O Papa Francisco preside na manhã deste domingo 29 de junho, na basílica de São Pedro, à Missa da solenidade de São Pedro e São Paulo, com a imposição a 24 arcebispos provenientes de todo o mundo do “pálio”, insígnia litúrgica símbolo da respetiva dignidade e jurisdição, a exercer em comunhão com o Papa e a Igreja de Roma. A celebração teve início às 9h30.
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Segundo a tradição, está presente uma Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla. Também o Patriarcado de Moscovo está de algum modo representado pelo respetivo Coro Sinodal, que neste sábado à tarde, na Capela Sistina, animou um concerto espiritual, conjuntamente com o coro da Capela Sistina, que colabora também na celebração deste domingo.
Na homilia, partindo da primeira Leitura, dos Atos dos Apóstolos, que refere a experiência de Pedro, libertado da cadeia por intervenção do Senhor, o Papa Francisco insistiu na questão do medo e na busca de refúgios e protecções.
Pedro verifica que lhe caiem as cadeias que o prendiam e que a porta da prisão se abre sozinha. Pedro dá-se conta de que o Senhor o «arrancou das mãos de Herodes».
dá-se conta de que Deus o libertou do medo e das cadeias. Sim, o Senhor liberta-nos de todo o medo e de todas as cadeias, para podermos ser verdadeiramente livres.
Este facto – comentou o Papa - aparece bem expresso nas palavras do refrão do Salmo Responsorial: «O Senhor libertou-me de todos os medos».
Aqui está um problema que nos toca: o problema do medo e dos refúgios pastorais. Pergunto-me: Nós, amados Irmãos Bispos, temos medo? De que é que temos medo? E, se o temos, que refúgios procuramos, na nossa vida pastoral, para nos pormos a seguro?
Procuramos porventura o apoio daqueles que têm poder neste mundo? – interrogou-se o Papa. Ou deixamo-nos enganar pelo orgulho que procura compensações e agradecimentos, parecendo-nos estar seguros com isso?
Caros irmãos bispos: Onde pomos a nossa segurança? O testemunho do apóstolo Pedro lembra-nos que o nosso verdadeiro refúgio é a confiança em Deus: esta afasta todo o medo e torna-nos livres de toda a escravidão e de qualquer tentação mundana.
O exemplo de São Pedro desafia-nos a verificar a nossa confiança no Senhor – observou o Papa, que prosseguiu comentando o Evangelho segundo S. João em que Jesus por três vezes interpela o primeiro dos Apóstolos perguntando-lhe se o ama deveras. E confirma-o na missão de pastor do seu rebanho.
E aqui desaparece o medo, a insegurança, a covardia. Pedro experimentou que a fidelidade de Deus é maior do que as nossas infidelidades, e mais forte do que as nossas negações. Dá-se conta de que a fidelidade do Senhor afasta os nossos medos e ultrapassa toda a imaginação humana.
Jesus conhece os nossos medos e as nossas fadigas – prosseguiu o Papa. E é por isso que também a nós pergunta se o amamos mesmo. E Pedro indica-nos o caminho: fiarmo-nos d’Ele, que «sabe tudo» de nós, confiando, não na nossa capacidade de Lhe ser fiel, mas na sua inabalável fidelidade.
Jesus nunca nos abandona, porque não pode negar-Se a Si mesmo. Ele é fiel. A fidelidade que Deus, sem cessar, nos confirma também a nós, Pastores, independentemente dos nossos méritos, é a fonte de nossa confiança e da nossa paz.
A concluir, o Santo Padre comentou ainda o final do episódio do evangelho. Perante a pergunta de Pedro sobre o que vai ser de João, Jesus responde simplesmente: “Que tens tu a ver com isso. Segue-me!”
Esta experiência de Pedro encerra uma mensagem importante também para nós, amados irmãos Arcebispos. Hoje, o Senhor repete a mim, a vós e a todos os Pastores: Segue-Me! Não percas tempo em questões ou conversas inúteis; não te detenhas nas coisas secundárias, mas fixa-te no essencial e segue-Me.
(Texto completo da homilia na secção Mensagens e Documentos)
Na oração dos fiéis, a assembleia rezou-se em diversas línguas por variadas intenções: pela Igreja assente na rocha de Pedro (em russo), pelos novos arcebispos metropolitas (português), por todos os povos da terra e seus governantes (chinês), pelas pessoas pobres, solitárias ou idosas (francês) e pelos cristãos em geral (em língua iorubá, que se fala numa parte da Nigéria).
A bênção e imposição do pálio, faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda, teve lugar logo no princípio da celebração. Cada arcebispo, nomeado nos últimos 12 meses, profere um juramento no qual se compromete a ser “sempre fiel e obediente” à Igreja Católica, ao Papa e aos seus sucessores. Dos 24 arcebispos que receberam do Papa o pálio, os únicos lusófonos eram dois brasileiros. Quatro os arcebispos africanos presentes desta vez em São Pedro, provenientes da Nigéria, Malawi, Madagáscar e Tanzânia. Outros três arcebispos vão receber a insígnia nas suas respetivas sedes episcopais, por não se poderem deslocar ao Vaticano. O pálio é feito com a lã de dois cordeiros brancos benzidos pelo Papa na memória litúrgica de Santa Inês, a 21 de janeiro, todos os anos.
FONTE: RADIO VATICANO
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