segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SITE IRMÃOS MARISTAS DAS ESCOLAS - CLIQUE PARA CONHECER

Bem-vind@ no site oficial dos Irmãos Maristas das Escolas (F.M.S. - Fratres Maristæ a Scholis)
Os Irmãos Maristas são irmãos consagrados a Deus, que seguem Jesus do jeito de Maria, que vivem em comunidade e que se dedicam especialmente à educação das crianças e dos jovens, e com mais carinho aos mais carentes.

Diálogos com nossos idosos

Ir. André de Lalande

 Líbano

É conhecido por Irmão André. Todos, ou seja, milhares de jovens que passaram pelos Irmãos Maristas, em Jounieh e depois em Jbeil, e que o tiveram como professor de história, literatura, filosofia, como ‘vigilante’ ou conselheiro…

Que acha de si mesmo depois de tão longa vida?Toda a criação na sua totalidade vem de Deus e os componentes dessa criação foram projetados, acolhidos por Deus. Eu vejo a minha vida dentro do olhar de Deus sobre mim ... Ele quis que eu vivesse a vida dessa forma. Eu vivi essa vida, e sou feliz por isso...

Quantos anos tinha quando se sentiu chamado a esta vocação?
Tinha dez anos. Um dos nossos Irmãos tinha sido diretor de uma escola na aldeia de Achkout. Depois da guerra de 14-18, em vez de regressar ao seu país, preferiu ir à procura de vocações de religiosos educadores na França ... Em casa éramos 12 ...

Você está no Líbano desde a idade de 10 anos?

Não, a nossa casa de formação estava na Itália, perto de Turim, em Bairo (agora os formandos vão para a Espanha). Eu fui para Bairo com 14 anos para fazer o meu noviciado e aos 15, estava de novo aqui. Eu sempre fui feliz na admiração e no prazer que encontrei junto dos libaneses, contente de ver os seus olhos se iluminarem gradualmente, à medida que eu avançava. E continuo a sentir isso.

Mas você não teve tempo suficiente de se formar para poder ensinar?
Quando eu cheguei, não; tive que esperar, depois da guerra, para voltar a Lyon e, de 1946 a 1952, tirar a licenciatura em literatura, história, e crítica bíblica.

Você não está atualmente na educação. Custa-lhe um bocadinho?

Continuo a ajudar os professores e os alunos.

É duro aposentar-se?

Não, abordam-me pessoas que precisam de mim. Estou feliz por serem sensíveis para o que eu lhes posso proporcionar e sinto-me feliz ajudá-los.

Onde é que você carrega as baterias?

Eu sempre fui um leitor muito ávido de tudo o que diz respeito às religiões. Passei dois anos em Jerusalém com os Dominicanos, com aqueles que se interessam pela Bíblia, sobretudo frei Bento, diretor da Escola Bíblica de Jerusalém ...

Mesmo assim, você deve ter dúvidas!
Nunca. Posso em determinado momento, ter, não dúvidas, mas inquietações...

Você experimentou o fracasso?

Se tive fracassos, não os vivi como tais, mas como meios de viver de outra maneira.

Não teve mesmo momentos de desânimo?
Não, nunca tive. Tive o que eu chamo objeções, perante as quais não tive resposta nem em livros nem em outros lugares.

Isso é simplesmente ter fé?
Um homem cego poderia ter fé. Não, eu não sou cego. Mas eu fui criado numa atmosfera religiosa ...

É uma chance ter fé?
Esta é uma oportunidade que vem de Deus que foi bom para comigo.

Você não tem medo da morte?
Absolutamente. É a porta que se vai abrir para o além.

O Abbé Pierre escreveu em seu livro O Testamento "As pessoas perguntam-me se eu tenho medo de morrer. Ora essa: então eu passei a minha vida inteira esperando para ver a Cristo!
Eu não vivo na expectativa devê-Lo, mas eu sei que no fim de tudo, eu vou vê-Lo.. Eu não tenho nenhuma apreensão.

A presença feminina nunca lhe fez falta?
Eu encontrei no meu caminho amizades fantásticas. Meninas que eu encontrei, abraço-as como se fossem irmãs, sem qualquer problema.
Você não sente o peso dos anos?
Não, não o sinto. É uma graça de Deus. Eu tenho 94 anos. É incrível. Vejo isso como uma espécie de gentileza da parte de Deus e agradeço-Lhe.

De manhã o que é que lhe dá vontade de se levantar?
Eu salto da cama às 4 da manhã e começo a varrer. Dá-me vontade de devorar o dia... yalla, de pé. Sinto-me muito confortável na minha pele. Isso não quer dizer que eu não descanse no fim do dia. Às 22h30 horas vou para a cama.

E quando você se vê ao espelho?
Faz-me rir.

Que último conselho você daria a um dos seus alunos?

Viver. Viver é um verbo. Nada mais: viver!

O que é que isso significa, viver?
Agir, reagir, empreender... Viver… tudo verbos ativos.

O que seria o sagrado?
O que é sagrado, são os atributos de Deus aos quais não se presta atenção. Cumprir perfeitamente aquilo pelo qual se anda cá na terra…Tudo o que é belo, verdadeiro, é em si, sagrado. O sagrado é o máximo de beleza, o máximo da amizade. Deus é todo-poderoso, Ele é a inteligência, a beleza, o amor. Há um dom para compreender a profundidade de um gesto semelhante ao sagrado, o da mulher que deitou dois tostões no tronco das esmolas ...

Na verdade, a conversa não parou aí. Falar com o Irmão André é beber numa fonte inesgotável. Estar com ele é um ensinamento de cada instante e sobre todos os assuntos ... Ao seu lado, sob o olhar de um Deus benevolente, a vida é um rio comprido, generoso, pródigo, otimista... Em cada encontro, o irmão André leva-me crer que a eternidade deve ser semelhante a esse longo e tranquilo rio
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Entrevista tirada do livro de Gisèle Kayata Eid - "Kibarauna: Diálogos com nossos idosos"
Tamyras - Paris & Lebanon 2012, pp. 325-334

Província de L'Hermitage

Assembleia do Movimento Champagnat

 França

Nos dias 27 e 28 de outubro, teve lugar em Notre Dame de l’Hermitage, a Assembleia geral do Movimento Champagnat. Neste ano, foi uma Assembleia ampliada com dois ou três membros de cada Fraternidade, em torno dos animadores e dos Irmãos assessores. Juntaram-se a nós o Ir. Albert André e três membros das Fraternidades da Bélgica. Não seria esse um modo concreto de ampliar o espaço de nossa tenda?
Nossa convidada, Ana Sarrate, do Secretariado dos leigos em Roma, conduziu-nos, entre outros, pelo caminho de nossa vocação de leigos maristas no Movimento Champagnat, através desta pergunta: Como viver “o apelo” em nosso Movimento e como integrar as riquezas do documento “Em torno da mesma mesa”?
Em grupo, nos lançamos desafios para que nossas Fraternidades continuem a ser espaços de partilha de vida. Pep Buetas e o Ir. Miquel Cubeles, do Secretariado provincial “Comunhão Irmãos – Leigos”, encorajaram-nos a tomar o caminho do fórum.
No sábado à noite, fomos arrastados num turbilhão de Power-Points, fazendo-nos viver no movimento, na música e nas cores, as ricas realidades de cada Fraternidade; e, como em toda assembleia, a vigília terminou com outra partilha, aquela das especialidades (guloseimas) sempre abundantes, mas quanto apreciadas!
O certo é que esse encontro anima a cada um, na vivência plena do que o Senhor nos ofereceu : um lugar de vida onde desabrocha o carisma de Marcelino Champagnat, uma Fraternidade onde é bom viver.
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Annie Girka

A nova evangelização é um convite a não ficar de braços cruzados

Entrevista com Emili Turú, Superior geral dos Irmãos Maristas e auditor do Sínodo

Casa Geral
A entrevista foi feita por José Antonio Varela Vidal, Zenit. Foi publicada no site da Agência de Notícias ZENIT, em espanhol, no dia 24 de outubro de 2012. Abaixo você encontra a tradução em português.
ROMA, 24 outubro 2012 (ZENIT.org).- Durante os 17 dias que efetivamente durará a 13ª Assembléia geral ordinária do Sínodo dos bispos, há um grupo formado por representantes dos diversos setores da Igreja, da sociedade e de outras crenças. Eles trouxeram suas experiências, ofereceram suas contribuições, mas, principalmente, escutaram... Com isso nos referimos aos “auditores”, que formam um grupo de quase 50 pessoas que oficialmente participam deste importante evento para o futuro da evangelização católica.
Um dos auditores é o Ir. Emili Turú, Superior geral dos Irmãos Maristas, com quem Zenit falou a respeito da sua experiência dentro do anfiteatro sinodal. Ele partilha a sua visão depois de transcorrida a maioria das sessões e a poucos dias do encerramento do Sínodo que será feito pelo Papa Bento XVI, mais especificamente no domingo, dia 28 de outubro.
Fala-se que o Sínodo foi uma oportunidade privilegiada para conhecer novas experiências e para estimular uns aos outros à evangelização, é verdade?Um encontro dessas dimensões é sempre uma grande oportunidade para fazer experiência da riqueza da internacionalidade e da diversidade não apenas da Igreja católica, mas também de outras Igrejas cristãs, pois há uma grande presença de delegações fraternas de outras confissões. Assim, está sendo uma ocasião para conhecer novas experiências e, antes de tudo, para conhecer novas pessoas, muitas delas com uma capacidade excepcional.
Há quem diz que chegou com um tipo de atitude e ideia, e está saindo com outra. É a mesma coisa que se passa com você?Uma vivência como esta não deixa você indiferente. Tudo foi muito intenso e rápido, por isso acredito que vou precisar de certo tempo para digerir e para voltar a refletir sobre alguns pontos que me pareceram especialmente importantes. No meu caso, não penso que se trate de grandes mudanças de atitudes ou ideias, mas muito mais de questionamentos que preciso aprofundar.
Do que se ouviu sobre a nova evangelização, o que lhe parece mais urgente para estes tempos?O mais urgente é que cada um de nós, batizados, levemos a sério a nossa vocação cristã e que a vivamos a fundo, não como uma carga, mas convencidos de que é um caminho que nos conduz à plena realização pessoal. Sermos discípulos de Jesus, chamados a viver em comunidade, testemunhando principalmente a qualidade de sua vida e seu compromisso. E me parece também sumamente importante estarmos atentos aos sinais dos tempos, através dos quais o Espírito nos interpela.
E quais são as práticas que deveriam ser deixadas de lado aos poucos, por falta de resultados ou por não serem aceitas pelas pessoas?Não estou muito certo de que se possa falar de práticas que devam ser abandonadas, mas certamente de atitudes. Por exemplo, a arrogância de se apresentar como pessoas ou instituições que já sabem de tudo, que têm respostas para tudo e que não necessitam aprender com ninguém. A partir da experiência da Igreja dos últimos anos deveríamos aprender a sermos humildes, a buscarmos respeitosamente outras pessoas, dispostos a nos deixarmos evangelizar por elas... O diálogo é fundamental, não como estratégia, mas como atitude básica.
Até onde vão as propostas do Sínodo nestes dias? Há muita expectativa das pessoas por coisas “novas” que serão propostas ao mundo da Igreja...Não me parece realista esperar grandes novidades de um Sínodo, dadas as características de uma reunião desse tipo e da metodologia que utiliza. Eu vejo o Sínodo como um convite a sermos criativos no âmbito local, como um convite a refletir, a rezar, a discernir... e a agir! O Sínodo não terá servido muito, a menos que em cada diocese ou em cada comunidade cristã se comece a questionar o que significa a nova evangelização e a que coisa o Senhor está chamando.
E a mensagem conclusiva?Penso que a mensagem do Sínodo tem um tom global positivo e de ânimo, mas também contém um claro convite a não ficarmos de braços cruzados... Não se trata de buscar o que a Igreja pode fazer por mim, mas o que eu posso fazer pela Igreja.
Como foi visto o tema do ensino?Tenho certeza que houve um nítido reconhecimento das instituições educativas católicas como evidentes espaços da nova evangelização. Alguns bispos disseram muito claramente que, dada a realidade do contexto deles, o ponto de referência mais importante para a evangelização não são as paróquias, mas as escolas católicas. Para muitas crianças e jovens, esta será a única possibilidade de contato com a Igreja. Se dissermos que se deve ir onde estão os jovens... já temos em nossas instituições educativas católicas em torno de 56 milhões de crianças e jovens! Deve-se utilizar, portanto, essa excelente plataforma, sem esquecer os muitos outros jovens que estão fora de nossas instituições, especialmente os que sofrem marginalização.
Houve sugestões?No que se refere às sugestões, penso que será muito importante, se realmente quisermos que nossas instituições de ensino sejam focos da nova evangelização e “átrios dos gentios”, que haja uma adequada formação e acompanhamento de educadores e educadoras.
E no âmbito da vida religiosa?O Sínodo reconhece a importantíssima contribuição da vida consagrada à evangelização, tanto a de antes como a de hoje. Em muitos lugares do mundo, a primeira evangelização se fez pelas mãos de religiosos e religiosas. O que se espera hoje é que continuemos fiéis à nossa missão, tanto para aquilo que somos como para o desenvolvimento dela. De maneira especial, fomos convidados à plena disponibilidade para irmos a lugares de fronteira, seja no aspecto geográfico, social ou cultural... Tomara que sejamos capazes de acolher o desafio!
Estamos comemorando os 15 anos da agência Zenit. Que mensagem teria para os nossos leitores?Os leitores de Zenit são pessoas interessadas na vida eclesial e que, portanto, não penso que necessitam de muitos conselhos. Mas, atrevo-me a lhes formular uma pergunta: a maioria das notícias que vocês recebem se referem a fatos ou pessoas distantes, provavelmente desconhecidas... De que notícia você gostaria de ser protagonista no futuro? E faria ainda uma segunda pergunta: o que o impediria de ser o protagonista desta notícia? Perdão pelo meu atrevimento. Feliz aniversário!

A esposa de Jesus

Por que a descoberta de um papiro do século IV que sugere a existência de uma mulher de Cristo pode revolucionar o estudo dos primeiros séculos do cristianismo

Rodrigo Cardoso
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CASAL?
O possível relacionamento entre Jesus e Maria Madalena
volta à baila com a revelação desse novo documento
Jesus Cristo nunca esteve tão próximo do altar dos homens quanto agora. Na terça-feira 18 uma respeitada historiadora da Universidade de Harvard, Karen L. King, especialista em cristianismo antigo, apresentou em um congresso no Vaticano, sede do catolicismo mundial, aquele que seria o texto mais antigo a mencionar que o filho de Deus teve uma esposa. Chamado de Evangelho da Esposa de Jesus, um fragmento de papiro do século IV escrito em copta – um idioma egípcio – traz um diálogo entre Cristo e seus discípulos no qual se lê: “Jesus disse a eles: ‘Minha esposa...’. Outros textos apócrifos (aqueles não legitimados pela Igreja Católica) sobre o cristianismo, como o evangelho de Filipe, do século III, já davam a entender que havia uma relação conjugal entre Jesus e Maria Madalena. Em nenhum deles, porém, Cristo fala em primeira pessoa sobre a sua consorte, como ocorre no Evangelho da Esposa de Jesus, que mede oito centímetros de comprimento por quatro de altura.

No documento nota-se, ainda, um diálogo de Cristo sobre o seu discipulado e o papel de sua esposa entre os homens que o seguiam (leia no alto da página). Na primeira linha do papiro, lê-se “Não (para) mim. Minha mãe me deu vi(da...)” e, na terceira, “negar. Maria é digna de... (ou Maria não é digna de...)”. Como a referência à mãe de Jesus é feita na primeira sentença, o arqueólogo Rodrigo Pereira da Silva, professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), afirma que é mais provável que a Maria mencionada no texto seja Maria Madalena e não Maria mãe de Jesus. Silva, que fez pós-doutorado em arqueologia na norte-americana Andrews University, concorda, porém, com a professora Karen, de Harvard. Para ela, o papiro não é prova de que Jesus se casou.
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O documento, segundo ela, seria parte de um livro escrito no século II, ou seja, uma fonte muito tardia em relação aos dias de Cristo na Terra. Corrobora também para a dúvida o fato de, naquele período, uma comunidade de cristãos dissidentes – a maioria de Alexandria, no Egito – ter criado um movimento chamado gnosticismo, marcado pela produção de textos nos quais a figura do Jesus preconizada pelo Novo Testamento pode ter sido modificada para tornar o cristianismo mais palatável ao povo pagão alexandrino. Esse novo Jesus que nascera ali, entre outros traços, não sentia dor nem sofrimento. Ideias como a ressurreição, encarnação e morte expiatória na cruz, que não eram bem-vistas diante dos olhos do mundo grego de Alexandria, ficaram de fora dos textos apócrifos gnósticos, como os evangelhos de Tomé, Judas e Filipe. Também surgiu a necessidade de se criar uma esposa para Cristo para, como pregava o gnosticismo, confirmar a teoria de que espíritos evoluídos estavam sempre em casais e nunca sozinhos.

O evangelho de Filipe, por exemplo, traz fragmentos nos quais se menciona o episódio de um beijo de Jesus em Maria Madalena. “Nessa região e naquela época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento surgido em um ambiente de gnosticismo”, diz o arqueólogo Jorge Fabbro, da pós-graduação em arqueologia do Oriente Médio Antigo da Universidade de Santo Amaro (Unisa). O fragmento apresentado no Vaticano, portanto, estaria se referindo a um outro Cristo, uma divindade maquiada, e não àquele presente no Novo Testamento. Mas qual é o verdadeiro? Não será esse papiro que irá responder. Mas ele lança lenha na fogueira por ser mais um texto, diferente dos que já se tem conhecimento, que aponta para uma possível relação entre Maria Madalena e Jesus.
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Fogueira que também é alimentada por textos reconhecidos como canônicos pelo cristianismo ortodoxo, como o Evangelho de Marcos, o primeiro entre aqueles aceitos pela Igreja a ser escrito. “De repente, Maria Madalena aparece nele como uma figura do círculo mais íntimo de Jesus, sem nunca sequer ter sido mencionada”, afirma Fabbro. “Ela surge na morte de Jesus, ao lado da mãe e da irmã dele, o vê nu, ajuda a ungi-lo e, depois, não mais recebe citações. Isso sugere um elevado grau de intimidade dela com Jesus, maior do que, à primeira vista, transparece nos evangelhos.” O casamento entre os cristãos do século I, porém, era uma possibilidade abençoada. Paulo, por exemplo, cujos textos fazem parte do cânone oficial, menciona líderes da Igreja casados, como Pedro, os apóstolos e os irmãos de Cristo.

Na Israel do século I, nobre não era apenas a pessoa solteira e celibatária. Assim também seria aquela que, mesmo casada, tivesse a coragem de deixar a família em segundo plano para servir ao trabalho de Deus. “Se Jesus fosse casado, seria uma vantagem para ele. Não haveria motivos para os evangelhos bíblicos negarem o fato”, diz o arqueó­logo Silva. Para ele, o Evangelho da Esposa de Jesus é mais um que reforça o fato de que o Cristo histórico não foi casado, uma vez que, se tivesse vivido uma relação marital, a discussão ou menção sobre isso apareceria em livros mais antigos do que os do século II. “Por outro lado, nota-se um silêncio absoluto no século I sobre o fato e uma grande efervescência sobre ele no século II. E foi assim porque o Jesus casado é uma característica de um Cristo construído pela teologia gnóstica.”

Inferir, então, um relacionamento marital entre Jesus Cristo e Maria Madalena é pura especulação. Fabbro, o arqueólogo da Unisa, lembra que alguns cristãos gnósticos acreditavam que, para estarem próximos do que há de melhor no universo, era preciso rejeitar todos os prazeres relacionados ao corpo, como o contato físico por meio do sexo e a glutonaria. “Pregadores itinerantes dessa comunidade viajavam sempre acompanhados do que chamavam de esposa”, diz ele. “Tratava-se de uma espécie de irmã com quem tinham intimidade de convívio, apoio mútuo, mas com celibato.” O Evangelho da Esposa de Jesus, então, pode ser uma manifestação desse costume. Análises químicas da tinta usada no papiro serão feitas para tentar precisar o tempo em que ele foi escrito. E mais capítulos dessa – fascinante para muitos e improvável para outros – história poderão vir à tona.
Fotos: Karen L. King/Harvard Divinity School/AFP PHOTO; Rose Lincoln/Harvard Staff Photographer
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/239621_A+ESPOSA+DE+JESUS

Prepare-se para o Ano da Fé: padre esclarece proposta de Bento XVI

Em meio às incertezas trazidas pela cultura pós-moderna, os católicos terão a oportunidade de refletir sobre suas crenças e convicções religiosas. O Papa Bento XVI instituiu o Ano da Fé, de outubro de 2012 a outubro de 2013, ocasião que deve incitar o redescobrimento da fé católica. Em uma paróquia de Montes Claros (MG), uma escola de formação foi criada para esclarecer e preparar os fiéis para este Ano.
A proposta do Papa é que todo cristão tenha a sua convicção e a sua identidade na fé católica. Diante desse pedido do Santo Padre, o vigário geral da Catedral Metropolitana de Montes Claros (MG), padre José Honório de Andrade, ressaltou um aspecto da personalidade de Bento XVI que ele considera interessante.
“O Papa é um homem audacioso. Num mundo pós-moderno, em que existem várias crises, a crise de identidade, ele nos propõe uma reflexão sobre a fé. É uma riqueza que o Santo Padre, o Papa, concede a todos nós no Brasil e no mundo”, exaltou.
Fé: mistério incompreensível?
Com caráter abstrato, algumas pessoas encaram a fé como algo incompreensível, que permanece apenas no campo da sensibilidade. O padre José Honório, porém, desmistificou esse pensamento.
“Fé não significa que a gente não possa entender. O mistério ‘fidei’ é inteligível, porém ele não se esgota numa simples explicação ou num simples dogma. Ele sempre se revela novo, aberto aos desafios de hoje em que o ser humano, o cristão é chamado a viver. Estar no mundo e, a partir da sua fé, transformar as realidades de morte em esperança e salvação”, explicou.
Fé x cultura atual
Padre José Honório destacou que a fé hoje passa por uma crise e, até mesmo, uma descrença. Ele foi enfático ao dizer que a fé deve ocupar um lugar de destaque pelo fato de ser adquirida por meio de alguém que fala, sobretudo, através de testemunhos. O vigário acredita que a autêntica vivência da fé e o verdadeiro apostolado da missão devem ser despertados nos irmãos. Para que isso aconteça, a comunidade deve fazer com que a voz do Papa seja também a voz do Cristo e a sua própria voz.
O padre complementou citando as formas como os cristãos manifestam sua fé nos dias de hoje: leituras bíblicas, orações, sacramentos e prática. Esta última, de acordo com o sacerdote, trata-se de uma obra social que não é simplesmente caritativa, mas que proporciona ao cristão ver, num irmão que sofre, o próprio Cristo dando a oportunidade para o crescimento e a maturidade na fé.
Escola de Formação em Montes Claros
O padre José Honório está à frente dos módulos ministrados na Escola de Formação “A Fé Católica”, realizada uma vez por mês de fevereiro até outubro deste ano na Catedral Metropolitana de Montes Claros. De acordo com ele, a metodologia utilizada está em sintonia com a Porta Fidei,Carta Apostólica.
“A nossa paróquia está promovendo encontros mensais para despertar nos nossos paroquiandos o verdadeiro sentido da fé e o porquê e o como celebramos os nossos ritos, os nossos sacramentos e, a partir disso, agirmos fora do salão, fora da paróquia, agir no mundo”, contou.
A metodologia utilizada nos encontros é a indicada pelo Vaticano. “Num primeiro ponto, nós estudamos o que o Papa pediu, na Porta Fidei, e agora nós estamos estudando o credo, o sínodo da fé. Aí nós vamos até outubro esmiuçar esse sínodo, o símbolo da fé, para que possamos realmente dizer ‘eu creio nisso, eu sigo isto, eu vivo isto na minha fé'”.