns cardeais, teve o seu momento mais significativo no encontro com a delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, recebida na véspera da solenidade dos santos padroeiros de Roma, Pedro e Paulo.
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A reportagem é de Roberto Monteforte, publicada no jornal L’Unità, 29-06-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Papa Francisco aproveitou a oportunidade para relançar o percurso da unidade entre os cristãos. “Adiante, juntos, rumo à unidade dos cristãos”, afirmou o pontífice. “Abramo-nos todos com coragem e confiança à ação do Espírito”, acrescentou, invocando uma unidade a ser buscada, mesmo que partindo de perspectivas diferentes, mediante uma “teologia feita de joelhos”.
Uma maneira muito concreta para destacar e indicar como modelo aquele caminho comum, feito de escolhas concretas, buscado com o “amado irmão”, Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, durante a desafiadora peregrinação na Terra Santa, em memória do abraço entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que marcou o início do ecumenismo, e que terminou com o extraordinário encontro de oração pela paz, realizado nos jardins vaticanos com os presidentes israelense, Peres, palestino, Abu Mazen.
“É possível chegar a um caminho de unidade”, reiterou o Papa Francisco à delegação greco-ortodoxa da “Igreja irmã de Constantinopla”. Ele lembrou aquele abraço entre os dois líderes religiosos ocorrido durante o Concílio Vaticano II. Definiu-o como “um gesto profético que deu impulso a um caminho que não se deteve mais”. O objetivo da plena unidade parece cada vez mais perto.
“Sabemos bem – acrescentou – que essa unidade é um dom de Deus” e é graças ao Espírito Santo que podemos “reconhecer-nos por aquilo que somos no plano de Deus” e “não – acrescentou – por aquilo que as consequências históricas dos nossos pecados nos levaram a ser”.
Francisco lembrou aqueles campos em que a colaboração da vida cotidiana já une católicos e ortodoxos. Em particular, justamente no Oriente Médio e naqueles países onde as comunidades cristãs são minorias muitas vezes perseguidas. Uma ênfase importante para o bispo de Roma a ter bem presente também no debate teológico entre a Igreja do Oriente e a do Ocidente.
“Portanto, confio e rezo – exortou – para que o trabalho da Comissão Mista Internacional possa ser expressão dessa compreensão profunda, dessa teologia ‘feita de joelhos’”. É nesse contexto – observou – que a reflexão sobre os conceitos de primado e de sinodalidade, sobre a comunhão na Igreja universal, sobre o ministério do bispo de Roma não será então um exercício acadêmico nem uma simples disputa entre posições irreconciliáveis.
“Todos precisamos nos abrir com coragem e confiança à ação do Espírito Santo para nos deixar envolver no olhar de Cristo sobre a Igreja”, no caminho de um “ecumenismo espiritual reforçado pelo martírio” de tantos cristãos que “realizaram o ecumenismo do sangue”.
A delegação enviada por Bartolomeu e presidida pelo Metropolita de Pérgamo, Zizioulas, participou nesse domingo da cerimônia solene em São Pedro durante a qual o Papa Francisco entregou o pálio a 24 novos arcebispos metropolitanos.
Autor:Roberto Monteforte
IHU – Instituto Humanitas Unisinos <humanitas@unisinos.br>
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