sábado, 1 de agosto de 2015

Tupã abençoe Francisco

Egon Dionísio Heck - Adital
Naquela noite memorável, no calor úmido da Amazônia, se deu o encontro que marcaria as lutas dos povos indígenas nas próximas décadas. O Papa se encontrou com um grupo de lideranças indígenas de todo o país. Ouviu atentamente as falas, interrompidas por longos aplausos. Ao manifestar seu sentimento diante da dura realidade exposta, o fez reconhecendo os povos indígenas como nações. "Assim se respeitará e favorecerá a dignidade e a liberdade de cada um de vocês como pessoa humana e de todos como como um povo e uma nação”. Era 10 de julho, tempo de verão e esperança na Amazônia.

A encíclica Laudato si’ e os pobres da Terra

Marcelo Barros

Adital
Nos Estados Unidos, congressistas republicanos e seus candidatos à presidência tinham feito pressão para que o Papa não publicasse sua encíclica sobre a ecologia. Há alguns meses, grandes empresários e donos de mineradoras, espalhadas por todos os continentes, fizeram um retiro espiritual no Vaticano para mostrar ao Papa que as mineradoras são ecológicas e só extraem minérios da Terra. Não a destroem.
Mesmo alguns cardeais norte-americanos, mais ligados aos senhores do mundo do que aos pobres, expressaram seus receios. Tentaram impedir que, ao falar de Ecologia Ambiental, o papa pusesse o dedo na chaga e tocasse na Ecologia Social.
No entanto, toda pressão, de dentro da própria Igreja e de fora, foi inútil. A encíclica saiu, poética e profética. Começa por retomar o Cântico das Criaturas de São Francisco para confirmar: "a nossa casa comum é como uma irmã, com a qual compartilhamos a existência e é como uma mãe que nos acolhe nos braços” (n. 1). A partir daí, formula o convite insistente a todos para renovar o diálogo sobre o modo como estamos construindo o futuro do planeta (n. 14).

Laudato Si’: a novidade que provoca e agita a agenda ambiental. Entrevista especial com Carlos Rittl

"Deveríamos seguir o conselho do Papa e discutir de forma muito objetiva como podemos cuidar da Amazônia e de nossos recursos naturais para nosso próprio benefício. Mas estamos, como país, muito longe disso. O Governo não tem políticas para a região, exceto os seus grandes planos de infraestrutura, investimentos em agropecuária, nada em bases sustentáveis", alerta o biólogo. 
Imagem: Blog Acorda Amor
Se todos vivemos numa só casa, o Planeta Terra, todos temos de cuidar dele e adotar medidas que garantam a saúde desse lugar e a nossa própria. A frase anterior diz o óbvio, mas por que na prática não é isso que acontece? A preservação do planeta é tema de agenda das discussões internacionais, mas líderes políticos parecem não sair do retórico para pôr em prática o que de fato se precisa fazer para, por exemplo, reduzir a emissão de gases.
Essa falta de ação deixa um vácuo que para o coordenador do Observatório do Clima, Carlos Rittl, é muito bem ocupado pelo Papa Francisco através da Carta Encíclica Laudato Si’. “O Papa acaba por ocupar um vácuo de liderança política nesta agenda, com seu apelo moral sobre meio ambiente e a forma como tratamos o nosso planeta, a ‘nossa casa’”, destaca em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.