Catedral de São Mateus em Washington D.C – 23 de setembro de 2015
Queridos Irmãos no Episcopado!
Estou feliz por vos encontrar neste momento da missão apostólica que me trouxe ao vosso país e agradeço vivamente ao Cardeal Donald Wuerl e ao Arcebispo Joseph Edward Kurtz as amáveis palavras que me dirigiram em nome também de todos vós. Recebei os meus sentimentos de gratidão pela recepção e também pela generosa disponibilidade com que foi programada e organizada a minha estadia.
Ao abraçar com o olhar e o coração os vossos rostos de pastores, quero estreitar ao peito as Igrejas que levais amorosamente aos ombros e peço-vos para lhes assegurar que a minha solidariedade humana e espiritual envolve, por vosso intermédio, todo o povo de Deus espalhado por esta vasta terra.
O coração do Papa dilata-se para incluir a todos. Alargar o coração para testemunhar que Deus é grande no seu amor, é a essência da missão do Sucessor de Pedro, Vigário d’Aquele que na Cruz abraçou a humanidade inteira. Que nenhum membro do Corpo de Cristo e da nação americana se sinta excluído do abraço do Papa. Em todo o lado onde aflore aos lábios o verdadeiro nome de Jesus, lá ressoe também a voz do Papa para assegurar: «é o Salvador». Desde as vossas grandes cidades da costa leste até às planícies do midwest, desde o extremo sul até ao ilimitado oeste, onde quer que o vosso povo se reúna na assembleia eucarística, o Papa não seja um mero nome pronunciado rotineiramente, mas uma companhia palpável empenhada a sustentar a voz que se eleva do coração da Esposa: «Vinde, Senhor!»
Quando uma mão se estende para fazer o bem ou tornar próximo o amor de Cristo, para limpar uma lágrima ou fazer companhia a alguém na solidão, para indicar a estrada a um extraviado ou reanimar um coração já despedaçado, para se inclinar sobre uma pessoa caída ou ensinar um sedento da verdade, para oferecer o perdão ou guiar para um novo começo em Deus… sabei que o Papa vos acompanha e sustenta e, sobre a vossa mão, apoia também ele a sua já velha e enrugada mas, por graça de Deus, ainda capaz de sustentar e encorajar.
A minha primeira palavra é de ação de graças a Deus pelo dinamismo do Evangelho que consentiu o notável crescimento da Igreja de Cristo nestas terras e permitiu a generosa contribuição que ela ofereceu, e continua a oferecer, à sociedade norte-americana e ao mundo. Vejo com vivo apreço e agradeço comovido a vossa generosidade e solidariedade com a Sé Apostólica e com a evangelização em muitas partes atribuladas do mundo. Alegro-me com o indómito empenho da Igreja em prol da causa da vida e da família, motivo saliente desta minha visita. Sigo atentamente o esforço enorme feito para a recepção e integração dos imigrantes, que continuam a olhar para a América com a visão dos peregrinos que chegaram aqui à procura dos seus promissores recursos de liberdade e prosperidade. Admiro a canseira com que levais por diante a missão educativa nas vossas escolas de todos os níveis e a obra caritativa nas vossas numerosas instituições. São atividades realizadas frequentemente sem qualquer estímulo ou apoio e, em todo o caso, mantidas heroicamente com o óbolo dos pobres, porque tais iniciativas derivam de um mandato sobrenatural a que não é lícito desobedecer. Estou consciente da coragem com que enfrentastes momentos obscuros do vosso percurso eclesial, sem temer autocríticas nem vos poupardes a humilhações e sacrifícios, sem ceder ao temor de vos despojardes de quanto é secundário, contanto que se recuperasse a credibilidade e a confiança requerida aos Ministros de Cristo, como o espera a alma do vosso povo singular. Sei quanto vos pesou a ferida dos últimos anos e acompanhei o vosso generoso esforço para curar as vítimas – conscientes de que, curando, também nós ficamos curados – e para continuar a agir a fim de que tais crimes nunca mais se repitam.
Falo-vos como Bispo de Roma, já na velhice, chamado por Deus, duma terra que também é americana, a fim de guardar a unidade da Igreja universal e encorajar na caridade o percurso de todas as Igrejas particulares para que progridam no conhecimento, na fé e no amor de Cristo. Lendo os vossos nomes e sobrenomes, observando as vossas feições, conhecendo a medida alta da vossa consciência eclesial e sabendo da veneração que sempre nutristes pelo Sucessor de Pedro, devo dizer que não me sinto um estrangeiro no meio de vós. De facto, sou oriundo duma terra – também ela vasta, ilimitada e por vezes informe – que, à semelhança da vossa, recebeu a fé da bagagem dos missionários. Conheço bem o desafio de semear o Evangelho no coração de homens, originários de mundos diferentes, muitas vezes endurecidos pela estrada dura percorrida antes de se estabelecerem. Não me é estranha a história da fadiga de implantar a Igreja entre planícies, montanhas, cidades e subúrbios dum território frequentemente inóspito, onde as fronteiras sempre são provisórias, as respostas óbvias não duram e a chave de entrada requer a capacidade de saber combinar o esforço épico dos pioneiros exploradores com a prosaica sabedoria e resistência dos sedentários que supervisionam o espaço alcançado. Como cantou um poeta vosso, «asas fortes e incansáveis», mas também a sabedoria de quem «conhece as montanhas».1
Não sou o único a falar-vos. A minha voz coloca-se em continuidade com tudo aquilo que os meus Antecessores vos deram. Com efeito, desde os alvores da «nação americana», quando após a revolução foi ereta a primeira diocese em Baltimore, a Igreja de Roma esteve sempre próxima de vós e nunca vos faltou a sua assistência constante e o seu encorajamento. Nas últimas décadas, visitaram-vos três dos meus venerados Antecessores, confiando-vos um notável património de doutrina ainda hoje actual, a que vos tendes inspirado para orientar os clarividentes programas pastorais com que é guiada esta amada Igreja.
Não é minha intenção traçar um programa ou delinear uma estratégia. Não vim para vos julgar ou dar lições. Confio plenamente na voz d’Aquele que «vos ensinará tudo» (Jo 14, 26). Consenti-me apenas de vos poder falar, com a liberdade do amor, como um irmão entre irmãos. Não me preme dizer-vos o que fazer, porque sabemos todos o que nos pede o Senhor. Prefiro antes voltar uma vez mais sobre aquela fadiga – antiga e sempre nova – de nos interrogarmos acerca dos caminhos a percorrer, dos sentimentos que se devem preservar enquanto se trabalha, do espírito com que agir. Sem a pretensão de ser exaustivo, partilho convosco algumas reflexões que considero oportunas para a nossa missão.
Somos bispos da Igreja, pastores constituídos por Deus para apascentar o seu rebanho. A nossa maior alegria é ser pastores, nada mais do que pastores, de coração indiviso e entrega irreversível de nós mesmos. É preciso guardar esta alegria, não deixando que no-la roubem. O maligno ruge como leão procurando devorá-la, desgastando assim tudo aquilo que somos chamados a ser, não para nós mesmos, mas o oferecer em dom e ao serviço do «Pastor das nossas almas» (cf. 1 Pd 2, 25).
A essência da nossa identidade deve ser procurada no rezar com assiduidade, no pregar (Act 6, 4) e no apascentar (Jo 21, 15-17; Act 20, 28-31).
Não uma oração qualquer, mas a união familiar com Cristo, durante a qual cruzemos diariamente o nosso olhar com o d’Ele para ouvir, dirigida a nós, a sua pergunta: «Quem é minha mãe? Quem são os meus irmãos?» (cf. Mc 3, 31-34). E poder-Lhe responder serenamente: «Senhor, aqui está a tua Mãe, aqui estão os teus irmãos! Entrego-os a Ti, são aqueles que me confiaste». É de tal confidência com Cristo que se alimenta a vida do pastor.
Não uma pregação de doutrinas complicadas, mas o anúncio jubiloso de Cristo, morto e ressuscitado por nós. O estilo da nossa missão suscite em todos os nossos ouvintes a experiência do «por nós» deste anúncio: a Palavra dê sentido e plenitude a cada fragmento das suas vidas, os Sacramentos nutram-nos com aquele alimento que não está ao alcance deles, a proximidade do pastor desperte neles a saudade do abraço do Pai. Velai para que o rebanho encontre sempre no coração do pastor aquela reserva de eternidade que, afanosamente mas em vão, procura nas coisas do mundo. Encontre sempre nos vossos lábios o apreço pela capacidade de fazer e construir, na liberdade e na justiça, a prosperidade de que é pródiga esta terra. Mas não falte a coragem serena de confessar que «é preciso trabalhar, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27).
Não se apascentar a si mesmo, mas saber esconder-se, diminuir, descentralizar-se, para alimentar de Cristo a família de Deus. Velar indomitamente, subindo alto para abarcar, com o olhar de Deus, o rebanho que só a Ele pertence. Elevar-se à altura da cruz de seu Filho, o único ponto de vista que abre ao pastor o coração do seu rebanho.
Não olhar para baixo no próprio eu, mas sempre para os horizontes de Deus, que ultrapassam tudo o que nós somos capazes de prever ou planificar. Velar também sobre nós para fugirmos da tentação do narcisismo, que cega os olhos do pastor, torna irreconhecível a sua voz, e estéril o seu gesto. Nos múltiplos caminhos que se abrem à vossa solicitude pastoral, lembrai-vos de conservar indelével o núcleo que unifica todas as coisas: «a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 31-45).
Certamente é útil ao bispo possuir a clarividência do líder e a esperteza do administrador, mas decaímos inexoravelmente quando confundimos a potência da força com a força da impotência, através da qual Deus nos redimiu. Ao bispo, é necessária a lúcida percepção da batalha entre a luz e as trevas, que se combate neste mundo. Ai de nós, porém, se fizermos da cruz um vexilo de lutas mundanas, ignorando que a condição da vitória duradoura é deixar-se trespassar e esvaziar-se de si mesmo (Flp 2, 1-11).
Não nos é alheia a angústia dos primeiros Onze, fechados dentro das próprias paredes, atónitos e consternados, habitados pelo susto das ovelhas dispersas porque o Pastor fora ferido. Mas sabemos que nos foi dado um espírito de coragem e não de timidez. Por isso, não nos é lícito deixar paralisar pelo medo.
Bem sei que são numerosos os vossos desafios, muitas vezes é hostil o campo onde semeais e não são poucas as tentações de fechar-se, no recinto dos medos, a lenir as feridas, recordando um tempo que não volta e planificando respostas duras às resistências já ásperas.
E, todavia, somos defensores da cultura do encontro. Somos sacramentos vivos do abraço entre a riqueza divina e a nossa pobreza. Somos testemunhas do abaixamento e condescendência de Deus que Se antecipa, no amor, à nossa primeira resposta.
O diálogo é o nosso método, não por astuciosa estratégia, mas por fidelidade Àquele que nunca Se cansa de passar e repassar pelas praças dos homens até às cinco horas da tarde a fim de lhes propor o seu convite de amor (Mt 20, 1-16).
Por isso, o caminho a seguir é o diálogo entre vós, diálogo nos vossos presbitérios, diálogo com os leigos, diálogo com as famílias, diálogo com a sociedade. Não me cansarei jamais de vos encorajar a dialogar sem medo. Quanto mais rico for o património que tendes para partilhar desassombradamente, tanto mais eloquente há-de ser a humildade com que o deveis oferecer. Não tenhais medo de efectuar o êxodo que é necessário em cada diálogo autêntico. Caso contrário, não é possível entender as razões do outro, nem compreender profundamente que o irmão que devemos encontrar e resgatar, com a força e a proximidade do amor, conta mais do que as posições que, apesar de certezas autênticas, julgamos distantes das nossas. A linguagem dura e belicosa da divisão não fica bem nos lábios do pastor, não tem direito de cidadania no seu coração e, embora de momento pareça garantir uma aparente hegemonia, só o fascínio duradouro da bondade e do amor é que permanece verdadeiramente convincente.
É preciso deixar que ressoe perenemente no nosso coração a palavra do Senhor: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito» (Mt 11, 29). O jugo de Jesus é jugo de amor e, por isso, é premissa de restauração. Às vezes pesa-nos a solidão das nossas fadigas e carregamos de tal modo o jugo que já não nos recordamos de o ter recebido do Senhor. Parece-nos apenas nosso e, consequentemente, arrastamo-nos como bois cansados no campo árido, ameaçados pela sensação de ter trabalhado em vão, esquecidos da plenitude de restauração ligada indissoluvelmente Àquele que nos fez a promessa.
Aprender de Jesus, melhor ainda, aprender Jesus manso e humilde; entrar na sua mansidão e humildade através da contemplação do seu agir. Introduzir as nossas Igrejas e o nosso povo, muitas vezes esmagado pela rígida ansiedade de sucesso, na suavidade do jugo do Senhor. Recordar que a identidade da Igreja de Jesus é assegurada, não por um «fogo do céu que consuma» (cf. Lc 9, 54), mas pelo calor secreto do Espírito que «sara quanto é moléstia, o que há de dureza abranda, endireita o desvairado».
A grande missão que o Senhor nos confia, realizamo-la em comunhão, de forma colegial. O mundo já está tão dilacerado e dividido; a fragmentação está presente por todo o lado. Por isso a Igreja, «túnica inconsútil do Senhor», não pode deixar-se desagregar, tornar-se facção ou objecto de disputa.
A nossa missão episcopal é, primariamente, a de cimentar a unidade, cujo conteúdo é determinado pela Palavra de Deus e pelo único Pão do Céu, com os quais cada uma das Igrejas que nos estão confiadas permanece Católica, porque aberta e em comunhão com todas as Igrejas particulares e com a de Roma que «preside na caridade». Portanto, é um imperativo velar por tal unidade, guardá-la, favorecê-la, testemunhá-la como sinal e instrumento que, para além de qualquer barreira, une nações, raças, classes, gerações.
O Ano Santo da Misericórdia, já iminente, ao introduzir-nos na profundidade inexaurível do Coração divino onde não habita qualquer divisão, seja para todos uma ocasião privilegiada para reforçar a comunhão, aperfeiçoar a unidade, reconciliar as diferenças, perdoar-se uns aos outros e superar qualquer facção, de modo que assim brilhe a vossa luz como «a cidade situada sobre um monte» (Mt 5, 14).
Este serviço à unidade é particularmente importante para a vossa amada nação, cujos vastíssimos recursos materiais e espirituais, culturais e políticos, históricos e humanos, científicos e tecnológicos impõem responsabilidades morais consideráveis num mundo transtornado que fadigosamente procura novos equilíbrios de paz, prosperidade e integração. Deste modo faz parte essencial da vossa missão oferecer aos Estados Unidos da América o fermento humilde e poderoso da comunhão. Saiba a humanidade que o facto de ser habitada pelo «sacramento de unidade» (Lumen gentium,1) é garantia de que o seu destino não é o abandono e a desagregação.
Tal testemunho é um farol que não pode apagar-se. De facto, na fita escuridão da vida, os homens precisam de se deixar guiar pela sua luz, para terem a certeza do porto que os espera, estarem seguros de que as suas barcas não se despedaçarão contra os escolhos, nem acabarão à mercê das ondas. Por isso encorajo-vos a enfrentar os problemas desafiadores do nosso tempo. No fundo de cada um deles, está sempre a vida como dom e responsabilidade. O futuro da liberdade e dignidade da nossa sociedade depende da forma como soubermos responder a tais desafios.
A vítima inocente do aborto, as crianças que morrem de fome ou debaixo das bombas, os imigrantes que acabam afogados em busca dum amanhã, as pessoas idosas ou os doentes que olhamos sem interesse, as vítimas do terrorismo, das guerras, da violência e do narcotráfico, o meio ambiente devastado por uma relação predatória do homem com a natureza… em tudo isto está sempre em jogo o dom de Deus, do qual somos administradores nobres mas não patrões. Por conseguinte, não é lícito iludir ou silenciar. De importância não menor é o anúncio do Evangelho da família que, na iminente Jornada Mundial das Famílias, em Filadélfia, terei ocasião de proclamar com força juntamente convosco e a Igreja inteira.
Estes aspectos irrenunciáveis da missão da Igreja pertencem ao núcleo daquilo que nos foi transmitido pelo Senhor. Por isso, temos o dever de os guardar e comunicar, mesmo quando o sentimento do tempo se torna impermeável e hostil a tal mensagem (Evangelii gaudium, 34-39). Encorajo-vos a oferecer, com os instrumentos e a criatividade do amor e com a humildade da verdade, tal testemunho. Este precisa não só de proclamações e anúncios externos, mas também de conquistar espaço no coração dos homens e na consciência da sociedade.
Para isso, é muito importante que a Igreja nos Estados Unidos seja também um lar humilde que atrai os homens pelo fascínio da luz e o calor do amor. Como pastores, conhecemos bem a escuridão e o frio que ainda existe neste mundo, a solidão e o abandono de tantas pessoas – mesmo onde abundam os recursos de comunicação e as riquezas materiais – o medo face à vida, os desesperos e as suas múltiplas fugas.
Por isso, só uma Igreja que saiba reunir à volta do fogo do lar permanece capaz de atrair. Certamente não qualquer fogo, mas o que se acendeu na manhã de Páscoa. É o Senhor ressuscitado que continua a interpelar os pastores da Igreja através da voz tímida de muitos irmãos: «Tendes alguma coisa para comer?» Torna-se necessário reconhecer a sua voz, como fizeram os Apóstolos na margem do mar de Tiberíades (Jo 21, 4-12). E mais decisivo ainda se torna render-se à certeza de que as brasas da sua presença, acesas no fogo da paixão, precedem-nos e jamais se apagarão. Definhando tal certeza, corre-se o risco de nos tornarmos, ao contrário, cultores de cinzas e não guardiões e dispensadores da verdadeira luz e do calor que pode aquecer o coração (Lc 24, 32).
Antes de concluir estas reflexões, permiti ainda que vos faça duas recomendações que me estão a peito. A primeira tem a ver com a vossa paternidade episcopal. Sede pastores próximos das pessoas, pastores próximos e servidores. Esta proximidade manifeste-se de forma especial para com os vossos sacerdotes. Acompanhai-os para continuarem a servir Cristo com coração indiviso, porque só a plenitude enche os ministros de Cristo. Peço-vos, portanto, que não os deixeis contentar-se com meias medidas. Cuidai das suas fontes espirituais, para que não caiam na tentação dos notários e burocratas, mas sejam expressão da maternidade da Igreja que gera e faz crescer os seus filhos. Velai para que não se cansem de se levantar para responder a quem bate à porta de noite, mesmo quando se pensa já ter direito ao repouso (Lc 11, 5-8). Treinai-os a fim de estarem preparados para deter-se, debruçar-se, deitar bálsamo, tomar a seu cuidado e gastar-se a favor de quem, «por acaso», se encontrou despojado de quanto julgava possuir (Lc 10, 29-37).
A minha segunda recomendação diz respeito aos imigrantes. Peço desculpa se falo em causa que de certo modo vos é própria. A Igreja dos Estados Unidos conhece, como poucas, as esperanças dos corações dos peregrinos. Desde sempre aprendestes a sua língua, sustentastes a sua causa, integrastes as suas contribuições, defendestes os seus direitos, favorecestes a sua busca da prosperidade, conservastes acesa a chama da sua fé. Mesmo agora nenhuma instituição americana faz mais pelos imigrantes do que as vossas comunidades cristãs. Neste momento, tendes esta longa vaga de imigração latina que investe muitas das vossas dioceses. Não só como Bispo de Roma, mas também como pastor vindo do Sul, sinto a necessidade de vos agradecer e encorajar. Talvez não vos seja fácil ler a sua alma; talvez vos sintais desafiados pela sua diversidade. Sabei, no entanto, que também possuem recursos para partilhar. Por isso, acolhei-os sem medo. Oferecei-lhes o calor do amor de Cristo e decifrareis o mistério do seu coração. Estou certo de que, mais uma vez, estas pessoas enriquecerão a América e a sua Igreja.
Deus vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!
http://www.padrescasados.org/archives/38203/discurso-do-papa-aos-bispos-dos-estados-unidos/
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