quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Somos heróis? Não, somos apenas maristas

Mensagem dos Maristas de Alepo


Da Síria vem-nos este significativo texto a RCL. Trata-se da Mensagem dos Maristas de Alepo para a Assembleia Provincial. Pessoas que estão em regiões do mundo em que ninguém quereria estar, sustentando a esperança e oferecendo amor e solidariedade, em meio dos que sofrem. Educadores católicos trabalhando para que mais de 3 milhões de crianças sírias não se tornem geração perdida. Convidamo-los a ler e a rezar muito por seu trabalho... e por suas vidas.

 “Paz e Esperança de Alepo… Quereríamos estar entre vocês, na Assembleia Provincial. Fomos convidados a participar por meio do Skype ou Webex, mas isso não foi fácil. Agradecemos a Pascal e a Edouard que transmitiram muito bem nossos sentimentos e nossos pedidos por meio da oração que prepararam.

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Não queremos que a Assembleia termine sem transmitir a todos uma mensagem de agradecimento. Antes de tudo, ser marista na Síria, hoje, é carregar consigo toda uma Província e, na realidade, todo o mundo marista e todo o seu carisma. Garantimos que, como nunca, nossa presença enquanto maristas é mais do que atual. Em primeiro lugar, por nossa confiança em Deus e na Boa Mãe. Não podemos contar quantas vezes o Senhor e a Boa Mãe nos apoiaram, nos ajudaram a suportar a situação tão difícil e nos guiaram na reflexão e nas decisões que precisávamos tomar... A força do apoio que recebemos do Ir. Emili Turú, do Ir. Antonio Giménez e de todos os Irmãos e Leigos do mundo, ajudaram-nos a superar a desesperança, em momentos extremamente difíceis.

Aqui, Leigos e Irmãos, vivemos juntos o ser marista… Nossa vocação se abriu aos leigos muçulmanos que partilham conosco a missão educativa e a missão da ajuda... Isso já é uma experiência inesquecível... O que estamos realizando responde ao apelo do último Capítulo geral e do Papa Francisco... novos horizontes... estar nas fronteiras.

Cada dia, estamos escutando esta frase: “Obrigado porque vocês são diferentes...” Somos, sim, por nosso modo de ser e de educar e educar... Vivemos como maristas... Quando mais de três milhões de crianças sírias precisam de educação, para não se tornarem uma geração perdida, nós maristas estamos comprometidos em trazer uma resposta que vem de nossa tradição e do nosso carisma... Quando mais da metade da população síria vive da ajuda, os maristas estão comprometidos em fornecer leite, comida, roupa, medicamentos, hospitalização, alojamento e tantos outros serviços aos mais necessitados... O apoio que recebemos, suas orações e a ajuda econômica, o socorro de tantos amigos e antigos alunos tornam o projeto viável. Mais de 500 famílias cristãs e muçulmanas usufruem de todo o programa educativo e de apoio...

A casa está aberta… Moças muçulmanas vivem na casa… Precisam, dentro de um mês, apresentar exames universitários e não podem atravessar cada dia a fronteira das duas facções da cidade dividida... Em nossa casa há acolhida... Crianças e jovens, muçulmanos e cristãos recebem educação de qualidade. Mulheres e jovens participam em atividades de desenvolvimento... a casa está aberta. Os últimos que solicitam a possibilidade de fazer uma sessão de formação, valendo-se de nossas salas, constituem o “Croissant Rouge Sírio”... É um motivo de honra para os maristas do mundo. Sem dúvida, sentimos diariamente o horror da guerra. Choramos jovens que foram acolhidos na casa e que morreram... Escutamos com muita dor, os sofrimentos de pessoas que foram atingidas por alguma bala ou bomba explodida...

O horror, o medo, o choro é nosso cotidiano... Não escondemos que há dias em que perdemos a ilusão, mas não a esperança. Há dias que passamos sem corrente elétrica, sem água, com muitas bombas... dias de frio e de morte... mas, a casa de Marcelino e de Maria continua sendo uma casa de acolhida aos mais necessitados... mesmo para os que precisam tomar um banho ou lavar sua roupa ou tomar uma comida quente ou até passar uma noite. Somos heróis? Não, somos apenas maristas… e nos sentimos, com vocês, pertencentes a uma grande família. Plantamos sementes... Oxalá, sejam sementes de paz as que plantamos! Semeamos uma educação para a paz, damos um testemunho de paz, plantamos um compromisso de paz...

Optamos por permanecer, como comunidade e como leigos… Muitas famílias e jovens saíram do país. É terrível o momento em que uma família ou um jovem vêm dizer-nos “adeus”... vou ou vamos amanhã, em busca de um destino fora, longe e muitas vezes desconhecido. Optamos por permanecer para servir e educar... A partir de Alepo, novamente, muito obrigado, obrigado e obrigado! Precisamos de suas orações... seu carinho é-nos um presente do céu... Estão todos em nossos corações e bem sabemos que estamos nos seus... Juntos, prossigamos no caminho que nos traçou Marcelino... SALAM”.

Ir. Georges
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