Ir. Adalberto Amaral
No Primeiro Testamento
Segundo a Bíblia, a fé é raiz e seiva de toda religião.
Aman (hebraico) = solidez, certeza
Batá (hebraico) = segurança e confiança
Pitis (grego) = persuasão
Na tradição judaica do Primeiro
Testamento, a fé é uma decisão firme para encarar e dominar o próprio medo. É
uma declaração de resistência à fraqueza e à preguiça. Protesto à irresponsabilidade.
Compromisso consigo mesmo para aceitar o desafio. Crer é uma atitude
característica do ser humano perante Deus, que supõe consentimento da
inteligência, mas consiste principalmente no reconhecimento de Deus, em tudo o
que Ele é para o ser humano, sobretudo, para o povo da aliança pelo seu amor,
seu poder e suas exigências. Fé é o rigoroso exercício de crescimento, lento e
firme. É a crença que produz a paz mental.
Esta fé à qual se junta sempre
uma firme confiança, é exaltada em numerosos salmos (34,5-11; 40,1-6; 46;
56,4s; 91), e obteve sua formatação clássica em Gn 15,6: “porque Abraão
acreditava sem hesitação na promessa de Deus e esperava contra toda esperança
(Rm 4,18), Javé julgou-o justo por causa de sua fé”.
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No Segundo Testamento
No Segundo Testamento as palavras
fé e crer são muito mais frequentes do que no Primeiro. Á fé em Jesus, o
Messias e Filho de Deus, confirmou-se e desenvolveu-se ainda nos discípulos que
formavam o núcleo das antigas comunidades cristãs, e as dirigiam. Desde então a
fé em Cristo é o distintivo dos cristãos, que se dão simplesmente o nome de
crentes (At 2,44; 4,32; Mc 2,5; Lc 7,50) e a condição indispensável para a
salvação (At 4,12; 16,31s; Rm 10,10). Para os cristãos a fé é a confiança
absoluta em tudo o que Deus tem revelado. Fé consiste no testemunho que Deus dá
de si mesmo, referente à missão de Jesus Cristo e do testemunho de Jesus a
respeito de si mesmo.
Nas epístolas paulinas, crer é
aceitar a boa-nova da salvação (Rm 1,8; 10,17; 1Cor 2,5; 15,1s; 2Tes 1,8). Crer
significa tornar-se cristão (1Cor 1,21; 3,5; 14,22; 15,2). A fé em Deus inclui
a firme convicção de que Ele é fiel às suas promessas e é poderoso para
realizá-las. Que Ele nos amou, enviando seu Filho a fim de nos libertar do
pecado pelo seu sangue, e que Ele nos há de ressuscitar da morte como Ele
ressuscitou a Cristo (1Tes 1,8-10; Gl 3,6; 2Cor 1,9; Rm 3,25; 4,3; 17,25; 6,8).
Entre cristãos
católicos
A fé em Cristo inclui a convicção de que Jesus é o Messias,
o Filho de Deus, que ressuscitou e há de voltar glorioso para julgar todos
(1Tes 1,10; 4,14; 5,9; 1Cor 15,1-11.14; Rm
10,9). Entre os católicos a fé é a adesão comum dos fiéis a tudo o que
está contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida e que ao mesmo tempo é
proposto como divinamente revelado pelo magistério da Igreja. A base de fé na
Igreja Católica reside no Credo Apostólico, nas definições dogmáticas dos
concílios ecumênicos e, em geral, nos pronunciamentos do magistério universal.
A fé que salva tem valor enquanto age pela caridade (Gl
5,6). Ela se mostra efetiva na justiça, no amor e o serviço ao próximo. A fé
autêntica revela-se naturalmente na atitude e vivência e torna-se eficaz nas
obras em favor dos pobres e desamparados. A fé leva a descobrir nas pessoas e
acontecimentos os sinais de Deus. Quem crê atua na história para que o projeto
de Deus se realize no mundo. É necessário ao cristão católico ter uma fé
crítica e atualizada, inserida no mundo. Levar a sério a fé cristã exige, entre
outras coisas, estar disposto a perder a segurança que tem aquele que se limita
a repetir, aquilo que foi dito em tempos, em situações e em culturas que já não
são o que nós vivemos neste momento. Pelo contrário, aceitar o risco de
interpretar o que foi dito antes e aplicá-lo àquilo que estamos vivendo no
tempo presente. Portanto, a fé é risco e é insegurança. Porque é fidelidade não
somente ao que foi dito há muito tempo mas, além disso, fidelidade aos gritos e
sussurros daquilo que estamos vendo e apalpando agora mesmo.
Nesse sentido temos muito a aprender com nossos mártires de
ontem e de hoje que, como diz o Papa Bento XVI: pela fé, deram sua vida para
testemunhar a verdade do Evangelho. Pela fé, muitos cristãos se fizeram
promotores de uma ação em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do
Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos
(cf. Lc 4,18-19) (Porta Fidei n.15).
Para refletir
1 – Com vivo e testemunho a dimensão da fé em minha vida?
2 – Como a minha fé influencia na minha maneira de viver as
situações do cotidiano?
3 – Qual o lugar da Palavra de Deus em minha vida?
Fontes
• SCHLESINGER,
Hugo e PORTO, Humberto – Dicionário Enciclopédico das Religiões – VOZES,
Petrópolis/RJ, 1995
• BORN, A.
Van (Org) – Dicionário Enciclopédico da Bílblia – VOZES, Petrópolis/RJ, 1992.
• CASTLLO,
José Maria – Espiritualidade para Insatisfeitos – PAULUS/SP, 2012.
• BENTO XVI
– Porta Fidei – Edições CNBB, 2012.
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