terça-feira, 15 de outubro de 2013

UMA REFLEXÃO SOBRE A FÉ


                                                                                                                        
        Ir. Adalberto Amaral

 No Primeiro Testamento

Segundo a Bíblia, a fé é raiz e seiva de toda religião.

Aman (hebraico) = solidez, certeza

Batá (hebraico) = segurança e confiança

Pitis (grego) = persuasão

Na tradição judaica do Primeiro Testamento, a fé é uma decisão firme para encarar e dominar o próprio medo. É uma declaração de resistência à fraqueza e à preguiça. Protesto à irresponsabilidade. Compromisso consigo mesmo para aceitar o desafio. Crer é uma atitude característica do ser humano perante Deus, que supõe consentimento da inteligência, mas consiste principalmente no reconhecimento de Deus, em tudo o que Ele é para o ser humano, sobretudo, para o povo da aliança pelo seu amor, seu poder e suas exigências. Fé é o rigoroso exercício de crescimento, lento e firme. É a crença que produz a paz mental.

Esta fé à qual se junta sempre uma firme confiança, é exaltada em numerosos salmos (34,5-11; 40,1-6; 46; 56,4s; 91), e obteve sua formatação clássica em Gn 15,6: “porque Abraão acreditava sem hesitação na promessa de Deus e esperava contra toda esperança (Rm 4,18), Javé julgou-o justo por causa de sua fé”.
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No Segundo Testamento

No Segundo Testamento as palavras fé e crer são muito mais frequentes do que no Primeiro. Á fé em Jesus, o Messias e Filho de Deus, confirmou-se e desenvolveu-se ainda nos discípulos que formavam o núcleo das antigas comunidades cristãs, e as dirigiam. Desde então a fé em Cristo é o distintivo dos cristãos, que se dão simplesmente o nome de crentes (At 2,44; 4,32; Mc 2,5; Lc 7,50) e a condição indispensável para a salvação (At 4,12; 16,31s; Rm 10,10). Para os cristãos a fé é a confiança absoluta em tudo o que Deus tem revelado. Fé consiste no testemunho que Deus dá de si mesmo, referente à missão de Jesus Cristo e do testemunho de Jesus a respeito de si mesmo.

Nas epístolas paulinas, crer é aceitar a boa-nova da salvação (Rm 1,8; 10,17; 1Cor 2,5; 15,1s; 2Tes 1,8). Crer significa tornar-se cristão (1Cor 1,21; 3,5; 14,22; 15,2). A fé em Deus inclui a firme convicção de que Ele é fiel às suas promessas e é poderoso para realizá-las. Que Ele nos amou, enviando seu Filho a fim de nos libertar do pecado pelo seu sangue, e que Ele nos há de ressuscitar da morte como Ele ressuscitou a Cristo (1Tes 1,8-10; Gl 3,6; 2Cor 1,9; Rm 3,25; 4,3; 17,25; 6,8).


Entre cristãos católicos

A fé em Cristo inclui a convicção de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, que ressuscitou e há de voltar glorioso para julgar todos (1Tes 1,10; 4,14; 5,9; 1Cor 15,1-11.14; Rm  10,9). Entre os católicos a fé é a adesão comum dos fiéis a tudo o que está contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida e que ao mesmo tempo é proposto como divinamente revelado pelo magistério da Igreja. A base de fé na Igreja Católica reside no Credo Apostólico, nas definições dogmáticas dos concílios ecumênicos e, em geral, nos pronunciamentos do magistério universal.

A fé que salva tem valor enquanto age pela caridade (Gl 5,6). Ela se mostra efetiva na justiça, no amor e o serviço ao próximo. A fé autêntica revela-se naturalmente na atitude e vivência e torna-se eficaz nas obras em favor dos pobres e desamparados. A fé leva a descobrir nas pessoas e acontecimentos os sinais de Deus. Quem crê atua na história para que o projeto de Deus se realize no mundo. É necessário ao cristão católico ter uma fé crítica e atualizada, inserida no mundo. Levar a sério a fé cristã exige, entre outras coisas, estar disposto a perder a segurança que tem aquele que se limita a repetir, aquilo que foi dito em tempos, em situações e em culturas que já não são o que nós vivemos neste momento. Pelo contrário, aceitar o risco de interpretar o que foi dito antes e aplicá-lo àquilo que estamos vivendo no tempo presente. Portanto, a fé é risco e é insegurança. Porque é fidelidade não somente ao que foi dito há muito tempo mas, além disso, fidelidade aos gritos e sussurros daquilo que estamos vendo e apalpando agora mesmo.

Nesse sentido temos muito a aprender com nossos mártires de ontem e de hoje que, como diz o Papa Bento XVI: pela fé, deram sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma ação em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4,18-19) (Porta Fidei n.15).

Para refletir

1 – Com vivo e testemunho a dimensão da fé em minha vida?

2 – Como a minha fé influencia na minha maneira de viver as situações do cotidiano?

3 – Qual o lugar da Palavra de Deus em minha vida?

  
Fontes

             SCHLESINGER, Hugo e PORTO, Humberto – Dicionário Enciclopédico das Religiões – VOZES, Petrópolis/RJ, 1995

             BORN, A. Van (Org) – Dicionário Enciclopédico da Bílblia – VOZES, Petrópolis/RJ, 1992.

             CASTLLO, José Maria – Espiritualidade para Insatisfeitos – PAULUS/SP, 2012.

             BENTO XVI – Porta Fidei – Edições CNBB, 2012.

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