segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A nova evangelização é um convite a não ficar de braços cruzados

Entrevista com Emili Turú, Superior geral dos Irmãos Maristas e auditor do Sínodo

Casa Geral
A entrevista foi feita por José Antonio Varela Vidal, Zenit. Foi publicada no site da Agência de Notícias ZENIT, em espanhol, no dia 24 de outubro de 2012. Abaixo você encontra a tradução em português.
ROMA, 24 outubro 2012 (ZENIT.org).- Durante os 17 dias que efetivamente durará a 13ª Assembléia geral ordinária do Sínodo dos bispos, há um grupo formado por representantes dos diversos setores da Igreja, da sociedade e de outras crenças. Eles trouxeram suas experiências, ofereceram suas contribuições, mas, principalmente, escutaram... Com isso nos referimos aos “auditores”, que formam um grupo de quase 50 pessoas que oficialmente participam deste importante evento para o futuro da evangelização católica.
Um dos auditores é o Ir. Emili Turú, Superior geral dos Irmãos Maristas, com quem Zenit falou a respeito da sua experiência dentro do anfiteatro sinodal. Ele partilha a sua visão depois de transcorrida a maioria das sessões e a poucos dias do encerramento do Sínodo que será feito pelo Papa Bento XVI, mais especificamente no domingo, dia 28 de outubro.
Fala-se que o Sínodo foi uma oportunidade privilegiada para conhecer novas experiências e para estimular uns aos outros à evangelização, é verdade?Um encontro dessas dimensões é sempre uma grande oportunidade para fazer experiência da riqueza da internacionalidade e da diversidade não apenas da Igreja católica, mas também de outras Igrejas cristãs, pois há uma grande presença de delegações fraternas de outras confissões. Assim, está sendo uma ocasião para conhecer novas experiências e, antes de tudo, para conhecer novas pessoas, muitas delas com uma capacidade excepcional.
Há quem diz que chegou com um tipo de atitude e ideia, e está saindo com outra. É a mesma coisa que se passa com você?Uma vivência como esta não deixa você indiferente. Tudo foi muito intenso e rápido, por isso acredito que vou precisar de certo tempo para digerir e para voltar a refletir sobre alguns pontos que me pareceram especialmente importantes. No meu caso, não penso que se trate de grandes mudanças de atitudes ou ideias, mas muito mais de questionamentos que preciso aprofundar.
Do que se ouviu sobre a nova evangelização, o que lhe parece mais urgente para estes tempos?O mais urgente é que cada um de nós, batizados, levemos a sério a nossa vocação cristã e que a vivamos a fundo, não como uma carga, mas convencidos de que é um caminho que nos conduz à plena realização pessoal. Sermos discípulos de Jesus, chamados a viver em comunidade, testemunhando principalmente a qualidade de sua vida e seu compromisso. E me parece também sumamente importante estarmos atentos aos sinais dos tempos, através dos quais o Espírito nos interpela.
E quais são as práticas que deveriam ser deixadas de lado aos poucos, por falta de resultados ou por não serem aceitas pelas pessoas?Não estou muito certo de que se possa falar de práticas que devam ser abandonadas, mas certamente de atitudes. Por exemplo, a arrogância de se apresentar como pessoas ou instituições que já sabem de tudo, que têm respostas para tudo e que não necessitam aprender com ninguém. A partir da experiência da Igreja dos últimos anos deveríamos aprender a sermos humildes, a buscarmos respeitosamente outras pessoas, dispostos a nos deixarmos evangelizar por elas... O diálogo é fundamental, não como estratégia, mas como atitude básica.
Até onde vão as propostas do Sínodo nestes dias? Há muita expectativa das pessoas por coisas “novas” que serão propostas ao mundo da Igreja...Não me parece realista esperar grandes novidades de um Sínodo, dadas as características de uma reunião desse tipo e da metodologia que utiliza. Eu vejo o Sínodo como um convite a sermos criativos no âmbito local, como um convite a refletir, a rezar, a discernir... e a agir! O Sínodo não terá servido muito, a menos que em cada diocese ou em cada comunidade cristã se comece a questionar o que significa a nova evangelização e a que coisa o Senhor está chamando.
E a mensagem conclusiva?Penso que a mensagem do Sínodo tem um tom global positivo e de ânimo, mas também contém um claro convite a não ficarmos de braços cruzados... Não se trata de buscar o que a Igreja pode fazer por mim, mas o que eu posso fazer pela Igreja.
Como foi visto o tema do ensino?Tenho certeza que houve um nítido reconhecimento das instituições educativas católicas como evidentes espaços da nova evangelização. Alguns bispos disseram muito claramente que, dada a realidade do contexto deles, o ponto de referência mais importante para a evangelização não são as paróquias, mas as escolas católicas. Para muitas crianças e jovens, esta será a única possibilidade de contato com a Igreja. Se dissermos que se deve ir onde estão os jovens... já temos em nossas instituições educativas católicas em torno de 56 milhões de crianças e jovens! Deve-se utilizar, portanto, essa excelente plataforma, sem esquecer os muitos outros jovens que estão fora de nossas instituições, especialmente os que sofrem marginalização.
Houve sugestões?No que se refere às sugestões, penso que será muito importante, se realmente quisermos que nossas instituições de ensino sejam focos da nova evangelização e “átrios dos gentios”, que haja uma adequada formação e acompanhamento de educadores e educadoras.
E no âmbito da vida religiosa?O Sínodo reconhece a importantíssima contribuição da vida consagrada à evangelização, tanto a de antes como a de hoje. Em muitos lugares do mundo, a primeira evangelização se fez pelas mãos de religiosos e religiosas. O que se espera hoje é que continuemos fiéis à nossa missão, tanto para aquilo que somos como para o desenvolvimento dela. De maneira especial, fomos convidados à plena disponibilidade para irmos a lugares de fronteira, seja no aspecto geográfico, social ou cultural... Tomara que sejamos capazes de acolher o desafio!
Estamos comemorando os 15 anos da agência Zenit. Que mensagem teria para os nossos leitores?Os leitores de Zenit são pessoas interessadas na vida eclesial e que, portanto, não penso que necessitam de muitos conselhos. Mas, atrevo-me a lhes formular uma pergunta: a maioria das notícias que vocês recebem se referem a fatos ou pessoas distantes, provavelmente desconhecidas... De que notícia você gostaria de ser protagonista no futuro? E faria ainda uma segunda pergunta: o que o impediria de ser o protagonista desta notícia? Perdão pelo meu atrevimento. Feliz aniversário!

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